Artigo

 

Foi por acaso que me deparei com esse pensamento: "Deixe para trás o que não te leva para frente". No mesmo instante, lembrei-me do que o apóstolo Paulo disse: "esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim".
 
Muitas vezes em nossa vida não vamos adiante, experimentando, assim, o melhor de Deus, porquanto, ainda estamos presos com coisas do passado: uma tristeza, uma decepção, uma ofensa, um pecado, uma mágoa etc. Em outras palavras, não deixamos para trás o que atrasa a nossa vida.
 
De acordo com a mensagem do apóstolo Paulo, a nossa experiência com Jesus, leva-nos a uma gloriosa mudança: "as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo". Assim, entendemos à luz da Palavra de Deus que, o nosso Salvador tem coisas novas para nossa vida.
 
Contudo, precisamos deixar para trás "as coisas velhas" e considerar com o coração aberto o "tudo" que "se fez novo". Somente nesses termos podemos avançar, podemos progredir, podemos ir "para frente". É deixando para trás o que nos amarra que podemos ir mais além.
 
Sim, nem sempre é fácil prosseguir. Mas, há coisas que precisam ser esquecidas de vez. Há coisas que precisam de um ponto final. Há coisas que precisam ser abandonadas, ignoradas e deixadas para trás. `Pois essa é a promessa do Senhor: "E vos darei um coração novo, e porei dentre de vós um espírito novo".
 
Pr. Adriano Xavier Machado

Então é Natal

 
Então é Natal. Não por causa de um velhinho simpático barbudo e barrigudo, mas, sim, em razão de um menino que nos nasceu, de um filho que se nos deu. A Bíblia nos ensina que o Verbo se fez carne, que Deus se fez homem e habitou entre nós. E tudo teve início com uma criança vindo ao mundo.
 
Então é Natal. Não por causa de uma árvore enfeitada de bolinhas coloridas, mas, sim, em razão de uma manjedoura que acolheu o Messias prometido. O Rei dos reis veio ao mundo sem castelos ou berços de ouro. Ele veio ao mundo com humildade e simplicidade, dando-nos, assim, o exemplo de como servir a Deus.
 
Então é Natal. Não por causa de comida, doces e bebidas que enchem as nossas mesas, mas, sim, em razão do Pão da vida e do Sangue da nova aliança. Pois não adianta termos o estômago cheio e a alma vazia, isto é, a alma sedenta, a alma passando fome de paz, alegria e esperança.
 
Então é Natal. Não por causa do entusiasmo e movimentação das lojas e shoppings das cidades, das compras e trocas de presentes ou dos encontros de família, mas, sim, em razão da grande e poderosa obra de Jesus em nossa vida. Jesus é o verdadeiro sentido do Natal.
 
Numa época em que é fácil de se perder o foco do autêntico Natal, tenhamos cuidado para mantermos o nosso olhar em Jesus. Ele, sim, é o presente de Deus para toda a humanidade. Um presente que satisfaz e preenche todo o vazio do coração. Então é Natal. Jesus é o nosso Natal!
 
Pr. Adriano Xavier Machado

A Lei da Semeadura

Há um princípio conhecido, mas que ainda, por muitas vezes, continua sendo ignorado. Trata-se da libertadora e poderosa Lei da Semeadura. Como disse o apóstolo Paulo: “Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6.7).


 
 

Se queremos fazer a diferença, viver o novo, ser mais frutíferos, sem dúvida, temos que semear algo diferente e mais frequentemente. A vida de uma pessoa é resultado daquilo que se plantou. Cada escolha, cada decisão, cada atitude, cada pensamento ou cada palavra são sementes no terreno da existência humana.


 
 

É muito fácil entendermos que, se um agricultor semeou batatas, não há como colher morangos. Da mesma forma, se plantou pêssegos não há como ceifar uvas. Assim é com a vida. Somos fruto das sementes que lançamos ao longo do caminho. Somos resultado daquilo que cultivamos. O que colhemos é o que foi semeado.


 
 

Elifaz, um dos amigos de Jó, constatou: “Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo” (Jó 4.8). Já Paulo considerou: “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” (Gálatas 6.9).

Quer seja com Elifaz, quer seja com o apóstolo Paulo, fica muito claro o princípio da Lei da Semeadura no campo moral e espiritual. Não adianta querermos fechar os olhos para isso. Faz parte do processo, da natureza e do equilíbrio da vida. Não há atalhos. Colhemos o que plantamos!


 
 

Portanto, devemos assumir o propósito de semear o que é bom. Devemos semear a graça e o amor de Cristo. A vida é semeadura e cada semente lançada no percurso de nossa jornada, brota e cresce, germina e floresce. Se tivermos sabedoria, escolheremos as melhores sementes, escolheremos as coisas excelentes.


 
 

“O Reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica; primeiro, a erva, depois, a espiga, e, por último, o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa” (Marcos 4.26-28).


 
 

Em Sua parábola, Jesus destaca a transformação que a semente sofre quando lançada em terra. Vem primeiro a erva, depois a espiga e por fim o grão abundante na espiga. Ah, como o agricultor se alegra com o resultado. É algo nesse sentido que o Senhor quer nos conceder. “Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará,sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Salmos 126.5,6).


 
 

Então, semeemos. Espalhemos sementes. Façamos isso com constância e perseverança. É tempo de viver as novas do evangelho, é tempo de cultivar o que Deus tem de melhor para nós! Não poupemos esforços.“E digo isto: Que o que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará” (2 Coríntios 9.6).


 
 

Pode não ser muito fácil esse processo, contudo, o retorno é certo e seguro. Deus nos abençoará nessa empreitada.“Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que enviei” (Isaías 55.10,11).


 
 

Pr. Adriano Xavier Machado

Mantendo o Foco

A vida cristã é como uma caminhada. Quem caminha olha para frente, sabendo aonde quer chegar, seguindo a direção determinada, mantendo o foco. Uma das coisas mais tristes na vida de uma pessoa é não ter certeza para onde está indo. Quando alguém se encontra nessa condição demonstra que algo está faltando, revela que algo está errado.

De acordo com Jesus em João 12.35 “quem anda nas trevas não sabe para onde vai”. Na escuridão do pecado não há referência, não há placa indicativa, não há rumo certo e seguro. Apenas na luz do evangelho da graça de Deus podemos conhecer e trilhar o Caminho da vida, da verdade e paz eternal. E uma vez no Caminho, devemos manter o foco.

Jesus também disse: “Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus” (Lucas 9.62). O que lança mão do arado é aquele que faz uso de um instrumento agrícola que rasga, revolve e prepara a terra para a semeadura. Jesus faz uso dessa figura para indicar que no sentido espiritual devemos manter o foco, para não nos desviarmos do caminho traçado por Deus.

Uma antiga fábula nos fala de uma tartaruga e um coelho que haviam combinado uma corrida. O coelho, certamente, saiu na frente e logo alcançou uma distância considerável. Olhando para trás, percebeu que a tartaruga não lhe ameaçava, então, resolveu parar e dar uma cochilada. Bem, já conhecemos a história. O coelho dormiu tanto que, a tartaruga acabou ganhando a corrida.

A lição que fica é que não se deve titubear. Quem perde o foco fica para trás. No entanto, muitas vezes, vacilamos e nos distraímos. Não ficamos devidamente empenhados nem mesmo centrados naquilo que é essencial. Simplesmente nos perdemos em coisas ou detalhes insignificantes. Quando, na verdade, deveríamos sempre avançar naquilo que nos é proposto.

“É difícil buscar excelência quando você está focado em tantas coisas ao mesmo tempo”,* afirma-se. Por que essa dificuldade? Porque quando alguém está focado em muitas coisas ao mesmo tempo, na verdade, não está focado em nada. Nesse sentido se aplica o ensino de Jesus em Mateus 6.24: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro”.

A excelência da vida cristã, portanto, alcança-se quando o nosso coração não se encontra dividido. Ou nos dedicamos a Jesus ou nos dedicamos ao mundo. Ou amamos a Cristo ou amamos as coisas desta vida. Por isso, Jesus encoraja o discípulo a olhar para frente, sempre avançando, sempre perseverando, sempre persistindo, sempre mantendo o foco.

Em 2 Timóteo 2.4 Paulo assim diz: “Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra”. Em uma metáfora militar, o apóstolo está tratando daquilo que deve ser um objetivo definido e prioritário na vida cristã. Como bons soldados de Cristo, devemos reconhecer o nosso chamado e nisso ficarmos empenhados, ou seja, focados.

Feitas essas considerações, devemos pensar e reconhecer o que tem atrapalhado a nossa vida espiritual. Numa época em que as coisas estão acontecendo num ritmo acelerado e estamos sempre sendo exigidos a fazer mais, que possamos manter o foco. Como diz o hino sacro: “Escuta a voz do bom Jesus: Segue-me, vem, segue-me”. E que a nossa resposta seja: “Sim, meu Jesus, Te seguirei… Por Ti eu tudo deixarei”. Amém!**

Pr. Adriano Xavier Machado
PIB em Fátima do Sul, MS

* RAINER, Thom S. & GEIGER, Eric, Igreja Simples – Retornando ao processo de Deus para fazer discípulos, Tradução de Hilton Figueiredo, Brasília, DF, Palavra , 2011, p. 53.

** Artigo publicado originalmente em https://vigiai.net/artigos/adriano-xavier-a-vida-crista-e-como-uma-cam

Gratidão

 

Se alguém me perguntasse o que na minha opinião demonstra a verdadeira espiritualidade, eu diria que é a gratidão. Pode parecer estranha essa minha resposta, não é mesmo?
 
Paulo, por exemplo, diz que três coisas permanecem: a fé, a esperança e o amor. Ele diz ainda que o amor é maior de todos. Por que então eu diria que a gratidão é a melhor demonstração de espiritualidade?
 
Certamente, não discordo do apóstolo. O amor é tudo. Sem amor não há evangelho, não há esperança, não há salvação. A própria Bíblia ensina que Deus é amor.
 
No entanto, diria que a gratidão é a melhor demonstração de espiritualidade, porque somente quem é grato é capaz de amar. Ou seria, somente quem ama é capaz de ser grato?
 
Seja como for, ainda insistiria na gratidão. Cada dia me convenço mais o quanto precisamos ser gratos por tudo o que Deus tem sido em nossas vidas e por tudo o que Ele tem feito.
 
Somos ricamente abençoados por Deus. Repito, somos abençoados.
 
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”.
 
Contudo, muitas vezes nos esquecemos disso. Então murmuramos, reclamamos e lamentamos. O sentimento muitas vezes é que nada está bom.
 
O problema de tudo é a ingratidão. Temos muita dificuldade em reconhecer as maravilhas que Deus tem feito em nosso favor. Mas, lembremo-nos onde nos encontrávamos.
 
Antes estávamos perdidos, desorientados, sem rumo, sem luz, sem alegria e sem salvação. Hoje? Ah, hoje somos de Jesus. Hoje somos livres do poder e da condenação do pecado.
 
Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito”.
 
Decerto, o Senhor Jesus fez algo maravilhoso e poderoso por nós. E isso nos alegra. Isso nos motiva. Isso nos deixa em espírito de louvor e gratidão.
 
É, de fato, há uma dimensão de poder e graça na gratidão. Portanto, não percamos mais tempo.
 
Louvai ao Senhor... Cantai-lhe, cantai-lhe salmos... gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração daqueles que buscam ao Senhor”.
 
Regozijai-vos sempre... Em tudo dai graças; porque está é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
 
Entende agora por que insisto na gratidão como verdadeira manifestação de espiritualidade?
 
O ingrato nunca reconhece o bem que lhe é feito. Portanto, o ingrato não reconhece o amor, a graça, a misericórdia ou ainda as maravilhas que lhes são concedidas pelo Senhor.
 
O grato, por sua vez, reconhece: “Grandes são as obras do Senhor, procuradas por todos os que nelas tomam prazer”. Portanto, sejamos gratos!!!
 

Pr. Adriano Xavier Machad

Decida Amar

Pelo amor fomos alcançados, libertos do poder do pecado e verdadeiramente salvos. Diante de tão grandioso, poderoso e maravilhoso amor, como não amar?

Mesmo sem merecimento algum, Jesus nos amou. Ele entregou a Sua vida por nós. Ele fez de tudo para ser o nosso Salvador. Em nome do perfeito Amor, tomemos a decisão de amar!

Ainda que o ódio nos cerque, ainda que o mal nos ameace, ainda que só haja injustiça, enfim, ainda que a crueldade nos pressione e nos oprima, que a nossa escolha seja amar!

Deus é amor. E só consegue amar quem é d'Ele. Quem anda e vive em amor, certamente conhece o Deus de amor. Portanto, amemos. Amemos de coração. Amemos de verdade.

Amar é ser de Deus. Amar é conhecer a Deus. Amar é experimentar milagre de Deus.

Aí está o mistério ou o poder do amor: liberta-nos de toda amargura e sombras escuras da alma.

Sim, o amor é luz. O amor é a força do viver. Tudo fica mais leve e 
suave com a graça do amor. O amor cura as feridas. O amor tudo constrói.

Vejamos o exemplo de Jesus. Pendurado no madeiro, rodeado de ódio e injustiça, Ele decidiu amar: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. 

Jesus não praguejou, Jesus não amaldiçoou, mas, simplesmente amou.

Vejamos, também, o exemplo de Estevão. O que ele havia feito de errado? Nada! Por dar testemunho de sua fé, foi rejeitado e apedrejado. Sua reação? “Senhor não lhes imputes este pecado”.

Jesus escolheu amar. Estevão decidiu amar. E eu e você?

Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”.

Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos”. 

Se alguns preferem fazer bico, deixar de falar com o outro, levantar a voz, fazer cara feia, vingar, xingar ou ainda prejudicar, quanto a nós, entreguemos tudo a Deus no amor de Jesus.

Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”, orienta-nos Jesus.

Por que isso? Porque o crente deve decidir pelo amor.

O amor é libertador. O amor é renovo. O amor é poder. O amor é bênção. O amor é vida!

Senhor, ajuda-nos em nossa fraqueza. Que possamos estar transbordando do Seu amor. Que o amor seja o nosso lema, a nossa marca, a nossa força, a nossa vitória e o alicerce de tudo o que somos e fazemos. Assim demonstraremos Deus em nossa vida. Amém!!!

Pr. Adriano Xavier Machado

Apenas Confie

 

Confia em Deus. Não é preciso muito mais do que isso. Certa vez, Jesus argumentou: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?”. Portanto, apenas confie. Deus não falhará.
 
O motivo da nossa ansiedade é a falta de fé. Quando deixamos de confiar, temores, preocupações e angústias tomam conta de nosso ser. O segredo é apenas confiar. E confiar de todo coração.
 
O apóstolo Paulo lembrava: “Mas o justo viverá da fé”. Portanto, não é apenas ter fé, mas viver da fé. O ter é diferente do viver. Alguém pode ter e não desfrutar. Mas, aquele que vive é o que pratica.
 
Diante dos desafios da vida devemos praticar a fé. A verdade é que isso nem sempre é fácil. Contudo, se temos conhecido a Deus, tomaremos a decisão da fé, isto é, ousaremos confiar.
 
Confia do Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos”. Em toda parte das Escrituras o desafio é o mesmo. Então, sigamos o caminho descansando e confiando em Deus.
 
Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado”. Tão simples assim, contudo, complicamos tanto. Quase sempre achamos que temos de fazer mais.
 
Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento”. Ah, mas como é difícil crucificar o próprio ego, a própria sabedoria ou ainda as razões pessoais.
 
Muito do nosso embaraço é pelo fato de continuarmos crendo no nosso próprio pensamento. Acreditamos que podemos ter controle de todas as circunstâncias. Porém, é aí que fracassamos.
 
Não precisamos ter todas as respostas. Não precisamos estar à frente de tudo. Não precisamos ter todos os recursos. Não precisamos ser os mais sábios ou os mais capacitados.
 
Mas uma só, é necessária”, tomando emprestadas as palavras de Jesus. Uma só coisa é suficiente: Não temas; crê somente”. Há apenas uma exigência, porque “sem fé é impossível agradar-lhe”.
 
Ajuda-nos a confiar Senhor. Que possamos aceitar o que Jesus nos ensinou: Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim”. Que assim seja para o louvor de Sua glória!
 

Pr. Adriano Xavier Machado

Pedalando e Perseverando

Pedalar é uma atividade física muito prazerosa. É muito bom sentir o vento, ter a sensação de liberdade, superar desafios e conquistar novos objetivos. Mas, pedalar, também, tem as suas dificuldades, os seus riscos e até os seus dissabores. Aliás, tudo na vida é assim: tem o seu momento de alegria e tem o seu momento de tristeza.

Ainda me lembro quando estava aprendendo a pedalar. Era apenas uma criança querendo brincar com um presente novo. Mas, foram muitas as quedas e os arranhões. Apesar de tudo nunca desistia. Levantava-me do chão, verificava o estado da bicicleta - ficava mais preocupado com a bicicleta do que com a minha integridade física - e lá estava eu novamente pedalando, divertindo-me e passeando com o meu “brinquedinho”. 

A vida pode ser comparada ao ciclismo. Nem sempre é fácil se equilibrar. Nem sempre é fácil prosseguir. Às vezes, os tombos são inevitáveis e as feridas logo aparecem. Contudo, não devemos desistir. “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Romanos 8.18). 

O apóstolo Paulo reconhecia as “aflições deste tempo presente”. Ele não era um cristão inocente ou inexperiente, mas, um cristão vivido, amadurecido e muito realista. Ele mesmo já tinha passado por muitas dificuldades, muitos sofrimentos e derramado muitas lágrimas, mas, apesar de tudo, podia dizer: “para mim tenho por certo”. 

Paulo tinha uma certeza. Ele sabia da dimensão limitada e passageira dos problemas da vida, quando comparada com a dimensão eterna e inesgotável da glória celestial. É essa certeza que fortalece a nossa fé. A glória que em nós há de ser revelada é o que nos motiva, o que nos faz prosseguir e persistir. 

Se olharmos apenas para este século e para os problemas desta vida, não haverá esperança alguma. Por isso o apóstolo tinha a sua visão, não apenas para o “tempo presente”, mas também, e principalmente, para a “glória que em nós há de ser revelada”. Portanto, se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima. Mas na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15.19, 20). 

Se sabemos qual é o nosso verdadeiro rumo e o nosso verdadeiro lugar, sem dúvida, teremos o mesmo sentimento do apóstolo Paulo. A vida hoje até pode ter as suas tristezas, as suas lágrimas e as suas decepções, mas, um dia tudo isso vai acabar. A glória prevalecerá. Logo, o que devemos fazer? Parar de pedalar? Parar de prosseguir? 

Hoje, já adulto, tenho mais domínio sobre a biclicleta. Até arrisco algumas manobras mais ousadas. Quantos aos tombos, bem, não são tão frequentes. O condicionamento físico vai melhorando e a aventura continua. Já pensou se eu tivesse desistido no incicio de tudo? Então, por maior que seja o desafio, nunca devemos desistir. Com certeza “as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”. Amém! 

Pr. Adriano Xavier Machado

Quando Deus Confirma

"Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão"

(Salmos 37.23,24).

A vida nos possibilita muitas direções. Um pequeno rumo, pode mudar tudo. Diante disso, não queremos errar, não queremos fazer escolhas precipitadas.

 
A Bíblia nos diz, que os "passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor". Assim, compreendemos que a vida não precisa ser um jogo arriscado e perigoso. A nossa vida não precisa ser uma "roleta russa".
 
"Os passos de um homem" dizem respeito aos caminhos que seguimos na vida. Quem dá passos segue algum rumo. Quem dá passos deseja chegar a algum lugar.
 
O "homem bom", de acordo com o contexto bíblico, é aquele que se compadece, que empresta, que se aparta do mal e faz o bem.  Ao "homem bom", Deus tem uma promessa: os seus passos "são confirmados".
 
Como sabermos se estamos seguindo o caminho certo na vida?
 
Quando estamos seguindo o caminho certo, Deus confirma, Deus se faz presente para abençoar, para remover todos os empecilhos, para desfazer todos os impedimentos.
 
Quando Deus trabalha a nosso favor  não há barreiras. As portas são abertas tão somente por Sua graça e poder.

Com Deus agindo, o resultado é a alegria. Como diz o texto sagrado, "e ele deleita-se no seu caminho". O contrário disso, certamente, é obra da carne, e, não, do Espírito de Deus.
 
Todo caminho marcado de mágoa, frustração, culpa e feridas na alma, não é o caminho traçado por Deus. Toda obra de Deus é de paz, amor, alegria, esperança e fé.
 

Não significa, necessariamente, seguir um caminho sem turbulência. Já sabemos que Jesus disse que no mundo teríamos tribulações. Contudo, no caminho de Deus, apesar dos desafios e problemas, há deleite para a alma.

Amados, a questão, portanto, é o estado do nosso homem interior.

O caminho pode ser estreito, o caminho pode ser difícil, mas, no temor do Senhor não há falta do gozo divino. Porquanto, sabemos que Deus nos conduz e que a mão do Senhor permanece conosco em todo o tempo. Se tropeçarmos Ele nos levanta e renova as nossas forças para prosseguirmos na jornada que preparou para nós.


Deus é fiel! Deus cumpre com a Sua palavra! Quando Deus confirma, nada nem ninguém poderá impedir!

Deus Pai, Deus de amor, conduza-nos em nossos passos. Não pedimos por facilidades. Mas, desejamos apenas a certeza da Sua verdade, a segurança da Sua vontade. Amém!

Pr. Adriano Xavier Machado

O Evangelho na Vida do Crente

O Evangelho fez algo maravilhoso por nós. Um dia, estivemos na escuridão, em uma terrível perdição. Mas, agora há Luz, há esperança e fé para a salvação. Em Cristo Jesus sabemos qual é o nosso destino, ou seja, o nosso lugar na eternidade. No entanto, o diabo com suas sutilezas e mentiras, tem se esforçado para fazer com que percamos o foco, para, assim, não entendermos a verdadeira glória do Evangelho.

 
O Evangelho de Cristo é poderoso para nos salvar completamente. Deus nos perdoa e nos purifica de todo pecado. E essa obra do Evangelho tem três tempos. Há uma manifestação da graça e do poder divino, tanto em relação ao nosso passado, quanto ao nosso presente e ao nosso futuro. É uma obra divina que alcança toda a nossa história.
 
O primeiro tempo da salvação diz respeito ao que Deus já fez na nossa vida. Um dia, ao ouvirmos de Jesus, estivemos nos arrependendo dos nossos pecados e depositando a nossa fé para a salvação somente em Jesus. Foi nesse momento que o nosso nome foi escrito no Livro da Vida e passamos pela maravilhosa experiência do novo nascimento.
 
O segundo tempo da salvação é reconhecido como o processo de santificação. Fomos salvos, mas continuamos crescendo espiritualmente, continuamos aprendendo a depender da graça divina, continuamos a ser aperfeiçoados no amor de Cristo. Aqui percebemos claramente a luta entre a carne e o espírito.
 
Mas, aleluia, glórias a Deus, ainda há mais um tempo, o terceiro tempo da salvação, quando então, por ocasião da vinda de Jesus, receberemos um novo corpo, isto é, a nossa glorificação. Por essa ocasião, não haverá mais corrupção, pecado ou qualquer maldição. Estaremos pessoalmente e para sempre com o Senhor Jesus.
 
O crente já foi salvo, mas, lembrando, ele também continua sendo salvo dos seus pecados. Essa salvação não ocorre com a prática das boas obras, tais como jejum, orações ou qualquer serviço religioso ou humanitário, mas, sim, pela obra do Calvário. Pelas obras ninguém será salvo, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8,9). Portanto, o Evangelho de Cristo é para todos, inclusive, para a Igreja do Senhor.
 
Nos dias de hoje tem havido uma crise na pregação da Igreja. Fala-se de muitos assuntos, temas e ensinos, mas, onde está a Cruz de Jesus? Onde se encontra a obra Redentora de Cristo na vida do crente? Alguns já chegaram a triste conclusão de que o Evangelho é apenas para o mundo perdido, o que de fato, é um erro gravíssimo e até diabólico.
 
 A obra do Evangelho de Cristo é uma obra contínua na vida do crente. É verdade que algo já aconteceu, mas, algo continua acontecendo e, ainda, acontecerá na vida do crente. “O justo viverá da fé” (Romanos 1.17). O justo é quem já foi justificado em Cristo. Portanto, nós que já fomos justificados em Cristo, devemos continuar firmes no Evangelho, dependendo sempre da obra do Calvário, confiando de coração no sangue de Jesus para o perdão, a purificação e o encontro com o Senhor no dia final. Que o Senhor nos ajude. Amém.
 
Pr. Adriano Xavier Machado

Não Basta Ser Chamado...

 
Jesus já disse que muitos são chamados, mas poucos os escolhidos (Mateus 22.14). Muita coisa pode ser dita com tal afirmação do Mestre. Mas, pensemos aqui em relação ao chamado ministerial. Deus é quem chama, capacita e envia homens e mulheres para a Sua seara. No Antigo Testamento, por exemplo, dentre os muitos que foram vocacionados por Deus, vemos Saul e Davi. Ambos foram ungidos do Senhor. Ambos faziam parte dos planos e projetos de Deus. Ambos deram as suas contribuições na vida do povo de Israel. E ambos tiveram as suas falhas.
 
Na carreira ministerial nem sempre iremos acertar. De uma forma ou de outra sempre erramos. Mas, como estamos lidando com essa questão? Um dos piores erros na vida de um ministro é não reconhecer o próprio erro. Mas, o pior de todos é arrastar outros ao erro que se comete. Saul foi um líder que não queria afundar sozinho. Davi, por outro lado, não queria se posicionar de um modo em que a sua vida fosse um tropeço na vida do povo de Deus.
 
A liderança de Saul e Davi lembra muito uma parte do filme Anjos da Vida: mais bravos que o mar, quando Ben Randall, um legendário nadador de resgate da guarda costeira americana, interpretado por Kevin Costner, e sua esposa Helen Randall, interpretada por Sela Ward, concede a ela uma carta de divórcio, com a seguinte explicação:
 
"_ Eu fiz um resgate algum tempo. Um casal se afogava. Quando eu cheguei lá o marido estava fazendo a esposa afundar, tentando se manter na superfície, por extinto de sobrevivência. Eu levei, eu levei algum tempo para entender que, aquele homem era eu".

Saul não reconheceu que estava afundando o povo de Israel com os seus pecados. Davi, ao reconhecer o pecado em sua vida, fez uma quebrantada confissão, demonstrando sincero arrependimento. Assim, Saul foi rejeitado por Deus, mas, Davi aceito pelo Senhor, pois demonstrou com sua humildade e reparação ser um "homem segundo o coração de Deus". Não basta ser chamado, é preciso cumprir a vocação nos caminhos do Senhor.

Recentemente tomamos conhecimento de uma família que precisava muito de apoio espiritual. Soubemos ainda que a liderança de uma determinada igreja só aceitaria fazer uma oração na casa daquela família caso uma oferta de setecentos reais fosse feita. Será que esse é mesmo o caminho do Senhor? Sabemos que não! De graça recebemos e de graça temos que dar (Mateus 10.8). Mas, será que temos reconhecido os nossos próprios desvios? Não faz muito tempo um pastor dizia de púlpito que não pregava sobre a morte de Jesus, pois acreditava que a Sua ressurreição era mais importante do que a mensagem da Cruz. Será que esse argumento representa de fato o evangelho de Cristo?

Não basta ser chamado, é preciso seguir as veredas da justiça, da santidade e do amor. O caráter é mais importante do que os dons e talentos. A integridade é mais do que a posição social. Saul foi chamado, mas ele se perdeu no meio do caminho. Davi, também foi chamado e se perdeu no meio do caminho. Todavia, ele permitiu ser tratado por Deus. Ele permitiu ser reconduzido à sua vocação segundo o chamado de Deus. E quanto a nós?

Sigamos a recomendação paulina: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" ( 2 Timóteo 2.15). Não basta ser chamado, tem que ser aprovado por Deus! E para isso é preciso aceitar os métodos de Deus em tudo. É preciso ter a mente de Cristo e os procedimentos que manifestem o Reino de Deus em tudo e para com todos. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Jesus é Mesmo Tudo Para Nós?

O que realmente é importante para nós? Tão facilmente dizemos que o Senhor é tudo, o maior e o melhor tesouro, mas, será que na prática isso é verdade? Quantas vezes não estamos mais interessados em elogios, aplausos e reconhecimentos do mundo, do que na autêntica vontade de Deus para a nossa vida? Pode parecer exagero, mas temos dificuldades de consultar ao Senhor em oração e, assim, conhecermos e reconhecermos o que Ele tem para nós, o que Ele quer de nós. Temos uma cultura que valoriza o poder, o dinheiro, a posição e o status social. Por isso ainda há muita competição, politicagem e atitudes duvidosas no meio cristão. E aí vem mais uma vez a pergunta: o que de fato é importante para nós?

 
Se Deus é tudo mesmo na nossa vida, logo, com Ele, em Sua presença santa, teremos o sentimento de propósito, satisfação e realização. Quando conferimos nas Escrituras a vida e o ministério do apóstolo Paulo, podemos perceber que ele passou por muitos momentos difíceis, sejam perseguições, prisões, açoites e tantas outras hostilidades. O que ele aprendeu com tudo isso? O que Deus lhe ensinou? "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Assim, como foi com o apóstolo, não é diferente conosco. Jesus tem que ser tudo na nossa vida. E será que o apóstolo aprendeu bem essa lição? "De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo".
 
O apóstolo Paulo aprendeu que, apesar das lutas e aflições, apesar dos dolorosos espinhos em sua carne, ainda assim valia a pena se alegrar em tudo, para que Cristo fosse tudo em sua vida. Estamos dispostos a aprender isso? Difícil é passar por essa aula. Aprender essa lição na prática não é nada fácil. Contudo, se estivermos dispostos de coração a aprender o que Deus tem para nós, através do Seu Espírito Santo, seremos capacitados, iluminados e sustentados. Talvez até pensemos em desistir do curso divino, todavia, as nossas forças se renovarão e aprenderemos o que o Senhor deseja nos ensinar: Jesus em nós é suficiente!
 
No passado, muitas igrejas cantavam: "É bastante pra mim a Tua graça. Receber a Salvação e o Teu perdão. É maravilhoso saber que, para sempre com Jesus vou viver. É bastante pra mim a Tua graça...". Nos dias de hoje, o que as igrejas estão cantando? É algo que transmite a mesma verdade, a mesma visão e o mesmo coração do evangelho? Ou é algo que nos leva para longe disso? Amados, ou Jesus é tudo ou Ele não é nada em nós. Quando compreendemos isso, abrimos mão de tudo somente por Ele. Quando aprendemos que o verdadeiro tesouro é Cristo, o que importa mesmo não é a nossa reputação diante dos homens, mas, sim, diante de Deus.

Diz o ditado popular que é "impossível agradar a gregos e troianos". No entanto, quantas vezes tentamos satisfazer o espírito e ao mesmo tempo a carne, o Reino, mas, também o mundo, os interesses do Senhor, mas igualmente os nossos desejos? Muitas vezes estamos divididos. Muitas vezes não estamos sendo totalmente d'Ele, isto é, não estamos plenamente rendidos ao Senhor Jesus. Recentemente cantamos em um culto de oração o hino do Cantor Cristão, 395, Cristo Satisfaz, cujo estribilho diz: "Com Cristo estou contente/Ele me satisfaz;/Com esse amor do Salvador,/Agora estou contente". Quando Jesus é tudo em nós, o nosso sentimento é de satisfação e contentamento.

Que o Senhor, portanto, seja tudo em nós. Que Jesus seja o nosso real tesouro. Vivamos para Ele. Busquemos a Sua glória. Quando aprendermos essa preciosa lição, não veremos com tanta frequência crentes desanimados, frustrados e magoados com tudo e todos. Devemos amar tanto ao Senhor Jesus que, a nossa oração se expresse nos mesmos termos da sexta estrofe do hino 296 do Cantor Cristão, Consagração: "Meu amor e meu desejo/Sejam só teu nome honrar;/Faze que meu corpo inteiro/Eu Te possa consagrar".

Pr. Adriano Xavier Machado

Autêntico Discipulado

Muito se tem escrito e ensinado sobre a importância do discipulado. Já em minha época de seminário ouvia muito sobre o assunto. Claro, não sou tão inocente assim, antes mesmo de minha preparação para o ministério, o tema era ressaltado e já fazia parte da agenda de muitas discussões missiológicas e teológicas. O tema, portanto, não é novo. Mas, será que a Igreja atual está entendendo mesmo o significado e as implicações do discipulado?
 
Tenho visto e tido acesso a muita literatura de capacitação cristã. Já há mais de duas décadas que tenho trabalhado com estudos bíblicos nos lares. E sempre tenho procurado levar não apenas informações bíblicas, mas, um desafio de vida comprometido com o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Entendo que todo cristão tem que ser confrontado para uma mudança constante de vida, e, assim, aproximar-se mais e mais no objetivo proposto pelo evangelho. Ao me referir assim, é exatamente nesse ponto que vejo a deficiência de algumas iniciativas em prol do discipulado.

Antes de prosseguirmos, preciso dizer que o assunto que está sendo tratado aqui, merece cuidado e atenção, foco e reflexão, porquanto, diz respeito à saúde espiritual do Corpo de Cristo, isto é, a Igreja do Senhor que se encontra no mundo para percorrer o caminho da santidade, "sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hebreus 12.14). O discipulado existe como um mecanismo de capacitação e orientação, para os crentes em Jesus viverem de modo íntegro e pleno os projetos do Reino.
 
No entanto, algumas iniciativas não passam de um conjunto de conceitos, ideias e elaborações intelectuais. Sem dúvida, os conceitos são necessários, todavia, o autêntico discipulado não se resume nem se limita a isso. Tomando Jesus como exemplo, Ele ensinava e pregava a respeito do Reino, mas Ele permitia, facilitava e até encorajava os discípulos a um caminhar junto a Ele: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me" (Marcos 8.34).

O autêntico discipulado não tem apenas o objetivo de encher a mente do discípulo com informações bíblicas. O autêntico discipulado trabalha na direção da transformação do caráter do discípulo à semelhança de Jesus. Não adianta uma pessoa ser capaz de responder todas as questões bíblicas e teológicas, e, não, conseguir viver e testemunhar do evangelho de Cristo. "Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas" (1 Pedro 2.21).

Acredito que precisamos renovar esse entendimento e compromisso com o discipulado cristão. Vivemos em uma sociedade que valoriza muito o conhecimento. Inclusive, a nossa época é reconhecida como a "era da informação", termo cunhado, ao que me parece por Peter Drucker. Pode até ser que para algumas esferas da sociedade a exigência seja mesmo a capacidade de dominar o conhecimento, todavia, no Reino, o que importa mesmo é a capacidade de praticar e viver o que se sabe, praticar e viver o que se aprende aos pés de Jesus.

No Reino não há valor algum as explanações sem as demonstrações de vida. O que adianta alguém conseguir decorar todos os nomes dos livros da Bíblia, ser um especialista em citações bíblicas, conseguir explicar os textos mais complexos das Escrituras e não conhecer o Autor da Bíblia? De que vale a nossa capacidade intelectual e não termos relacionamento algum com o Senhor da glória?

 O autêntico discipulado é, portanto, todo esforço que valoriza o caminhar íntimo e pessoal com Jesus Cristo. E para isso, requer-se do discípulo renúncia e comprometimento, requer-se um preço, ou seja, o carregar a cruz. Discipulado não é apenas oferecer algo, mas principalmente esperar do discípulo uma posição em que dê preferência e prioridade ao Reino. Jesus resumiu isso muito bem quando disse: "Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará" (Lucas 9.24).

A Igreja tem a incumbência da evangelização. O evangelho tem que ser pregado em testemunho a todos os povos, nações e tribos. Mas, a missão da Igreja não fica completa sem o discipulado. É preciso ensinar a guardar, isto é, a praticar e viver todas as coisas que o Senhor tem mandado. Façamos, portanto, do discipulado um desafio de transformação contínua de cada discípulo de Jesus, e, não, meramente um depósito de informação sem vida, sem a graça e o poder do Espírito Santo de Deus. Para o autêntico discipulado, só tem valor o conhecimento que é demonstrado em vida para a glória de Deus.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
Quer no lar, na igreja, no trabalho ou em qualquer outro lugar, onde há pessoas que se relacionam, os conflitos aparecem. Em Atos dos Apóstolos vemos que "houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano" (6.1). No mesmo livro sagrado também vemos uma contenda entre Paulo e Barnabé, "que se apartaram um do outro" (15.39). Bem, com tais exemplos, fica evidente que os conflitos fazem parte das relações humanas. No entanto, precisamos reconhecer que podemos tomar alguns procedimentos que podem resolver ou pelo menos amenizar os conflitos. Vejamos quais são esses procedimentos:
 
1. Não ignorar o problema. Se há alguma coisa errada, não devemos fazer de conta que tudo está bem. Tapar os olhos diante do perigo, não livrará ninguém das trágicas consequências. Portanto, não adianta esconder a cabeça no buraco.
 
2. Não fomentar a crise. Conversas desnecessárias, com certeza, irão piorar a situação. Quanto mais lenha na fogueira, mais fogo se terá. Igualmente, quanto mais combustível no conflito, mais longe ele vai.
 
3. Saber dialogar. Aqui se exige sabedoria, discernimento e vigilância nas palavras. Tudo que vem em tom de julgamento e acusação enfraquece o diálogo. E sem diálogo, não se resolve nada.

4. Assumir atitude de servo. Nada piora mais o conflito do que o orgulho, a petulância e a arrogância. Quem deseja se colocar mais do que o outro, demonstra que não tem nada de bom no coração e nas intenções.

5. Considerar o exemplo de Cristo. Jesus foi manso e humilde, mas também firme e corajoso. Quem não deve, não teme.

6. Não recorrer à mentira. Já sabemos que o diabo é o pai da mentira. Portanto, esse recurso nunca de fato nos ajudará em nada. Como diz o ditado popular: "a mentira tem perna curta". Quem mente não terá a confiança de ninguém.

7. Ter paciência. Muitas vezes o conflito não se resolve no primeiro momento do diálogo. Às vezes, exige tempo, tempo para a poeira baixar, tempo para se respirar ar fresco.

8. Buscar orientação. Não é ficar de fofoca, é buscar sábios conselhos com pessoas maduras, inteligentes e experientes. Mas por favor, não é com todas as pessoas sábias, inteligentes e maduras, pois aí, corre-se o risco de ser maledicente.

9. Saber ouvir. O problema geral do ser humano é querer sempre falar e fazer com que a sua fala prevaleça, nem que seja no grito e na ignorância. Quem sabe realmente ouvir, saberá falar o suficiente e com toda lucidez.

10. Amar sempre. Resolvendo ou não o conflito, o nosso compromisso é com o amor. Nada de mágoas, ofensas, rancor ou ódio. "Só o amor é capaz de unir os corações. Só o amor pode tudo. Só o amor faz a gente, faz a gente ser feliz. Só o amor nos faz olhar pra frente".

O conflito traz desgaste e muita confusão. Mas, em Cristo Jesus e sob a luz de Sua santa Palavra, podemos buscar e ter um encontro com a paz, a justiça, a santidade e o amor
. "Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas  dentre vós. Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Efésios 4.31,32). Que Deus nos abençoe. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

"Todos me Abandonaram"

Muitas vezes temos encontrado ministros do evangelho que se sentem desamparados, esquecidos e sem muito apoio. O apóstolo Paulo mesmo passou por uma experiência semelhante: "todos me abandonaram" (2 Timóteo 4.16). Diante dos muitos desafios e os enormes obstáculos seria conveniente mais recursos humanos, investimentos e intercessores. No entanto, nem sempre isso acontece. Por isso, muitos obreiros se encontram magoados, decepcionados e até desanimados.

Com certeza, a obra de Deus caminha melhor quando há parcerias. Quanto mais gente envolvida em um projeto, maior a possibilidade para o seu sucesso. Todavia, nem sempre as coisas funcionam assim. Nem sempre há uma resposta de cooperação por parte da igreja local nem mesmo da denominação em relação aos projetos que Deus nos tem confiado. Por que será? Por que Deus permite isso? Será que podemos aprender algo?

Amados, muitas vezes Deus deseja nos ensinar algo muito importante com o "todos me abandonaram". O que pode ser? Resposta: a dependência total no Senhor. Como diz a letra de certa música: "Toma-me, rendido estou. Aos pés da Cruz me encontrei. O que tenho te entrego, oh, Deus". Sim, Deus usa o esquecimento, o abandono, o desprezo e até a insensibilidade dos que deveriam nos acompanhar e nos ajudar, para dependermos somente d'Ele.

Há momentos na vida que precisamos realmente aprender a depender somente de Deus. O "todos me abandonaram" é para recebermos consolo, direção, sabedoria e discernimento somente do Senhor. É um método divino para desfazer de todas as nossas muletas sociais, psicológicas ou até mesmo religiosas. O "todos me abandonaram" não é para a nossa destruição e desolação, mas para conseguirmos reconhecer que Deus é a nossa verdadeira força, graça e vida. Passando pela experiência do "todos me abandonaram", poderemos experimentar o "tudo posso naquele que me fortalece" (Filipenses 2.13).

Contudo, infelizmente, muitos obreiros se escandalizam diante da experiência do "todos me abandonaram". Revelam com seus atos, sentimentos e palavras que, não aprenderam a depender de Deus. Assim, revoltam-se com tudo e todos, ficam facilmente ofendidos e frustrados quando as expectativas não são correspondidas. Quando, na verdade, o posicionamento deveria ser outro, isto é, rendição total ao Espírito Santo de Deus. Não precisamos ter dúvidas, quando o Senhor deseja nos ensinar algo, o "todos me abandonaram" é um recurso maravilhoso e muito eficaz para a nossa capacitação espiritual.

Como já foi dito, o apóstolo Paulo passou pela experiência do "todos me abandonaram". Porém, não ficou por aí. Conforme suas palavras "o Senhor me assistiu e me revestiu de forças" (2 Timóteo 4.17). É o que acontece com quem espera pelo Senhor. Ele nunca nos abandona. Ele nunca nos deixa verdadeiramente sozinhos. Podemos continuar fazendo a Sua obra. Podemos continuar fazendo a Sua obra. Podemos continuar empenhados nos planos e projetos que Deus tem para nós, pois temos a promessa: "E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" (Mateus 28.20).

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Homens de Pouca Fé

 

Qual é o verdadeiro problema da Igreja? Qual é a nossa verdadeira necessidade? Tal como na época de Jesus, somos muitas vezes "homens de pouca fé". Temos muita dificuldade para crer nas promessas do Senhor. Olhamos para muitos eventos do Antigo Testamento e reconhecemos a incredulidade do Povo de Deus. Conferimos o Novo Testamento e percebemos quando os apóstolos falhavam em confiar. Todavia, geralmente fracassamos em perceber a nossa própria incredulidade diante dos muitos desafios da vida. Ficamos preocupados, ansiosos, agitados e até perturbados, e, não, percebemos que tudo isso se deve a nossa dificuldade em crer no poder e na graça do Senhor.
 
O atestado de Jesus para as diversas ocasiões na vida dos discípulos e nos demais ouvintes foi um só: "homens de pouca fé". Jesus no sermão da montanha afirmou: "Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá a vós, homens de pouca fé? (Mateus 6.30). Jesus em um barco que enfrentava uma tempestade alertou: "Por que temeis homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança" (Mateus 8.26). Depois dos milagres da multiplicação dos pães, Jesus exortou: "Por que arrazoais entre vós, homens de pouca fé, sobre o não terdes trazido pão? " (Mateus 16.8). Em todas as angústias, ansiedades e medos, o problema é esse: "homens de pouca fé".
 
Em muitos dos cultos do Seminário Teológico Betel, RJ, cantávamos o hino "Em Fervente Oração". Era um verdadeiro período de preparação e desafio espiritual, principalmente quando repetíamos o coro: "Quando tudo perante o Senhor estiver, e todo o seu ser Ele controlar, só, então, hás de ver que o Senhor tem poder, quando tudo deixares no Altar". Sim, isso é fé. Deus deseja que expressemos a nossa confiança n'Ele, entregando tudo a Ele. Tudo deve estar sob a Sua liderança, Seu governo e controle. Mas, para fazermos isso, precisamos reconhecer a Sua soberania e graça. De outro modo, recorreremos a métodos duvidosos, carnais e até mesmo diabólicos na tentativa de se buscar uma solução para algum problema.
 
É muito fácil, para nós que temos o dom do ensino, assumirmos o púlpito e falarmos muita coisa sobre a fé. No entanto, quando as dificuldades se levantam, quando a enfermidade vem, quando há oposição, quando falta dinheiro, quando parece que estamos sendo esquecidos por todos, quando as coisas não estão bem, como tem sido a nossa postura? De vítima ou de dependência de Deus? De frustração ou esperança no Senhor? De desânimo ou de confiança nas promessas do Alto? As circunstâncias revelam o nosso calibre espiritual. E muitas vezes temos demonstrado na prática que somos "homens de pouca fé". Falamos, mas não vivemos. Pregamos, mas não tomamos posse. Ensinamos sobre a fé, mas não a experimentamos.
 
Paremos um pouco, reflitamos, será que aprendemos mesmo a confiar em Deus? Homens e mulheres de fé se comprometem sempre com a verdade, paciência, humildade, ética, respeito e com todos os valores cristãos, pois reconhecem a soberania do Senhor em tudo. Homens e mulheres de fé sabem que o Senhor trabalha a favor de todos os que são Seus. Homens e mulheres de fé são aqueles que permitem que o Senhor assuma o controle de todas as causas, direitos, sonhos e questões que incomodam e apertam o coração. Homens e mulheres de fé não precisam recorrer a manobras políticas ou mesmo a pessoas "importantes" para conseguirem o que desejam, isto é, com aquele famoso e vergonhoso "jeitinho brasileiro". Homens e mulheres de Deus confiam, descansam e esperam em Deus.
 
Deixemos que a Palavra de Deus ministre ao nosso coração: "Confia ao SENHOR as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos" (Provérbios 16.3). "Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado" (Salmos 37.3). "Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento" (Provérbios 3.5). "O justo se alegrará no SENHOR, e confiará nele, e todos os retos de coração se gloriarão" (Salmos 64.10). São conselhos assim que estão norteando a nossa vida? As promessas da Palavra de Deus estão servindo de referência em tempos de escolhas e decisões? Que o Senhor ao olhar para nós não precise dizer: "homens de pouca fé".
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

Tempo de Reconstrução

 

Ai, ai, ai, assim tem início este artigo. "Ai dos que habitam na terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo" (Apocalipse 12.12). Posso parecer apelativo e sensacionalista, mas a grande verdade é que é vindo o juízo. Quando acompanho os noticiários vejo claramente isso: destruição. Os verdadeiros muros que protegem qualquer sociedade e família estão sendo destruídos. Os muros da ética, da moralidade, do respeito, do entendimento e tantos outros muros fundamentais para a proteção e segurança dos indivíduos estão em ruína.
 
O pior é que tentam nos convencer que há progresso, avanço e liberdade. Estamos ficando expostos, sem proteção, mas dizem que tudo está bem. Homens e mulheres que se afastam de Deus, esforçam-se por ditar comportamento, tendências e valores. Homens e mulheres que não amam nem temem a Deus, anunciam mentiras. Atores, jornalistas, políticos e acadêmicos das diversas áreas, comprometeram-se em destruir a família tradicional, o casamento bíblico e a vida de quem está para nascer. Destruição essa que, não ocorre com armas de fogo ou com bombas atômicas, mas com ideologias pervertidas, gananciosas e iníquas. Ai, ai, ai, pois "quando disserem: "Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição"(1 Tessalonicenses 5.3).
 
Mas, nós como povo de Deus o que estamos fazendo? Temo que muitas vezes estejamos sendo meros espectadores. Temo que estejamos distraídos com os nossos próprios negócios. Temo que não estejamos mais com a percepção espiritual apurada, refinada. O problema, por exemplo, do homossexualismo não é de fato político nem científico, mas espiritual. "Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro" (Romanos 1.26, 27).
 
Está escrito. Está claramente exposto nas Escrituras. O juízo é manifesto. Mas, como alguém já disse, "por mais que você mostre, prove e argumente, não faz a diferença. As pessoas só enxergam o que querem enxergar". Então, o que podemos fazer? Amados, podemos orar. Podemos levantar um clamor aos céus. Necessitamos de uma mobilização de oração por nossa Nação. "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Crônicas 7.14). O problema é que debatemos demais, explicamos demais, argumentamos demais, mas oramos pouco.
 
Decerto, o pecado tem que ser denunciado. O erro tem que ser combatido. Não podemos nos calar diante da perversidade e iniquidade do mundo. João Batista soube se posicionar perante o pecado de Herodes. O apóstolo Paulo perante o legalismo do cristianismo judaizante. Temos que nos posicionar também perante todo pecado e injustiça. Contudo, não podemos deixar de orar. Os muros precisam ser reconstruídos com recursos espirituais. Homens e mulheres deixarão o pecado pela poderosa obra de Jesus. A cura de nossa Nação está somente no evangelho da graça de Deus. Talvez, muito do que tem acontecido no mundo, em termos de violência, imoralidade e corrupção, seja apenas um sintoma da nossa chaga espiritual, isto é, não temos orado o suficiente, não temos tido um coração quebrantado diante do trono santo de Deus.

Ai, ai, ai, sim, ai do mundo sem Deus, mas ai do povo de Deus se for negligente e estiver em pecado, porquanto "já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que não são obedientes ao evangelho de Jesus?" (1 Pedro 4.17). Ai, ai, ai, choremos por nossa apatia espiritual. Ai, ai, ai, lamentemos por causa de tanta indiferença para com o evangelho de Jesus. Ai, ai, ai, oremos por um autêntico avivamento. "Bem vedes vós a miséria em que estamos... vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém, e não sejamos mais um opróbrio" (Neemias 2.17). Deus nos ajude em tudo. Deus nos ajude a reconstruir o que é santo e agradável ao Seu nome.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

 

 

Pregação Relevante

Preciosa é a pregação. Paulo ensina que a fé vem "pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo". Assim, Deus nos confiou essa graça e responsabilidade de anunciar o evangelho. Embora muitos não deem crédito à nossa pregação, jamais devemos falhar nessa tarefa. Mas, como considerou Leonard Ravenhill, a "grande tragédia de nossos dias é que existem muitos pregadores sem vida, no púlpito, entregando sermões sem vida, a ouvintes sem vida". E o pior é que tentam encobrir essa tragédia com empostação de voz, gestos e frases feitas.
 
Sim, muitos pregadores parecem desconhecer ou não dependem mais da vida do Espírito. Tudo não passa de informação, estudo e consulta de livros. Não há relacionamento com Deus. Não há o fluir da graça. Não há a manifestação da vida em abundância pela fé em Jesus Cristo. Em uma maravilhosa pregação de Hernandes Dias Lopes, foi feita a seguinte exposição: "Deus não precisa de estrelas para fazer a Sua obra. Deus precisa de gente que se ponha nas Suas mãos. Talvez um dos grandes problemas da igreja evangélica brasileira é que nós temos estrelas demais, figurões demais, gente famosa demais, gente que pensa que é importante demais, e Deus não divide a Sua glória com ninguém".
 
A pregação relevante não vem de medalhões intelectuais, de personalidades televisivas ou de nomes que se encontram nos principais periódicos cristãos, mas, sim, de homens e mulheres que andam na presença de Deus. Quando Jesus seleciona os primeiros discípulos, Ele não põe em Sua lista os mais eruditos, os mais populares ou mesmo os mais aceitáveis pela sociedade. Ele escolhe pessoas simples que estavam dispostas a seguir o Seu conselho: "Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens".
 
Pregadores do evangelho, o nosso primeiro compromisso é seguir Jesus, é seguir as Suas pisadas, é andar nos Seus caminhos santos. Somente na presença do Senhor teremos uma mensagem cheia de vida e poder para combater o pecado e iluminar a mente e o coração de homens e mulheres na esperança da fé em Jesus. Quem não anda em Sua presença não pode transmitir vida. Pode até falar sobre Ele, mas não dar testemunho d'Ele na eficácia e na autoridade do Espírito Santo.

É lamentável, mas há pregadores, líderes e mestres que desencorajam os crentes e os obreiros. São pedras de tropeço porque não se humilham aos pés de Cristo. Por outro lado, há pregadores, líderes e mestres que são bálsamos em nossa caminhada cristã. São homens e mulheres que aprenderam a se curvar perante Cristo e que aprendem humildemente aos Seus pés. Por isso, no Senhor, são fontes de vida para os sedentos e luz para os que estão em trevas. A pregação relevante só pode vir da vida de quem conhece e experimenta da vida de Jesus.

O nosso segundo compromisso é a Palavra de Deus. Uma vez que temos intimidade com Ele pela fé em Jesus o nosso prazer será o que Ele tem a nos ensinar. Na comunhão d'Ele ouviremos a Sua voz. A Bíblia não será meramente uma coleção de livros, mas a verdade do Alto para nos corrigir e instruir em toda justiça. Pregadores que apenas usam um texto bíblico por pretexto e não têm nada a dizer da Palavra de Deus, que não citam a Palavra de Deus,  que não explicam a Palavra de Deus e não se entusiasmam pela própria Palavra de Deus, não passam de oradores vazios e sem a vida de Deus.

Não há pregação relevante sem a Palavra de Deus. Por mais que possamos conhecer de filosofia, psicologia, sociologia ou antropologia, nada poderá substituir as Escrituras Sagradas. Por mais que um pregador seja alegre, simpático, engraçado, inteligente e versado em letras, a Palavra de Deus continua insubstituível. "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma, o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos".

O nosso terceiro compromisso é a transformação de vidas. Pregamos porque entendemos que cada ser humano deve ser transformado à imagem de Cristo. Entendemos que cada pecador deve recorrer ao arrependimento e à fé. Suzana Wesley já dizia: "O verdadeiro fim da pregação é endireitar a vida dos homens e não entulhar suas cabeças com especulações inúteis". Acreditamos que o fim da pregação é muito mais do que endireitar vidas, mas sim transformar e libertar vidas. No entanto, a pregação de hoje muitas vezes não passa disso: especulações, especulações e especulações inúteis. Especulações que não edificam, que não trazem cura, esperança nem salvação.

Muitos ministérios se satisfazem com os templos lotados de pessoas. Sem dúvida, isso é importante. Quanto mais pessoas nas congregações, mais pessoas poderão ser alcançadas e discipuladas. O problema é que muitas vezes os templos se parecem com passarelas. Há fluxo de gente, fluxo contínuo, sempre uma cara nova, mas não há de fato conversões. A pregação relevante é aquela que deseja atingir os verdadeiros objetivos do evangelho de Cristo. Igreja não é clube social, não é circo nem casa de espetáculo, mas agência do Reino em um mundo que necessita do amor e do poder de Deus.

Oremos para que Deus nos dê uma mensagem que faça a diferença. Uma pregação que de fato seja relevante para o mundo de hoje. O importante é o crescimento do Reino, não o nosso império particular ou o nosso castelo pessoal. Oremos para que consigamos cumprir a nossa missão neste século dominado pela tecnologia e pelo entretenimento, mas que precisa tanto da paz e alegria do Espírito. Oremos para que crianças, jovens e adultos sejam iluminados, orientados e transformados com a relevância da mensagem de Cristo Jesus. Que Deus nos abençoe. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado
 

Não Andeis Ansiosos

Em um monte da Palestina Jesus ensinava: "Não andeis ansiosos quanto à vossa vida... Não andeis pois inquietos" (Mateus 6.25, 31). Às vezes, só é preciso parar um pouco. Desligar-se da correria, dos problemas e das coisas que precisam ser resolvidas.  O círculo vicioso da preocupação só pode ser quebrado quando nos voltamos para a consoladora presença do Senhor.

 

Por algum motivo perdemos o foco. Talvez não sintamos a mesma alegria, o mesmo entusiasmo e o mesmo renovo espiritual. Estamos desgastados e sugados, enrolados e confusos com tantos pensamentos inquietos. Mas Deus não mudou, Ele permanece disposto para nos ajudar. Precisamos apenas dar tempo para Ele, ouvir outra vez a Sua voz, aceitando pela fé o Seu amor por nós.

 

Sem percebermos temos nos afastado de Deus. Trabalhamos demais, estudamos demais e quase que carregamos o mundo inteiro nas costas. Ah, quantas vezes deixamos de respirar aquele ar puro da presença de Deus! E o pior é que até nos acostumamos com o ar poluído das preocupações, da ansiedade e dos cuidados desta vida. E por isso a nossa alma geme, anseia e clama pela graça divina.

 

Então, busquemos humildemente ao Senhor. Aprendamos a descansar no Salvador. Sintamos o perfume suave de Sua graça e compaixão. Vamos permitir que Ele ministre ao nosso coração. Nossos argumentos, pensamentos e estratégias não resolverão o nosso problema. Mas, Jesus está de braços abertos para nos acolher, para nos tratar e nos amar completamente. "Não andeis ansiosos... Não andeis pois inquietos".

 

Não importa a questão. Nada justifica a nossa ansiedade. Pode ser um problema na família, no ministério ou ainda no trabalho. Devemos aprender a confiar tudo ao Senhor, reconhecendo o Seu poder e sabedoria, desfrutando de todo o Seu cuidado. Portanto, digamos não para a insegurança, não para o medo, não para a ansiedade, não para a inquietação, mas digamos um delicioso sim para o refrigério da presença de Jesus.

 

Pr. Adriano Xavier Machado

 

O Tempo de Deus

Deus tem o Seu tempo. Ah, se todos nós reconhecêssemos isso de fato. Não teríamos tantas precipitações. Consequentemente não teríamos também tantas frustrações.

 

Reconhecer o tempo de Deus é reconhecer que nada vem antes e que nada vem depois. No entanto, somos ansiosos demais, apressados demais e queimamos muitas e muitas etapas.

 

Temos dificuldades com o silêncio. Temos dificuldades para pensar. Temos dificuldades para esperar. Temos dificuldades para lidar com o tempo de Deus.

 

O nosso problema é o imediatismo. Queremos resolver todas as coisas em um só tempo. E o pior é que no fundo acreditamos que temos o controle de tudo ou que sabemos de tudo.

 

Com os nossos equívocos ficamos feridos, machucados, derramamos lágrimas, mas insistimos em não aprender. Insistimos em não esperar pelo tempo de Deus.

 

A Bíblia é muita clara na promessa e na orientação: "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará" (Salmos 37.5).

 

Quem faz o sonho se confirmar é o Senhor. Quem atende ao desejo do nosso coração é Deus. Contudo, muitas vezes falhamos em confiar, falhamos em entregar, falhamos em esperar pelo Senhor.

 

Precisamos aprender a conhecer a Deus. Precisamos conhecer mais do Seu amor e do Seu poder. Só assim conseguiremos esperar pelo tempo de Deus.

 

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Cristo Sim, Denominação Religiosa Não?

Em muitos momentos de minha caminhada cristã e ministerial, tenho escutado alguns comentários sobre a denominação religiosa com um tom pejorativo. Para alguns ela não passa de uma estrutura política, invenção de homens para a dominação dos mais fracos ou como alguns dizem, "um mal necessário". É verdade que Jesus edificou a Igreja, estabeleceu o Corpo dos santos e nos fez um só Povo. Em nenhum momento no Novo Testamento vemos Jesus ou os apóstolos designando alguma denominação religiosa. Essa história, por exemplo, de que Pedro foi o primeiro Papa da Igreja Católica é conversa para enganar os incautos. Nem Jesus ou mesmo os apóstolos criaram alguma denominação religiosa. A obra de Jesus e os ensinos dos apóstolos apontam para a Igreja invisível e universal, constituída por todos os crentes lavados pelo Sangue do Cordeiro de todos os tempos e lugares.

Mas é verdade que, historicamente, a primeira denominação religiosa cristã que teve reconhecimento oficial é a Igreja Católica, o que ocorreu no quarto século com o imperador romano Constantino. Antes disso era possível encontrar partidos teológicos diversos. No próprio Novo Testamento vemos algo nesse sentido quando alguns diziam que eram de Paulo, outros de Apolo, outros de Pedro e outros de Cristo (1 Coríntios 1.12). Obviamente que essas divisões foram contestadas pelo apóstolo Paulo. O projeto do Reino nunca foi seguir nessa direção da rivalidade, da competição e do partidarismo. No entanto, onde há agrupamento de pessoas ali há diferenças de pensamento, de conceitos e ideias. Algumas dessas diferenças não prejudicam em nada a unidade do Corpo, aliás, só enriquecem. Outras, porém, não permitem mesmo muito estreitamento.

As denominações religiosas existem principalmente por causa das diferenças doutrinárias, litúrgicas e teológicas. Martinho Lutero, por exemplo, não pretendia ser o fundador da Igreja Luterana. Mas, o que ele ensinava era tão  distante do que o catolicismo pregava que, querendo ou não, acabou estando à frente de um movimento que levou o seu nome. A Igreja Anglicana passou a existir muito mais por uma decisão política, quando o rei Henrique VIII  desejava o divórcio com Catarina de Aragão para poder se casar com Ana Bolena. Mas, em geral, as cisões acontecem por motivos conceituais, no campo das ideias, por diferenças de pensamento e entendimento a respeito das Escrituras Sagradas. Obviamente não deveria ser assim. Todavia, é o que tem acontecido. E creio que devemos saber lidar com isso da melhor forma possível.

Pensando mais especificamente na Denominação Batista, lembro que ela tenta reunir princípios e doutrinas bíblicas que mais se aproximam do ensinamento de Jesus. Com isso não estou dizendo que ela é a única certa. É óbvio que cada denominação religiosa acredita que melhor se aproxima ao ensinamento bíblico. Aí entra a democracia, a liberdade de escolha de cada indivíduo para se unir a uma igreja e, consequentemente, a uma denominação religiosa. Pelo menos em nossa atual conjuntura política ocidental, ninguém é forçado, obrigado ou imposto a seguir uma determinada religião. No entanto, cada denominação religiosa defende o que acredita a respeito da fé e das Escrituras Sagradas. E cada indivíduo tem liberdade de fazer a sua escolha por Jesus, e também por uma denominação religiosa. A propósito, haver tantas denominações religiosas cristãs não é problema. O problema é a falta de compaixão, respeito, cooperação, diálogo, paciência e fraternidade.

Não obstante, o comprometimento denominacional não é um mero capricho. Antes é lutar por aquilo que se acredita em termos de fé e doutrina bíblica. Mas, quem quer fazer o que quer, quem não gosta de prestar contas, quem acha que está sempre certo e principalmente quem não compreende a razão de ser uma denominação religiosa, vive desprezando tal comprometimento. Reconheço que toda denominação religiosa tem as suas falhas, inclusive, a batista da qual faço parte. Todavia, isso não me espanta nem me desanima em nada. Como disse certa vez Boris Casoy "onde está o homem ali está o erro". Mas, se não conseguimos lidar com os de "casa", como então saberemos lidar com os de "fora", ou seja, com os de outras denominações cristãs? O amor que não alcança a todos, na verdade é o amor que não alcança ninguém. Se não conseguimos amar o que é nosso, não conseguiremos amar o que é dos outros.

Para deixar clara a proposta deste artigo, não sou denominacionalista. Não estou engessado nem amarrado com nenhuma tradição ou sistema religioso vazio e sem sentido. Sou cristão, prego Jesus e amo tudo o que Ele é, fez e ensinou. Porém, não tenho dificuldade nenhuma para respeitar, valorizar e me comprometer com a minha denominação religiosa. Se a sabedoria popular reconhece que "uma andorinha só não faz verão", por que eu iria acreditar que sozinho, sem a ajuda de meus irmãos na fé, tanto no sentido de igreja local e mesmo no aspecto denominacional, posso fazer algo relevante a favor do Reino? Não creio na vida cristã isolada. Porque estamos unidos denominacionalmente é que inúmeras igrejas estão sendo plantadas no Brasil e no mundo. Creio que podemos fazer muito mais como denominação. Penso, por exemplo, que podemos ter um programa de televisão que faça a diferença em nossa Nação. Mas, para isso e muito mais é preciso o comprometimento de todos. Como afirmou Ed René Kivtiz: "A salvação em Cristo é pessoal, a vida cristã é comunitária e no Cristianismo nada é individual". Portanto, Cristo sim, porque só Ele salva. Quanto a denominação religiosa também sim, para que unidos possamos fazer muito mais para a glória de Deus.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Celebrei o Natal... Jesus me Salvou

Celebrei o Natal. Cantei hinos e li textos sobre o nascimento de Jesus. Sei perfeitamente que Ele não nasceu no dia 25 de dezembro. Sei que no passado a idolatria era incentivada nessa data. Mas, onde está na Bíblia que essa data é pagã? Todos os dias foram criados pelo Senhor. Se o diabo usava o dia 25 de dezembro para os seus propósitos, hoje a Igreja usa para a glória de Deus, porquanto, a Igreja anuncia que nasceu o Messias prometido. A Igreja proclama que Jesus é a verdadeira Luz do mundo. 

 

Celebrei o Natal. Não a magia, mas o autêntico Natal. A magia é o Papai Noel com o seu trenó e sua famosa risada: ho, ho, ho, ho. A magia é aguardar presentes em meias penduradas, acreditando que o Papai Noel desce pela chaminé ou passa pelo buraquinho da fechadura. Assim me ensinaram quando criança. Mas, a verdade é Jesus. Verdade que me liberta de qualquer pecado e maldição, e que enche a minha vida de alegria e amor todos os dias do ano. Se houve um tempo que fui enganado com os costumes dos povos, esse tempo já acabou, Jesus me libertou, Jesus me salvou. "A noite já passou, a aurora já raiou; O negro e denso véu de todo se rasgou. Dos montes através o brado ressoou: Nasceu o Redentor".

 

Celebrei o Natal. Mas, alguns dizem que eu não devia ter feito isso. Com o argumento que usam, daqui a pouco terei que ter um outro calendário, pois o que existe não tem origem bíblica. Os dias e meses do ano, tal como os conhecemos, vêm de antigas culturas pagãs. Também não será surpresa para mim quando cristãos defenderem o sábado para o culto e serviço a Deus, pois foi apenas em 321 que Constantino "trocou o dia do repouso de Sábado para Domingo". Pensando bem, acho que até vou ouvir alguém dizendo por aí que o nome do Estado de Santa Catarina é maldito e, que por isso esse nome não deverá sair dos meus lábios. Contudo, ainda que alguém venha ensinar assim, estou seguro. Tenho a cobertura do precioso sangue de Jesus.

 

Celebrei o Natal. Sim, em espírito e em verdade, mas com minhas limitações humanas, culturais e tradicionais. Confesso que gostaria muito de saber qual o dia exato que Jesus nasceu. Mas, ainda bem que eu não sei nem mesmo você querido leitor, para que a nossa glória seja apenas Ele. Quanto ao dia e ao mês isso não importa de fato. O que conta mesmo é Ele. O que faz a diferença é Ele. Jesus é o perfeito Natal. Jesus é a razão do Natal. Se Ele não tivesse vindo, com certeza, para nós do Ocidente, o dia 25 de dezembro só seria mais um dia como outro qualquer. Assim como a Sua vinda dividiu a História em Antes e Depois de Cristo (e isso também não está na Bíblia), Ele mudou o significado do dia 25 de dezembro. "Ó povos, exultai! Nações, ó jubilai. Eis finda toda a dor, jamais se dá um ai; A virgem deu à luz; a Deus glorificai! Nasceu o Redentor!"

Celebrei o Natal. Não fiquei melhor nem pior por isso. Não guardo dias, meses, tempos nem anos. A Bíblia nos ensina claramente: "Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão" (Gálatas 5.1). Celebrei o Natal porque fiz essa escolha. Não fiz por mim nem por qualquer outra pessoa, mas, apenas por Jesus que é digno de todo louvor, honra e glória. Em meu coração há uma canção. Aprendi em uma época quando conheci o verdadeiro Natal: "Nasceu o Redentor! Nasceu o Redentor! O Eterno Pai do céu seu Filho ao mundo deu. Alerta, ó terra entoa a nova alegre e boa: Nasceu o Redentor!". "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor"(Lucas 2.14 - NVI). Aleluia, celebrei o Natal, pois, Jesus me salvou!

Pr. Adriano Xavier Machado

 

A Vida e a Arte de Escrever

A vida é como a arte de escrever. Há muitas possibilidades, movimentos e direções. Com as letras podemos formar palavras, frases, parágrafos, histórias e o que der na imaginação. Com a vida não é muito diferente. Cada vida é uma sentença. Cada vida é uma história. Lembro-me que quando criança ficava ouvindo do meu avô paterno os seus contos. Tudo aquilo encantava a minha mente e os meus pensamentos. Tal como um livro, a vida do meu avô me impressionava. Assim, eu e você temos as nossas histórias. Eu e você ainda estamos escrevendo o nosso roteiro. Portanto, que cada história de vida siga a direção certa, sendo redigida e orientada pelo Senhor, o autor e consumador da fé.

A vida é como a arte de escrever. Nem sempre a conjugamos adequadamente. Nem sempre a pontuamos corretamente.
Às vezes, quando releio alguns dos meus textos, acabo percebendo alguns tropeços gramaticais. Apesar de me oferecer certa dor, com o erro, nunca desisto, mas, antes insisto, nunca resisto a oportunidade de aprender e melhorar. Aliás, já aprendi que todo bom texto, na verdade, já passou pelo processo de revisão e correção. Com a vida também deveria ser assim. Nem sempre acertamos em um primeiro momento, mas, em cada tropeço, recomeçamos e tentamos novamente. Parafraseando um pensamento, o errar é do homem, mas o corrigir é de Deus.
 
A vida é como a arte de escrever. Nem sempre ela é devidamente compreendida. Nem sempre ela é facilmente correspondida. Cada mente tem o seu universo. Cada coração tem a sua própria cosmovisão. Ao elaborar um texto, procuro fazer com que todos entendam o que escrevo. Algumas vezes sou feliz nesse objetivo, mas, outras, não. Nem tudo o que eu desenvolvo é devidamente absorvido ou devidamente apreciado. Alguém já disse que nada é mais "difícil do que expressar pensamentos significativos de modo que todos os compreendam". A vida também é assim. Nem sempre somos bem interpretados. Todavia, podemos e devemos continuar escrevendo a nossa história. Deus, aquele que não vê a aparência, mas, o coração, sonda todas as intenções e conhece todas as motivações.

A vida é como a arte de escrever.
Com o texto temos a oportunidade de tocar a vida de alguém. Eu mesmo em muitas leituras já sorri, chorei, sonhei e me emocionei. A nossa vida também é assim, ela nunca passa em branco. De algum modo estamos transmitindo uma mensagem, comunicando algo para a vida de alguém. Não é por menos que se diz que "responsável é você pelo que cativou". A questão é como estamos vivendo. A nossa vida é motivo de sorriso, paz e alegria? Algumas histórias nos fazem chorar, outras nos fazem sonhar. Portanto, como estamos vivendo? Jesus disse que somos o sal da terra e a luz do mundo. Que possamos dar sabor, e, não, dissabores. Que possamos iluminar, fazendo da vida como a arte de escrever, a arte de promover fé e esperança.

Ah, ainda não terminei. Se a vida é como a arte de escrever, quero continuar vivendo, quero continuar escrevendo. Isso significa que preciso estar sempre me empenhando e me dedicando. Escrever não é uma tarefa fácil. Viver também não é tão simples assim. Escrever sem qualquer compromisso com as regras gramaticais é uma coisa, mas escrever conforme a norma culta é outra. Igualmente, viver de qualquer jeito é uma coisa, mas viver com princípios é completamente diferente. Eu decido pelo melhor, pelo mais difícil, todavia, pelo mais gracioso, lógico e coerente. Com perseverança, chego lá. Você também consegue. Acredite. A vida é como a arte de escrever.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Recentemente completei 17 anos de ministério pastoral. Isso me tem feito pensar sobre a minha vocação e chamada. Provavelmente tenho passado por aquele tempo de avaliação e reavaliação. Sinceramente, vejo que ainda tenho muito para aprender. E graças a Deus, ainda me sinto como um garoto cheio de disposição e disciplina para estudar, conhecer, ouvir, ler e me aperfeiçoar. Vivas e desafiadoras são para mim as palavras de um obreiro que ressaltou em sua larga experiência ministerial: "Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos" (2 Timóteo 1.6). Quero continuar despertando o dom que há em mim. Mas, algo está muito claro no meu coração: Deus me chamou para apascentar vidas. Entendo que o pastor é aquele que conduz o rebanho aos pastos verdejantes, onde as ovelhas são nutridas com alimento fresco e saudável da Palavra do Senhor.

O apóstolo Paulo escrevendo a um jovem obreiro disse: "se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja" (1 Timóteo 3.1). Sem dúvida, o ministério da Palavra é uma verdadeira honra. Não me arrependo em ter deixado o sonho de seguir uma carreira militar, para ser um pregador do evangelho. De fato, é um enorme privilégio estar envolvido direta e integralmente na obra do Senhor. No entanto, há a recomendação bíblica para que "muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo" (Tiago 3.1). Ser pastor não é brincadeira, não é uma opção de carreira profissional nem uma questão de status social. Ser pastor é verdadeiramente atender a um chamado divino para apascentar o rebanho de Deus. O pastor não é aquele que faz show no púlpito para ganhar a atenção e o reconhecimento dos homens. O pastor chamado por Deus não vive de aplausos ou holofotes, mas, sim, com o sincero objetivo de servir vidas através do ensino e da pregação da Palavra de Deus.

Ao estudarmos sobre os grandes avivamentos e despertamentos, percebemos sempre a Igreja se dedicando à pregação da Palavra de Deus. Sim, a oração nunca é ignorada, mas também nunca a Palavra de Deus. "Não podemos ler a história da igreja, mesmo de forma superficial, sem perceber que a pregação sempre ocupou posição central e predominante na vida da igreja, particularmente no protestantismo", articulou D. Martyn Lloyd-Jones. A pregação é tão importante na vida da Igreja que, o apóstolo Paulo insistiu: "Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina" (2 Timóteo 4.2). Para o apóstolo, a pregação tem que ser uma constância no ministério, tem que ser vivida, tem que ser a base para orientação e capacitação do Povo de Deus, tem que ser praticada com determinação e profundo conhecimento bíblico. Não é pregar qualquer coisa ou sobre qualquer assunto, mas "a palavra" de Deus.



Mas, lamentavelmente, muitos púlpitos não refletem mais o comprometimento bíblico. Há "pregações" inteligentes, dinâmicas e criativas, porém, muitas vezes sem o respaldo da Palavra do nosso Deus. São "pregações" semelhantes aos discursos de autoajuda ou de técnicas de gerenciamento pessoal ou de recursos humanos. Não é algo que leva à dependência de Deus e à fé em Jesus Cristo, e, sim, a uma receita bem elaborada, disfarçada de espiritualidade por causa de alguns clichês religiosos. Talvez seja por isso que há muitos crentes dependentes de certas frases feitas e repetitivas para continuarem "animados" e "comprometidos" no serviço do Senhor. Sem alimento adequado, o rebanho de Deus fica fragilizado, debilitado, sem a força do Espírito Santo para continuar prosseguindo no propósito do Reino. Se é assim, então eu quero mesmo ser um homem da Palavra, que viva sem restrições a Palavra de Deus. "Em Deus louvarei a sua palavra; no SENHOR louvarei a sua palavra" (Salmos 56.10).

 

O desejo de um autêntico pastor é: "que ele cresça e que eu diminua" (João 3.30). Isso acontece quando o pastor não fala de si mesmo, mas daquele que o chamou, isto é, Cristo Jesus. Por isso a importância de se conhecer, amar e ensinar a Sua Palavra. Paulo lembra a Timóteo: "Persiste em ler, exortar e ensinar" (1 Timóteo 4.13). O ministério pastoral só existe quando o pastor está apascentando vidas segundo a orientação do evangelho. Um pastor pode lidar bem com burocracia, documentos, leis, dinheiro, departamentos etc, mas se não sabe lidar com vidas pela Palavra de Deus, poderá ser tudo, menos pastor de fato. Jesus sendo o exemplo maior, deixou-nos a seguinte indicação de um autêntico ministério pastoral: "Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas" (João 10.11). Jesus deu a sua vida por nós de acordo com a vontade do Pai. Tudo o que Ele fez foi segundo as profecias. Em nada Jesus contrariou a Palavra de Deus. Assim, deve ser o ministério pastoral, ou seja, segundo a Palavra de Deus.

 

Bem, diante de tudo isso, quero renovar a minha aliança com a Palavra. Quero aprender mais da Palavra. Quero poderosamente viver a Palavra de Deus. No ministério posso seguir por muitos "caminhos", os que estão na moda ou mesmo os que já se encontram esquecidos, contudo, decido pela Palavra. Não preciso de novidades baratas nem de invenções de homens. Acredito que o evangelho de Jesus é poderoso para salvar. Creio que a Palavra de Deus nunca falhará. "Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei" (Isaías 55.11). Todo modismo passa. Tudo o que é do homem um dia acaba. "Mas a palavra do Senhor permanece para sempre" (1 Pedro 1.25). Aleluia, na Palavra estou seguro. Na Palavra tudo o que Deus diz a meu respeito se cumprirá. Logo, o meu compromisso no ministério é com a Palavra de Deus. E o seu?


Pr. Adriano Xavier Machado

 

Cristianismo Dinâmico

O cristianismo do evangelho, não apenas de uma tradição religiosa, sem dúvida, faz uso do discurso para a promoção da fé. Jesus disse: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16.15). A Palavra de Deus é pregada e compartilhada para a salvação de almas. "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Romanos 10.17). No entanto, o cristianismo é muito mais do que pregação e ensino. O cristianismo não se resume a uma plataforma para a oratória ou a uma mera verbalização de ideias e conceitos. O cristianismo de Jesus é movimento, é conteúdo encarnado, é a capacidade de tomar iniciativa, ousadia de intervir, experiência, mudança, contato, tato e olfato. O cristianismo de Jesus é vida e dinamismo. "Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos" (João 3.11).

Nos evangelhos podemos ver Jesus em constante movimento. Ora Ele se encontra em um monte, ora Ele está presente em uma sinagoga. Ele caminha por cidades e aldeias, por praias e desertos. Jesus fica diante de mendigos, cegos, prostitutas, paralíticos ou leprosos. Jesus participa de festas religiosas ou de banquetes sociais com publicanos e pecadores. Jesus dá atenção às crianças, ouve o clamor dos aflitos e sempre vai ao encontro do necessitado. O ministério terreno de Jesus não se limitou a algo que vemos nos dias de hoje em termos de especialistas apenas de "palanques" ou "púlpitos". Jesus sentia o cheiro das pessoas, ficava atento à dor dos cansados e oprimidos, sempre agindo, caminhando e vivendo o que pregava.

Com certeza Jesus também é lembrado por seus grandes ensinamentos e sermões, por suas doutrinas e parábolas. O Sermão da Montanha e a Parábola do Semeador, por exemplo, são famosos e lembrados por grandes oradores e mestres. Mas, o que mais se destacou em Jesus foi a Sua vida atuante, operante, confrontando as injustiças, curando os doentes, libertando os encarcerados de espírito, enfim, fazendo enquanto era dia, a obra do Pai (João 9.4). E aí deve estar o nosso objetivo de fé. No exemplo de Jesus devemos viver o cristianismo. "Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas" (1 Pedro 2.21).

Um trabalho literário que marcou muito o início da minha caminhada cristã foi o de Charles Sheldon: "Em Seus Passos o que Faria Jesus?". O título em si já é bastante sugestivo e desafiador. O livro nos faz refletir sobre respostas práticas que devemos dar em nome de Jesus no nosso dia a dia. O livro não é um convite à pesquisa teológica, mas, a uma posição cristã diante dos dilemas e complexidades da vida. Levando em conta a atual cultura midiática que nos bombardeia com tantas informações e notícias, deixando-nos com uma postura passiva e de alienação, provavelmente a proposta da obra de Sheldon tem mais relevância nos dias de hoje, do que no fim do século XIX, quando o livro então foi editado e impresso. Pois mais do que nunca urge vivermos um cristianismo que se movimenta e interage na comunidade local e na sociedade de uma forma geral.

Pelos noticiários somos informados das muitas misérias e injustiças no Brasil e no mundo. É a corrupção na política, a violência contra a mulher, famílias sendo destruídas pelo álcool e drogas, homicídios de jovens e adolescentes e tantas outras situações humilhantes e degradantes. E o que a Igreja tem feito? Há sim algumas iniciativas pontuais dignas de reconhecimento, mas tudo indica que é preciso muito mais. Parece que o que prevalece ainda é o cristianismo das escrivaninhas, das salas de aula, dos púlpitos. Precisamos mesmo do cristianismo das ruas, dos becos, das estradas, praças e cidades. Precisamos do cristianismo que olha nos olhos, que ouve o gemido do angustiado, que oferece pão ao faminto, o abraço ao carente e o aperto de mão a quem necessita de encorajamento. Enfim, precisamos do cristianismo cheio de vida que lida de modo prático com a vida das pessoas.

Tiago nos oferece um pensamento muito adequado e equilibrado a respeito do cristianismo. Para ele a fé coopera com as obras e "pelas obras a fé é aperfeiçoada" (2.23). O entendimento do apóstolo é que a fé se manifesta com atos de justiça. A sua conclusão, portanto, é que "assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta" (2.26). Tiago não aceita de jeito nenhum uma espécie de cristianismo que não tem efeito na prática do dia a dia. Ele cita um exemplo esclarecedor: "Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do mantimento de cada dia e um de vocês lhe disser: 'Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se', sem porém lhe dar nada, de que adianta isso?" (2.15,16 _ NVI). Um cristianismo assim, para Tiago, não tem a vida do Espírito. Pois cristianismo autêntico é aquele que se manifesta não apenas discursivamente, mas com atos e obras que reflitam a transformação em Jesus e toda orientação santa e graciosa do Seu evangelho redentor. É esse tipo de cristianismo que o mundo mais precisa.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Discernimento Espiritual

O discernimento espiritual tem a ver com a capacidade de se fazer juízo correto e verdadeiro em relação as coisas, pessoas, palavras ou circunstâncias, tendo por fundamento o caráter, os atributos e a vontade de Deus. Não é uma questão de mero entendimento intelectual, adquirido pelo raciocínio, pela lógica ou razão. Filósofos fazem uso da mente, recorrem à análise e à comparação, no entanto, só isso não os capacita ao discernimento espiritual. É preciso algo além das faculdades do intelecto. É preciso de uma revelação ou iluminação do Espírito.
 
Primeiramente, entendemos que o discernimento espiritual é uma capacitação do Espírito Santo. O apóstolo Paulo escrevendo à Igreja de Corinto reconhece que a alguns lhes é dado "o dom de discernir os espíritos" (1 Coríntios 12.10). Sabemos que uma das estratégias do diabo para confundir e enganar a Igreja é o uso de heresias e falsos mestres. Jesus mesmo chegou a dizer: "Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos" (Mateus 13.22). Somente com a capacitação do Espírito Santo o cristão poderá discernir a verdade da mentira e a luz das trevas.
 
Se os escolhidos não são enganados é devido a graciosidade do Espírito Santo que os guia a toda a verdade. "Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir" (João 16.13). Todavia, os que permitem ser ludibriados pelo erro é porque não vivem verdadeiramente na dimensão do Espírito. Sim, muitas vezes são religiosos, são inteligentes e até mesmo sinceros, mas tudo não passa de uma ação carnal, faltando-lhes, portanto, a dependência e a obra poderosa do Espírito Santo.
 
Ficamos perplexos como algumas pessoas são levadas ao erro facilmente. Ouvem sermões bíblicos, leem livros de conteúdo evangélico, estão quase sempre diante da verdade de Cristo, mas nunca aprendem de fato a verdade do Senhor. Por quê? Porque ainda não entraram plenamente ou ainda não aprenderam a reconhecer verdadeiramente aqueles "lugares celestiais em Cristo" (Efésios 1.3). Assim, são seduzidas pela aparência religiosa e facilmente atraídas por "sinais e prodígios" que não correspondem ao puro evangelho de Jesus. Essas pessoas precisam de um despertar e da experiência transbordante do derramamento do Espírito Santo de Deus.

Segundo, entendemos que o discernimento espiritual é para todos os que creem em Cristo. É verdade que alguns possuem esse dom mais destacado e aprofundado. O discernimento espiritual é um dos dons do Espírito. Mas, todos precisam de uma certa medida desse dom espiritual. Caso contrário, serão presas fáceis. Ouvirão um testemunho mirabolante e emocionante e, mesmo não tendo nada a ver com o evangelho, dirão na religiosidade da carne: amém, aleluia e glórias a Deus. Não estamos brincando nem zombando da fé de ninguém, apenas alertando. Nenhum cristão deve ser tão inocente a ponto de "engolir" tudo o que vê, lê ou ouve. Temos o Espírito de Deus que nos conduz à verdade de Cristo e à Sua Palavra que ilumina o nosso entendimento.

Todo cristão pode ter uma certa medida de discernimento espiritual, porque todo salvo pode estar transbordante do Espírito. O apóstolo Paulo escreveu para a Igreja de Éfeso: "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito" (Efésios 5.18). Talvez o grande problema é que essa orientação não tem sido levada tão a sério. Há cristãos fazendo ou querendo fazer de tudo no ministério eclesiástico, menos arrumar tempo para se encher do Espírito Santo. Sem dúvida, importa fazer a obra do Senhor, estudar, pesquisar e aprender sobre a Bíblia e a teologia, mas nada poderá substituir a nossa capacitação espiritual.

É interessante que nos dias de hoje os crentes têm acesso fácil a DVDs, CDs e livros que tratam da fé cristã, no entanto, muitas vezes não tem havido nenhuma transformação do caráter à semelhança de Cristo. A prova disso é que muitas igrejas estão divididas, muitos casais evangélicos recorrem pronta e facilmente ao divórcio, a pornografia não está presente apenas no "mundão", mas também nos arraiais cristãos, enfim, muitos são os que professam o nome de Jesus e que continuam derrotados ou escravizados pelo pecado. Importa considerar mais a recomendação paulina: "enchei-vos do Espírito".

Com discernimento espiritual enxergaremos melhor o que Deus tem para nós. Com discernimento espiritual perceberemos os perigos do "laço do passarinheiro" (Salmos 91.3). Com discernimento espiritual conseguiremos examinar tudo e reter o que é somente bom (1 Tessalonicenses 5.21). Com discernimento conseguiremos separar "entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro" (Ezequiel 44.23). Mas, sem o discernimento espiritual não há como filtrar nada ou quase nada. Estamos entendendo o que está sendo dito aqui? Se sim, então provavelmente, pela graça de Deus e ação do Espírito Santo estamos tendo discernimento espiritual.

Pr. Adriano Xavier Machado
 

Lance Armstrong _ sucesso é ter um bom nome

Sete vezes campeão no Tour de France.  Com o patrocínio de uma das maiores marcas desportivas, isto é, a Nike. Nada parecia detê-lo. Nem mesmo o câncer conseguiu derrotá-lo. Focado sempre para vencer, afirmou: "A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre". Assim foi o ciclista americano Lance Armstrong: sempre prosseguindo, sendo admirado e aplaudido por todos. Até que o uso de doping foi reconhecido, comprovado e divulgado. Aí não teve mais como levar adiante todo o esquema. Tudo o que havia construído desmoronou. De herói passa a ser o vilão. Das alturas experimentou uma terrível queda. Havia conseguido o sucesso e os títulos por vias não aceitáveis ou recomendáveis.
 

Lance Armstrong é um exemplo a não ser seguido. Estamos quase sempre pensando em sucesso, em construir uma carreira de destaque e promissora, em vencer todos os desafios que a vida nos apresenta, em ser uma referência profissional ou ministerial, enfim, não queremos ser detidos por nada nem por ninguém para se alcançar a glória, o auge e, conforme a possibilidade, o constante primeiro lugar. Contudo, precisamos saber se estamos seguindo pelo caminho correto. Não adianta sermos aplaudidos hoje e amanhã sermos vaiados. Não adianta fantasiarmos hoje e amanhã sermos desmascarados. O que pode levar anos para ser construído ou conquistado, em um dia tudo pode ser desfeito e ir embora como plumas ao vento, caso não haja a segurança de algo sólido, consistente e permanente. Sim, é importante prosseguir, perseverar e nunca desistir. Mas, é igualmente importante saber por onde estamos "pedalando".

Afirma uma música popular que, a "vida é feito andar de bicicleta: se parar você cai... Sempre alimente a esperança de vencer. Só duvide de quem duvida de você". Lance Armstrong pedalou. Nada o fez parar. Seu propósito foi vencer. Ele nunca duvidou do seu potencial. Ele sabia que podia ser um campeão. Contudo, o problema de Armstrong foi escolher o caminho errado para alcançar o seu objetivo. Aqui podemos parafrasear um texto bíblico: "há caminhos que parecem promissores, porém, são falsos, pois o fim deles é a destruição, a vergonha e humilhação". Sim, não basta apenas ter garra, é preciso seguir por um caminho totalmente ético, sensato, humilde, honesto, justo, verdadeiro, seguro e inteligente. Pode nem sempre ser fácil, mas, com toda certeza, sempre será o melhor. Pois, não adianta começar bem e terminar mal. Salomão já dizia: "Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas".

Há uma lenda que fala de uma sacerdotisa que pediu ao deus Apolo vida longa, mas se esqueceu de especificar a manutenção de sua juventude. Os anos se passaram e o seu corpo foi sendo desgastado. O que deveria ser um presente, passou a ser uma maldição. Vivendo por quase um milênio, o seu fim foi de solidão, amargura e em estrema feiura. Se soubesse fazer o pedido de maneira certa, poderia ter vivido desfrutando de todos os sabores e privilégios da beleza feminina. Ela sabia o que queria, mas não sabia como de fato conseguir o que desejava. O que deveria ser uma grande oportunidade, passou a ser a grande tragédia. Essa lenda nos faz lembrar de que não basta saber o que se quer, é preciso também saber como conseguir o objetivo. O processo é fundamental. O caminho escolhido é essencial. A direção que se segue é o que de fato faz a diferença.

Lance Armstrong errou o caminho. E quanto a nós? Estamos na direção certa? Vamos entender que se não estivermos seguindo por um caminho correto, os louros de hoje poderão ser transformados em espinhos amanhã, as recompensas em punições, as comemorações em lamentos. Todavia, se seguirmos na devida direção para se alcançar a vitória em tudo o que fazemos, constataremos de que vale muito "mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro". Porquanto, o verdadeiro sucesso não tem nada a ver com títulos, medalhas ou premiações, mas, com um nome que seja digno de respeito e consideração. Um nome que possa ser motivo de honra para os pais, de alegria para o cônjuge, de estima para os filhos, de lucidez para os amigos e, principalmente, de um nome que ache graça perante os ouvidos do Senhor. Saibamos acertar o caminho. O resultado será o sucesso de um nome abençoado com crédito entre os homens e aprovação nos céus.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Castelos de Areia

Quando criança gostávamos de fazer castelos de areia na praia. Por mais que houvesse esmero e cuidado, aquelas "construções" não tinham muita durabilidade. Ou eram desfeitas pelos ventos ou engolidas pelas ondas do mar. Isso nos faz lembrar a vida humana com os seus desafios, sonhos e projetos. Por mais que venhamos a construir coisas para a nossa satisfação, realização ou ainda para a nossa própria segurança, ventos e ondas da vida podem desfazer tudo num piscar de olhos. Os castelos que construímos são de areia.

 
Com o tempo aprendemos que o importante mesmo não é construirmos alguma coisa por nossas próprias forças ou sabedoria, mas permitirmos que Deus construa algo em nós e através de nós. Tudo o que podemos oferecer é de areia, passageiro e sem consistência. Contudo, o que vem de Deus resiste aos ventos e as ondas da vida. Toda obra divina tem durabilidade, eternidade. Por que, então, perdermos tempo com castelos de areia? Há um projeto divino seguro e que não poderá ser destruído ou desfeito por nada nem ninguém.
 
Certa vez Andrew Murray fez uma importante constatação: "Não pense no pouco que tem para oferecer para Deus, mas no quanto Ele lhe quer dar". Exatamente, temos muito pouco a oferecer, temos poucos recursos, mas, Deus tem muito a nos conceder. O Senhor tem maravilhas para o nosso viver. Logo, vamos de fato receber tudo o que o Senhor deseja compartilhar conosco. Vamos com ousadia abrir o coração para o Senhor, prontos para receber toda a Sua direção, verdade e luz. Deus deseja estar conosco, ajudando-nos a construir para a eternidade.

Há um texto bíblico que deveríamos lembrar sempre: "E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" (1 João 2.17). Não há nada no mundo que possa subsistir ao tempo ou trazer satisfação em todas as estações da vida. Não há eternidade no mundo nem nas suas obras. Tudo passa. Todavia, em Deus há muito mais do que podemos sonhar ou desejar. Quem faz a vontade d'Ele permanece para sempre. É a promessa bíblica. É o que nos ensina a Palavra de Deus. A obra divina no nosso viver não é de areia.

Venham os ventos. Venham as ondas. Sabemos em quem temos crido. Sabemos que Ele nos guarda em todo o tempo. Sabemos que Ele é por nós. Por mais intensos que sejam os ventos, o que Deus faz em nós não será desfeito. Por mais fortes que sejam as ondas, ainda ficaremos firmes e constantes. "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo" (Filipenses 1.6). "E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá" (1 Pedro 5.10). Amém.
 

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Adoração, relíquias e fé

Adorar a Deus. Eis um desafio constante na vida cristã. Sabemos que a adoração não pode ser de qualquer jeito, mas em espírito e em verdade (João 4.23,24). Mas, será que de fato estamos entendendo o que isso significa? Estamos realmente vivendo em uma época de muitos erros e enganos religiosos. Assim, tal qual a mulher samaritana que não sabia o que realmente adorava, muitos nos dias de hoje estão longe da verdadeira adoração. Para muitos o Espírito Santo continua testificando: "Vós adorais o que não conheceis".

 

De fato, não há nada de novo debaixo do Sol (Eclesiastes 1.9). A história da humanidade é cíclica. De certa forma, tudo se repete. E uma das coisas que vem se repetindo é a adoração sem conhecimento. Não estamos discutindo a sinceridade ou mesmo o fervor religioso, mas sim a ignorância e falta de sabedoria espiritual. No Antigo Testamento, o povo de Deus já perecia por falta de conhecimento (Oséias 4.6). O texto não se refere aos povos pagãos ou idólatras, mas ao povo de Deus que se encontrava no engano.

 

É muito fácil olharmos para o passado e apontarmos os erros cometidos. O problema é que temos muita dificuldade de fazermos uma autoavaliação. Ficamos imaginando gerações futuras estudando sobre a nossa época e ficando escandalizadas com os muitos desvios de nossas igrejas. Muito da adoração contemporânea é semelhante à veneração de relíquias e compras de indulgências do período medieval. A adoração de muitos cristãos não é de fato voltada para Deus, mas para objetos "sagrados" que foram "ungidos" por líderes eclesiásticos que "intercedem" pelo povo. Não há uma real fé que descansa, espera e confia em Jesus.

 

A adoração verdadeira está na dimensão espiritual. Não tem nada a ver com o que é palpável ou pode ser visto. A bênção de Deus não pode ser obtida com recursos materiais ou mecanismos humanos. "Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (João 4.24). E só podemos alcançar essa condição através de Jesus (João 14.6). Somente pela fé em Jesus podemos chegar ao trono da graça para recebermos socorro no momento oportuno (Hebreus 4.16). Não tem nada a ver mesmo com as receitas religiosas inventadas por homens. Só Jesus Cristo cura, liberta e salva.

 

Quando Jesus disse que a salvação vem dos judeus (João 4.22), Ele estava querendo dizer a respeito de Si mesmo como a fonte de toda bênção espiritual. Havia um debate sobre o verdadeiro lugar de adoração. Para os samaritanos seria no Monte Gerizim e para os judeus em Jerusalém. Podemos perceber que a discussão girava em torno de questões humanas e terrenas. Não se tinha uma autêntica percepção espiritual. Mas, Jesus explicou: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai... Mas a hora vem, e agora é..." (João 4.21,23). Por que Jesus disse "agora é"? Porque Ele já tinha vindo ao mundo para realizar uma obra poderosa que derrotaria o pecado e o diabo com todas as suas perversas e tenebrosas obras.

Quando avaliamos a Igreja em todos os tempos, percebemos as mentiras e heresias, exatamente pelo fato do desprezo ou ignorância do poder da mensagem da Cruz. Quando a Igreja perde o foco de Jesus e de Sua obra redentora, perde-se também a visão e o entendimento espiritual. Para o mundo, quando a obra da Cruz não é tida como suficiente, recorre-se ao sal grosso, ao galho de arruda, à água benta etc. Para o evangélico nos dias de hoje, quando a obra da Cruz não é totalmente suficiente, recorre-se aos lenços, às fronhas ou meias "ungidas" por pastores especialmente "ungidos". A bem da verdade, por mais dolorosa que seja, o erro de um é em essência, o mesmo erro do outro. Nada deve substituir a nossa confiança e dependência de tudo o que Jesus é e fez para nos salvar.

 

A adoração que Deus procura não se encontra em lugar, coisas ou em objetos sagrados e "ungidos", mas, sim, no Messias ou Cristo de Deus, Jesus. Messias é a palavra hebraica que significa ungido. Cristo é a palavra grega que tem o mesmo significado. Falemos claro, não precisamos ficar comprando objetos "ungidos" por homens com as mesmas fraquezas e limitações que nós, pois já foi pago um alto preço na Cruz para que tenhamos o perfeito Ungido de Deus agindo, operando e se manifestando em nós com poder e graça por meio da fé. A graça de Jesus é suficiente. E somente n'Ele encontramos a verdadeira adoração. A adoração que o Pai procura em espírito e em verdade.

Por fim, fique destacado: não basta adorarmos com sinceridade e empenho. De outro modo, poderemos ouvir: "Vós adorais o que não conheceis". Precisamos saber a quem estamos adorando. Conhecendo o evangelho não seremos enganados. "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo" (Romanos 10.17). Que tenhamos uma fé alicerçada na Palavra de Cristo. Pois todo aquele "que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha" (Mateus 7.24,25). E pela Palavra aprendemos que a Cruz é o novo e vivo caminho. Pela Cruz alcançamos o Céu. Pela cruz obtemos todas as bênçãos de Deus. Estamos verdadeiramente crendo nisso?

Pr. Adriano Xavier Machado

Senhor, ensina-nos a orar

 
Jesus, um dia os Teus discípulos pediram:
Senhor, ensina-nos a orar.
Esse mesmo pedido ainda fazemos a Ti:
Senhor, ensina-nos a orar.

Não clamamos a Ti uma oração modelo.
Já a temos e ela é perfeita e suficiente.
Mas, Senhor, ensina-nos a orar.
Ensina-nos a orar em todos os momentos,
tempos e estações.
Às vezes, tudo está muito frio,
corações insensíveis e distantes de Ti.
Ensina-nos a orar quando o inverno espiritual
for intenso, cortante e mortal. 

Senhor, ensina-nos a orar. 
Às vezes, tudo está muito colorido.
Na estrada da vida há flores e perfumes.
Mas, Senhor, ensina-nos a orar.

Não queremos ficar distraídos
com o encanto da primavera.
Aqui não é o nosso lugar de descanso.
Temos muito que prosseguir.
Temos muito que caminhar.
Senhor, ensina-nos a orar. 

Às vezes, as nuvens se dissipam,
o céu fica azul e o sol começa a brilhar.
O calor vem e ficamos ardentes para Ti.
Mas, com o calor, vem, também, as chuvas,
enchentes e inundações.
Mas, queremos estar firmes na rocha.

Queremos estar alicerçados na Tua Palavra.
Senhor, ensina-nos a orar.

Na estação dos frutos,
não tenhamos nada do que nos orgulhar,
a não ser em Ti, reconhecendo a Tua graça,
o Teu poder e o Teu amor.
Sim, oh, Deus, precisamos aprender a orar.
Em qualquer lugar, situação ou circunstância.
 

Senhor, ensina-nos a orar!

Pr. Adriano Xavier Machado

 

O Vício da Maledicência

O vício "é um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem" (Wikipédia). Muitos são os tipos de vícios, mas, parece que nada é tão ignorado quanto o vício da maledicência, isto é, o hábito repetitivo de falar mal das pessoas. Alguns gratuita e facilmente gostam de criticar e de ver defeitos nas pessoas e no que elas fazem. São os viciados em falar mal. São homens e mulheres que necessitam de libertação. São homens e mulheres que necessitam de cura espiritual.
 
A maledicência em um primeiro momento pode trazer satisfação a quem dela faz uso, mas, sempre traz algum tipo de prejuízo para o espírito. A maledicência prejudica também a unidade e a comunhão do Corpo. Nenhum grupo consegue sobreviver com contínuas conversações maldosas e maliciosas. O vício da maledicência traz prejuízo tanto pessoal quanto coletivamente. Por isso o apóstolo Paulo orientava:"Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca" (Colossenses 3.8).
 
Alguns casos de vícios da maledicência são tão extremos que, os dependentes perdem totalmente a noção. Às vezes, dentro de um ônibus ou trem, em uma fila de banco ou até mesmo em um trabalho qualquer da igreja, começam a falar mal de tudo e de todos. É comum rapazes e moças usando drogas em calçadas ou praças, não é verdade? Eles muitas vezes nem se importam com os transeuntes. Assim, também, são os viciados na maledicência. Falam mal sem se importar com quem está perto. Falam mal perto de crianças, novos convertidos e até de não crentes. 
 
Sim, tem muitos crentes sem noção, falam mal de qualquer pessoa e perto de qualquer um, porque estão acorrentados pela maledicência. Ignoram a orientação bíblica: "Deixando, pois, toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações" (1 Pedro 2.1). Com certeza, tais viciados também precisam ser amados. Mas, quando não aceitam ajuda e tratamento é melhor manter distância. "E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles" (Romanos 16.17).

É possível ser liberto do vício da maledicência. Segundo alguns estudiosos das ciências humanas, "a nossa predisposição determina a nossa percepção". Assim, tudo é maravilhoso para quem está maravilhosamente bem, tudo é horrível para quem está terrivelmente mal. Decerto, ninguém deve ser ingênuo a ponto de pensar que a vida é como Alice no País das Maravilhas, mas também ninguém deve ser tão cego a ponto de acreditar que a vida se assemelha ao Mito da Caverna de Platão, onde tudo só é escuridão. Com equilíbrio, sabedoria e graça, alcança-se o discernimento adequado. Assim, o que realmente tiver de ser dito, será dito na hora certa, com a pessoa certa e do modo certo, tudo para a honra e a glória do nome de Jesus. Todavia, nada de maledicência. Ficar falando mal dos outros não convém aos filhos de Deus.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

Demonstração de Humildade e Serviço

Em uma cultura como a nossa que valoriza tanto o status social, a posição hierárquica e a capacidade em exercer poder, o que Jesus fez em João 13, ao lavar os pés dos discípulos, é muito estranho. A propósito, para os discípulos também não foi nada simples. Inclusive, Jesus teve que explicar para o apóstolo Pedro: "O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois". O gesto de Jesus só pode ser mesmo absorvido e compreendido com o discernimento espiritual. Onde já se viu, o Senhor se curvar perante os servos? Como pode o Mestre lavar os pés dos discípulos? Jesus responde: "Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns dos outros". 
 
Jesus nos dá o exemplo de humildade e serviço. O problema é que muitos não querem aprender isso. Pensam que ser um bom líder é apenas estar na frente de algum projeto, em posição de comando e destaque, fazendo somente a parte mais cômoda e desejável. Não conhecem o poder e a graça de servir em todo tempo. Não sabem o que de fato é o Reino de Deus. Naquele momento os discípulos não terem entendido a iniciativa de Jesus, até se justifica, porquanto era algo novo, era algo que eles ainda não tinham visto. Mas, quanto a nós, já sabemos do exemplo de Jesus. Já conhecemos o Seu ensinamento: "Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo"  (Mateus 20.25-27).
 
O que geralmente tem impedido a postura cristã correta é a busca constante de autoafirmação. Pessoas carentes, que não reconhecem o valor que têm em Cristo, que não entendem o privilégio e a glória do servir com amor, não conseguem se doar sem esperar algo em troca, quer seja atenção, elogio, reconhecimento, carinho, estima etc. É claro que tudo isso é muito sutil. As fraquezas e carências humanas sabem ficar na moita, escondidinhas, só aproveitando as brechas. O problema é que a busca de autoafirmação em uma postura que não seja verdadeiramente o servir no exemplo de Jesus, nunca trará realização, satisfação e alegria. Sempre faltará algo. Apenas fazendo algo para o semelhante no amor e simplicidade de Jesus encontraremos a verdadeira felicidade. Lavando os pés uns dos outros demonstramos o autêntico cristianismo.
 
O interessante é que Jesus lavou os pés dos discípulos. Ele não lavou as mãos ou a cabeça deles, mas, sim, os pés. É o serviço que ninguém quer fazer. É o serviço menos atraente. É o serviço que não traz reputação. É o serviço que crucifica o orgulho da carne. Se realmente queremos experimentar a maturidade cristã, não podemos fazer só o que gostamos e apreciamos. Temos que estar dispostos a nos humilhar. Esse é o caminho da bem-aventurança. Jesus explica: "Portanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado" (Lucas 14.11). O lavar os pés uns dos outros não é em vão. É o que nos conduz a uma posição de honra no Reino de Deus. Portanto, façamos o melhor uns para com os outros. Façamos o máximo para servirmos uns aos outros.

Não obstante, para lavarmos os pés uns dos outros temos que aprender a considerar os outros superiores a nós mesmos. Vamos confessar, não é o que fazemos na prática, não é verdade? No fundo todos nós valorizamos mais as nossas experiências, os nossos conhecimentos, as nossas ideias, os nossos conceitos etc. Tanto é assim que, a insubmissão a qualquer tipo de autoridade é muito frequente. As pessoas dificilmente aceitam se curvar perante o outro, dificilmente sabem ceder, dificilmente conseguem "engolir sapos". Querem sempre estar por cima, querem sempre deixar a última palavra. Mas, Jesus nos deu o exemplo para que O sigamos. Assim, temos encontrado irmãos e irmãs na fé que aprenderam de fato o evangelho. São pessoas que sabem servir ao próximo como se fosse ao próprio Senhor Jesus. Muitas delas, talvez, nunca serão reconhecidas nesta vida. No entanto, quando o Senhor Jesus voltar, serão plenamente recompensadas. Glórias a Deus eternamente.


Pr. Adriano Xavier Machado

O Amor de Deus é Incondicional

O amor de Deus é incondicional. Isso significa que "não há restrições, não está sujeito a condições, é um estado absoluto, total, pleno, ilimitado". Deus está sempre pronto para amar, pois Ele é amor  (1 João 4:16). Nada pode mudar o Seu caráter, a Sua natureza nem o Seu atributo moral. Ainda que sejamos indiferentes ou infiéis, Ele "permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo" (2 Timóteo 2:13). Por isso, apesar de todas as injustiças, mentiras, malícias e iniquidades da humanidade, Deus continua amando o mundo inteiro (João 3:16). Se o amor de Deus fosse condicional, então o amor d'Ele jamais alcançaria o mundo pagão, idólatra e pecador. Se o amor de Deus fosse condicional, ainda prevaleceria a Lei: "vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé" (Deuteronômio 19:21). Mas, porque o amor de Deus é incondicional, Ele "faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos" (Mateus 5:45). Terrível tragédia seria se o amor de Deus fosse condicional, se dependesse das atitudes, da obediência ou fidelidade do ser humano. Onde estaria a esperança? Como poderíamos ser aceitos por Ele, uma vez que "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3:23)? Como considerou Salomão: "Na verdade que não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque" (Eclesiastes 7:20). Contudo, por Seu amor puro e perfeito, Deus estabeleceu um plano para a salvação de todos. Sim, Deus nos ama porquanto deseja que O amemos e O obedeçamos em tudo. O Seu amor exige uma resposta. Alguns se voltam para Ele, com arrependimento dos seus pecados, confiando completamente na manifestação da Sua graça em Jesus. Outros, nem se importam, ignoram a obra divina da Cruz. Mas, Deus continua amando. Deus continua trabalhando com misericórdia e graça, movido sempre por Seu amor.  "As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim" (Lamentações 3:22). Aleluia, o amor de Deus é incondicional, nada poderá mudar isso. E é devido a esse amor que, podemos aprender a seguir o caminho do amor. "Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro" (1 João 4:19). Antes de terminar, fazemos questão de lembrar de que este breve texto foi escrito com toda humildade, para que simplesmente prevaleça o gracioso ensino do evangelho de Jesus Cristo. Pois "Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8). Amém.

Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores

Romanos 5:8

Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores

Romanos 5:8Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Onde está o Céu?

Onde está o Céu? O que fizeram do Céu? Houve um tempo em que a Igreja tinha em seu repertório a mensagem da Cruz e o regozijo antecipado do Céu. Antes apreciávamos canções que diziam algo assim: "Este mundo jamais pode me separar dos valores celestiais que, eu vou receber. Meu tesouro e esperança estão no meu novo lar. Sou herdeiro com Cristo, vou com Ele morar". Hoje podemos ouvir muitas músicas cristãs e não vemos mais o Céu. Sim, sejamos justos, ainda alguns homens e mulheres de Deus se arriscam em composições sacras que lembram da glória celestial, mas fazem parte de um grupo muito reduzido e muitas vezes até sem muita influência no "mercado gospel". Igualmente, em muitas pregações contemporâneas não encontramos mais o Céu. Fala-se de dinheiro, saúde e êxito, mas onde está o Céu? Será que a Igreja não almeja mais as mansões do novo Lar? Será que a Igreja está mais preocupada com as coisas terrenas do que com as celestiais? Se assim for, como então poderemos seguir a instrução de Jesus: "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam." (Mateus 6:19-20 - ARA)?

Precisamos lembrar que tudo deste mundo é passageiro. Precisamos estar convencidos de que desta vida nada poderemos levar para o Céu, a não ser os tesouros espirituais. Não importa a cor dos nossos olhos, o corte e o penteado que fazemos, a roupa que vestimos, a casa ou o apartamento onde moramos, os títulos que conquistamos, a conta bancária que adquirimos ou qualquer outra coisa nesses termos, nada disso permanecerá quando estivermos face a face com o Senhor Jesus. Se sabemos disso, então, por que na prática não investimos mais no Reino de Deus? Amados, o tempo está próximo. Aceitando isso ou não, cada dia se aproxima o Dia da vinda de Jesus. Por essa ocasião, os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro, depois, os que em Cristo estiverem vivos, serão "arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares" (1 Tessalonicenses 4:15-17). Em Cristo Jesus teremos um novo corpo, um novo nome, um novo céu e uma nova terra. Assim, deveríamos lembrar mais com temor e tremor a parábola do rico e Lázaro (Lucas 16:19-31). Haverá um tempo em que não poderemos fazer mais nada por nossas almas. Este é o tempo para nos acertarmos com Deus e fazermos o devido investimento espiritual. Portanto, não endureçamos o coração com os prazeres da carne e os deleites do mundo. "E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" (1 João 2:17). Que possamos escolher o Céu, amar o Céu e sonhar com o Céu. Lá está o nosso tesouro eterno. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

 "Pai, sou gay"

Encontra-se na internet um vídeo muito visualisado de um jovem militar americano de 21 anos, dizendo por meio de um celular: "Pai, sou gay". Convenhamos, não é nada fácil um pai ouvir isso do seu próprio filho. Esse discurso midiático de que o homossexualismo é algo normal e que todos precisam aceitar isso de forma bem natural é conversa "mole" para quem não está tratando a questão com responsabilidade e seriedade. Que pai ou mãe em seu perfeito juízo irá se alegrar com o desvio sexual de seu filho? Em um programa de televisão uma modelo disse: "Eu amo os gays de paixão, mas o meu filho não". Bem diz o ditado popular: "Pimenta nos olhos dos outros é refresco". Com isso vemos que está faltando mesmo muita serenidade e verdade para tratar do assunto. Há muita hipocrisia e apelação. Há muito impulso precipitado nas conclusões e paixão cega nas defesas da prática homossexual. Somos parte de uma geração que avança tanto no aperfeiçoamento tecnológico, mas tão atrasada para tratar dos dilemas humanos. Parece que nunca vimos um mundo tão fraco em suas convicções, em seus valores e em seus princípios como nos dias de hoje. Tudo que "pega onda" nos programas televisivos parece "fazer a cabeça" da maioria da população. Argumentos e discursos baratos são repetidos por uma massa manobrada por um pseudo conhecimento filosófico e científico. E o pior, parece que o grupo maior dessa massa controlada é constituída por pessoas que de fato deveriam demonstrar capacidade de pensamento, análise e raciocínio, ou seja, acadêmicos, professores, psicólogos, jornalistas etc. Assim, vemos homens e mulheres falando do que não entendem e escrevendo sobre assuntos que dominam em parte. Mas, atitudes como essas não são exclusivas de nossa época. Houve um tempo em que estudiosos tentavam justificar certas ações políticas contra os negros afirmando que eles faziam parte de uma "raça inferior". Os nazistas também tentaram usar a ciência para os seus próprios fins de expansão e domínio. E lamentavelmente muitos estão tentando usar a ciência para os seus próprios interesses políticos e mercadológicos, enganando, assim, o povo, iludindo a sociedade com argumentos descabidos, frágeis e sem fundamento. Sim, tem muita gente querendo crescer politicamente e querendo vender os seus livros, filmes, novelas e programas televisivos em cima de um "novo" discurso e de um suposto conhecimento. É certo que devemos combater a intolerância. Ninguém deve promover apedrejamento, espancamento ou fogueira para os que seguem uma orientação sexual diferente. Homofobia jamais. O respeito ao próximo deve prevalecer sempre. No Irã, o homossexualismo é crime combatido com a pena de morte. Um País assim ninguém merece. Mas, já está na hora da sociedade ocidental se posicionar com inteligência e coerência. Essa palavra vai para quem tem ouvidos para ouvir, para quem tem cabeça para pensar: será que há mesmo como justificar o homossexualismo? Um erro jamais deveria ser usado para justificar um outro erro. Não é porque o preconceito e a discriminação precisam ser combatidos que, o homossexualismo tem que ser defendido, apoiado ou ainda promovido. Todavia, algumas séries televisivas, tal como Glee, fazem isso descaradamente, compartilhando uma ideologia patológica e sem qualquer compromisso responsável com os telespectadores, principalmente com os jovens e adolescentes. Ninguém nasce gay. Aliás, o ser humano ou nasce com o sexo masculino ou nasce com o sexo feminino, mas o comportamento masculino ou feminino é algo a ser aprendido. A natureza biológica é herdada, mas o comportamento é adquirido. Se na Coréia do Sul é aceitável rapazes caminharem juntos de mãos dadas, isso no Brasil seria muito estranho. Com esse exemplo fica mais fácil distinguirmos a natureza biológica do comportamento adquirido culturalmente. Em cada sociedade aprendemos o comportamento do homem e o comportamento da mulher. Assim, tradicionalmente a nossa sociedade definiu que roupa azul é para meninos e que roupa rosa é para meninas. Vamos entender que isso é apenas uma herança cultural, mas não biológica. Não é a roupa azul que faz do um menino um menino, nem é a roupa rosa que faz da menina uma menina. Mas, como situar o homossexualismo biologicamente falando? Ah, não pode o caso do hermafrodita servir de argumento. O hermafrodita é um caso totalmente diferente do homossexualismo. O primeiro é devido a uma "má formação embrionária", o segundo é em consequência de um desvio psicológico e comportamental. O homossexualismo não tem nada a ver com a genética nem mesmo como uma necessidade antropológica. Seja em qualquer área do conhecimento, homem e mulher se completam, homem e mulher se ajustam, homem e mulher conseguem cumprir um propósito maior na natureza e na sociedade. Já é do conhecimento de muitos que certa vez Clodovil confessou"Não tenho orgulho de transar com homem". E por quê? Porque todo desvio, quer seja moral, ético, psicológico ou comportamental, não traz mesmo plena realização para o ser humano. O orgulho gay nada mais é do que uma fuga psicológica, um recurso para atenuar os conflitos internos, uma autêntica mentira imposta por quem não tem humildade suficiente para reconhecer as suas fraquezas e necessidades espirituais. No entanto, este breve artigo, embora em certo sentido esteja na contramão do pensamento que prevalece nos meios de comunicação, não vem para julgar nem condenar ninguém. Mas, sim, para estimular um pensamento ou debate que possa servir de apoio para quem reconhece que precisa de ajuda. Não basta a Igreja lutar contra o avanço dos direitos homossexuais.  Embora seja importante, o maior desafio da Igreja não é combater o Projeto de Lei da Câmara 122 de 2006 (PL 122), mas sim deter as trevas do mal que têm cegado o entendimento de muitos. A Igreja tem que aprender a se posicionar com a graça do Senhor para que as palavras de Jesus sejam confirmadas na dinâmica do Reino: "Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores em arrependimento" (Marcos 2.17). Deus nos ajude e ilumine todos os nossos passos para sermos verdadeiros representantes de Cristo na terra com o amor que pode curar a alma do pecador. "E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos..." (Gênesis 1:27,28).

Pr. Adriano Xavier Machado  

Teologia da Saúde e Teologia da Cruz

 

Quando lemos os evangelhos, ficamos maravilhados quando Jesus demonstrava sua autoridade quer seja sobre a natureza, os espíritos demoníacos e ainda sobre toda espécie de enfermidade. Jesus curou leprosos, deu visão aos cegos e fez com que paralíticos andassem. Não precisamos ter nenhuma dúvida quanto ao ministério de cura de Jesus.  No entanto, muitos acabam confundindo as coisas. Assim, temos em voga a Teologia da Saúde que afirma que o crente não fica doente ou que Deus irá curar toda doença ao que responde com fé. Será assim mesmo? O que a Bíblia tem a nos ensinar? 
 
Um texto muito usado pelos "evangelistas" da saúde é o de Isaías 53.4: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si". Em nenhum momento questionamos o ensino da Palavra de Deus. Mas, será que estamos compreendendo mesmo o que o texto está dizendo? Será que a Bíblia está dizendo que Jesus irá curar as enfermidades de todos os crentes? O que o profeta registrou, certamente se confirmou. Jesus operou sinais e maravilhas durante o Seu ministério terreno. Não significa que Ele tenha curado a todos de sua época. No evangelho de Marcos encontramos uma indicação disso: "E curou muitos que se achavam enfermos de diversas enfermidades " (1.34). O texto fala de muitos e não de todos. O que queremos dizer é que Jesus cura, mas não significa que Ele irá curar a todos.
 
Passeando um pouco pelo Novo Testamento encontramos Epafrodito, a quem o apóstolo Paulo reconheceu:"irmão e cooperador, e companheiro nos combates" (Filipenses 2.25). A esse mesmo servo de Deus, Paulo testificou:  "E de fato esteve doente, e quase à morte" (Filipenses 2.27). Epafrodito ficou doente mesmo sendo cristão, mas segundo o propósito divino Ele foi depois curado. Passeando mais um pouco pelo Novo Testamento encontramos Timóteo, a quem o apóstolo Paulo recomendou para que bebesse um pouco de vinho por causa de seu estômago e de suas "frequentes enfermidades" (1 Timóteo 5.23). Já de Timóteo não se fala de cura, mas sim de tratamento e cuidados com a saúde, pois constantemente ficava debilitado fisicamente. Se continuarmos com esse passeio, logo encontraremos Trófimo, companheiro do apóstolo Paulo, que se encontrava "doente em Mileto" (2 Timóteo 4.20).  Ah, podemos citar mais um exemplo. O próprio apóstolo Paulo: "Embora a minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém; pelo contrário, receberam-me como se eu fosse um anjo de Deus, como próprio Cristo Jesus" (Gálatas 4.14 - NVI). Se o cristão não pode ficar doente, como então explicar tais passagens?
 
Quando pensamos na Teologia da Cruz, entendemos que Jesus levou sobre si todos os nossos pecados. Isso não significa que não iremos deixar de pecar, pelo menos enquanto não tivermos um corpo glorificado. O pecado habita em nós (Romanos 7.17, 20). Contudo, o pecado não tem mais domínio sobre o nosso viver (Romanos 6.14). Fomos verdadeiramente libertos (João 8.36). Se os "evangelistas" da saúde usassem o mesmo princípio de interpretação, então ficaria mais ou menos assim: na Cruz Jesus leva sobre si todos os nossos pecados e maldições, mas não significa que não iremos pecar mais, como também não significa que nunca mais ficaremos doentes. No entanto, está garantido. Um dia teremos um novo corpo, sem pecado, sem maldição ou enfermidade. Então, por fim, seremos semelhantes a Jesus. Veremos que nesse dia "não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Apocalipse 21.4).
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

Espiritualidade e Intelectualidade

No meio cristão, ainda muitos pensam que há uma dualidade incompatível entre o espírito e a mente. Imaginam, ainda que subjetivamente, que todo o investimento no espírito é bom, mas que o uso da mente é algo que corrompe a fé. Quantas vezes já ouvimos: "a letra mata". Ouvimos isso de pessoas que não entenderam o sentido e o contexto bíblico e que tentam justificar o afastamento do raciocínio, acreditando que assim poderão crescer mais espiritualmente. Então, tudo o que diz respeito à intelectualidade é negligenciado. Todavia, quando nos reportamos para a Palavra de Deus, podemos perceber que uma coisa não deve eximir a outra. Jesus falando sobre o resumo da Lei, indicou que devemos amar a Deus tanto com a nossa alma quanto com o nosso entendimento. Em outros termos, o uso do raciocínio também é exigido. Por que é assim? Porque Deus nos criou como seres capazes de usar a imaginação, o pensamento e a criatividade. Não somos como um computador que apenas recebe e repassa informações, sem de fato interpretar, analisar, considerar ou entender. O computador pode até estar correto em tudo o que nos informa, mas a inteligência não é dele mesmo, mas do homem que o formatou e projetou. Não somos máquinas. Não somos robôs. Somos seres criados à imagem e semelhança de Deus. Quem apenas reproduz informações sem pensar, está desprezando a capacidade e o dom que Deus lhe deu. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo, desafiou-o: "Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino" (1 Timóteo 4.16). O cuidado era com a sua vida e com a doutrina do evangelho. Timóteo não deveria ser imprudente com sua maneira de viver nem com a razão de sua fé. Pois de outro modo seria uma presa fácil do engano, da mentira e das heresias. Portanto, cresçamos na fé e na graça de Cristo Jesus para que tenhamos uma vida segundo a vontade de Deus, mas também, tenhamos ousadia para fazermos uso do pensamento, da mente, aprendendo sempre a verdadeira doutrina do evangelho, pois só assim poderemos conhecer e praticar o culto racional (Romanos 12.1). Espiritualidade e intelectualidade podem perfeitamente caminhar de mãos dadas para a glória do Senhor.

 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

Escolhido Sim! Capacitado Sim!

Dou início a essa reflexão com temor e misericórdia. Mas penso que seja necessária. Cada vez mais estou convencido de que para servir ao Senhor, não basta coração, é preciso estar preparado. Sei que muitas pessoas não gostam de ouvir esse discurso, principalmente aqueles que adoram repetir: "Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos". Sinceramente, esse pensamento é muito mal compreendido. Ser escolhido por Deus é uma coisa. Para ser escolhido não precisa ser capacitado, mas para fazer a obra do Senhor é preciso mesmo de capacitação. Os apóstolos tiveram três anos de preparação com o próprio Senhor Jesus e só então receberam o mandamento: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Marcos 16.15). Assim, podemos perceber que não basta ser escolhido, é preciso ser capacitado.

Infelizmente, muitos que desejam servir ao Senhor, acabam fazendo estragos nas igrejas e às vezes até em comunidades inteiras. A Igreja de Jerusalém, segundo o livro de Atos, caía na graça do povo (Atos 2.47). A ação do Espírito Santo era tão poderosa, o compromisso com a doutrina dos apóstolos era tão intensa e a comunhão tão evidente que, toda a comunidade não cristã ficava maravilhada, impactada. Mas alguns ministérios nos dias de hoje, por onde passam, não deixam um bom testemunho do evangelho de Cristo.Em vez de graça, o rastro é de desgraça. Não digo que haja má fé em muitos desses obreiros e ministérios. Em muitos casos é falta de um devido preparo para o serviço do Senhor. O pior é que depois vem as perseguições, os problemas, as críticas e situações contrárias, e o diabo é quem leva a culpa. 

Ah, Jesus tenha misericórdia do Seu povo. Ilumine o nosso entendimento com a Sua Palavra. Dai-nos verdadeiro discernimento espiritual. Capacita-nos com o Espírito Santo para fazermos a Sua obra segundo a Sua vontade. Livra-nos de toda preguiça mental. Que possamos ter sabedoria dos altos céus. Que possamos compreender que maldito é aquele que faz a obra do Senhor relaxadamente (Jeremias 48.10). Que possamos fazer a obra com amor e compromisso. Em nome de Jesus, amém. Escolhido sim, mas, também capacitado.

Pr. Adriano Xavier Machado

Comunhão: o melhor método de crescimento da Igreja

Comunhão. Estar em comum acordo. Não significa ter as mesmas ideias, as mesmas opiniões ou formular os mesmos conceitos. Mas é a capacidade de chegar a um resultado que seja proveitoso para todos, como Corpo do Senhor Jesus Cristo, considerando que temos um só Senhor, uma só fé e um só batismo (Efésios 4.5). Matthew Henry já dizia: "O homem é feito para a sociedade, e os cristãos, para a comunhão dos santos". Mas, para isso é preciso humildade, é preciso saber ceder, é preciso saber abrir mão, é preciso saber construir com cada tijolo de pensamento que é oferecido, e que em nada prejudica o objetivo do Reino. Em uma construção cada tijolo assentado é importante, assim é cada membro do Corpo com suas sugestões e considerações. Ninguém pode ser descartado, ninguém pode ser desvalorizado, ninguém pode ser esquecido. Um pensador já dizia que "em todo homem há algo que eu posso aprender com ele, e nisso sou seu discípulo". É verdade, sempre podemos aprender algo com alguém. Ninguém é um poço totalmente vazio, sem nada a oferecer, sem nada a contribuir. Uma querida ovelha escreveu em seu blog uma importante mensagem sobre intolerância quando esteve destacando que quando falta disposição para "ouvir e aceitar opiniões opostas, quando não há flexibilidade quanto ao gosto ou vontade do outro, a comunhão e a unidade correm um sério risco" *. Assim sendo, o progresso de um projeto, de um trabalho, depende do empenho e da colaboração de todos, mesmo havendo diferenças. "Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos". (1 Coríntios 12.4-6). Apesar da diversidade de dons, de ministérios e de operações, o Senhor é o mesmo. E isso já basta para vivermos em comunhão. Comunhão é o segredo. Comunhão é a resposta para o sucesso da obra do Senhor. "E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar" (Atos 2.46,47). Portanto, que não percamos a oportunidade de estarmos juntos, de mãos dadas, cooperando, incentivando e amando em Cristo Jesus. Que o Espírito Santo nos ajude a viver a autêntica comunhão cristã. 

Pr. Adriano Xavier Machado

https://ivan-aralde.blogspot.com.br/2012/05/intolerancia.html

 

Humildade: a graciosidade do amor

O amor tem muitas cores, muitas facetas e, consequentemente, muita beleza para ser apreciada. Mas, nada se compara com a graciosidade de sua humildade. Por isso que o apóstolo Paulo assegura que o amor não é soberbo (1 Coríntios 13.4). Aliás, não há nada que cega, prejudica e corrompe tanto, quanto o pecado do orgulho. Como resumiu Agostinho de Hipona, "o orgulho é a fonte de todas as fraquezas, porque é a fonte de todos os vícios".

 

Se o orgulho é a fonte de todas as fraquezas e vícios, não precisamos ter dúvidas de que a humildade é a fonte de todas as virtudes e bênçãos do Alto. "A recompensa da humildade e do temor do Senhor são a riqueza, a honra e a vida" (Provérbios 22.4). "O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a humildade antecede a honra" (Provérbios 15.33). É com humildade que desfrutamos das maravilhas do Senhor.

 
Mas é também com humildade que conseguimos viver melhor os nossos relacionamentos interpessoais. Não há comunhão, amizade, namoro ou casamento bem-sucedidos sem essa graciosidade do amor. Sem humildade só enxergamos defeito na vida das pessoas, pois nos sentimos melhores e superiores aos outros, o que não tem nada a ver com o exemplo bíblico. Como o apóstolo Paulo orientou: "Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos" (Filipenses 2.3). 
 
Portanto, se queremos de fato viver o verdadeiro amor cristão, não podemos caminhar na trilha da arrogância. Em tudo dependemos da graça de Deus. Nada conseguimos ser ou fazer por nós mesmos. No seu orgulho, Nabucodonosor disse: "Acaso não é esta a grande Babilônia que eu construí como capital do meu reino, com o meu enorme poder e para a glória da minha majestade?". Deus o repreendeu por isso. Nabucodonosor  perdeu o seu trono e foi expulso do seu palácio. Passou a viver como um louco em meio aos animais. Mas depois de humilhado, aprendeu e reconheceu: "Agora eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico o Rei dos céus, porque tudo o que ele faz é certo, e todos os seus caminhos são justos. E ele tem poder para humilhar aqueles que vivem em arrogância" (Daniel 4.30,37). Deus nos abençoe com a humildade, a graciosidade do amor.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

A Inteligência do Amor

Nada tem sido tão deteriorado e deturpado nos dias de hoje quanto o conceito de amor. Afirma-se que o amor é cego e que o coração tem razões que a própria razão desconhece. Que o amor cobre uma multidão de pecados é fato, mas cego jamais, pois o amor ilumina sem ofuscar, sem embaçar. Que o amor não é frio nem calculista como a razão, sem dúvida, mas o amor nunca é ignorante, o amor nunca é um ato irreflexivo, porquanto o amor não é leviano (1 Coríntios 13.4).

 
De acordo com o dicionário a leviandade trata-se de um ato imprudente, inconsequente, sem qualquer reflexão. Um ato nesses termos pode ser tudo, menos amor. Contudo, por causa de uma mentalidade equivocada a respeito do amor, muitos tomam decisões erradas, muitos fazem escolhas absurdas, muitos se precipitam em um abismo de dor e sofrimento que não se justifica. É certo que o caminho do amor nem sempre é fácil ou confortável, todavia, o amor não se precipita, pois o amor é sempre um ato inteligente.

Certa jovem namorava um viciado em drogas. De vez em quando ela apanhava dele. Um dia ela me perguntou o que eu achava desse namoro. Como não desejava dar uma resposta pronta, fiz uma pergunta: "Se você fosse mãe de uma menina, você gostaria que ela namorasse um rapaz que batesse nela?" De pronto ela respondeu: "Não!". Então em seguida disse: "Aí está a resposta para a sua pergunta". Ela ficou surpresa com o que havia acabado de compreender. Ela entendeu perfeitamente que aquele namoro era uma "furada", não iria levar a nada de bom.
 
O amor não é cego. O amor nos dá capacidade de pensar, avaliar e analisar. O amor sabe diferenciar o que é descartável e o que é essencial, sabe separar a erva daninha das flores. O amor não é leviano. O amor não é algo insano. "Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo: 'Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar'. Ou, qual é o rei que, pretendendo sair à guerra contra outro rei, primeiro não se assenta e pensa se com dez mil homens é capaz de enfrentar aquele que vem contra ele com vinte mil? Se não for capaz, enviará uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, e pedirá um acordo de paz" (Lucas 24.28-32 _ NVI).
 
O problema é que muitas pessoas querem viver no impulso de suas paixões e desejos, sem considerar as consequências de suas escolhas, de suas decisões, de suas palavras ou mesmo de seus atos. Vivem algo semelhante ao antigo verso musical: "Não me interessa o que de mais existe. Quero que você me aqueça nesse inverno. E que tudo mais vá pro inferno". Por mais romântico que isso possa parecer, na verdade não passa de uma posição patológica, egoísta e até mesmo presunçosa. Pois o amor não se centraliza apenas nos seus sonhos, interesses ou necessidades físicas e psicológicas. O amor não fica fechado em um mundinho limitado aos desejos mesquinhos, sem se importar com os demais. O amor é um ato nobre, responsável e coerente. O amor é uma atitude inteligente, e, não, um ato inconsequente. Se "crer é também pensar", não tenhamos dúvida de que muito mais ainda o amor sabe pensar.

O amor não é leviano, mas será que estamos exercendo a inteligência do amor? Será que muitas vezes não estamos sendo omissos exatamente porque temos tido medo ou insegurança de pensar? Às vezes, em nome do amor se faz vista grossa ou ainda se ignora os erros e pecados. Às vezes, em nome do amor a Igreja se cala quando deveria denunciar. Às vezes, em nome do amor os crentes não examinam as profecias, acreditando que tudo vem de Deus. Às vezes, em nome do amor o que importa é louvar e pregar, mesmo que não haja preparo e dedicação para isso, contudo sempre há o discurso pronto: "É para o Senhor". Amados, o amor não é cego nem irracional. Portanto, saibamos viver a inteligência do amor para a glória de Deus.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

Viva o Amor! Abaixo a Inveja!

Na vida todos nós temos alguma oportunidade. Deus abençoa a todos com alguma graça. O Seu amor é para todos. Mas, muitas vezes temos tido dificuldades em reconhecer as bênçãos que Deus tem nos dado. Assim, parece que tudo o que é distante é melhor, tudo o que pertence ao outro é mais bonito e satisfatório. Desse modo começa a germinar a inveja. Segundo a Wikipédia, a inveja é "um sentimento de tristeza perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem". Sim, enquanto o amor faz bem, produzindo sentimentos e posturas saudáveis, a inveja promove tristeza, amargura e angústia. Em Provérbios 14.30 diz que o "sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos".

A inveja estraga a saúde da alma, do espírito e do corpo. A inveja é um veneno para a vida. A inveja corrói . "Assim como a ferrugem consome o ferro, a inveja consome o invejoso". O ferro em contato com o oxigênio resulta na oxidação. É um processo lento que não faz barulho, alarde algum, mas que destrói o ferro. Para evitar essa oxidação, geralmente, pinta-se o ferro. A tinta serve de proteção. Da mesma forma, para não sermos corroídos pela ferrugem da inveja, devemos pintar todo o nosso ser, o nosso sentir, pensar e agir, com as tintas do amor. O amor não é invejoso (1 Coríntios 1.4). O amor nos protege de sentimentos de tristeza, do complexo de inferioridade, da falta de gratidão e de tudo o que estraga a vida e os relacionamentos. Se a inveja consome o invejoso, o amor protege o amoroso.

Em Atos 7.9 afirma que "os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito". O texto é claro em demonstrar que um problema de família aconteceu tão somente por causa da inveja. Os "patriarcas" desejaram algo que pertencia como promessa divina ao irmão mais novo. A inveja é sempre assim:  começa com um desejo errado e acaba terminando em tragédia. Veja, por exemplo, a história de Abel e Caim. Abel foi morto por seu próprio irmão movido pela inveja. Em muitos casos, é claro, o homicídio não ocorre no plano físico. Nem sempre sangue é derramado. Mas a inveja acaba causando uma terrível tragédia no coração. "Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã, e disse a Jacó: Dá-me filhos, se não morro" (Gênesis 30.1). Raquel estava angustiada, desesperada, morrendo por dentro, pois a inveja roubava toda a sua alegria, todo o seu ânimo, toda a sua vida íntima. De fato, "a inveja é podridão", uma podridão para os ossos, mas também para o espírito, uma podridão que mata a alma do ser humano.
 
Ah, mas quem se reconhece como invejoso? Quem tem reconhecido que anda pecando nessa área? A inveja é um sentimento muito sutil.  Tal como a ferrugem, vai corroendo aos poucos. Só mais tarde é que se percebe o buraco e o vazio da alma. Contudo, podemos tomar algumas precauções. Podemos nos revestir do amor.  O amor que nos faz olhar menos para os nossos interesses egoístas e mesquinhos, e a olhar mais para as necessidades, dores e também para a alegria e sucesso dos outros.
A propósito, já foi dito que qualquer "um pode simpatizar com os sofrimentos de um amigo, mas é preciso que de fato se tenha muito boa índole para se simpatizar com o sucesso de um amigo". De acordo com a Palavra de Deus devemos chorar com os que choram e nos alegrar com os que se alegram. De fato chorar com o sofrimento de alguém não é algo tão difícil, mas se alegrar com a vitória, com a conquista e a alegria de uma pessoa, só mesmo revestido do amor. O amor vence a inveja.

O amor é vencedor, porquanto sabe celebrar, está sempre pronto para festejar e se alegrar com o que tem, como também incentivar, encorajar e se simpatizar com a conquista do outro. É óbvio que o amor não é conformista nem fatalista, contudo, sabe reconhecer as bênçãos recebidas, sabe desfrutar de tudo o que o Senhor dá, sem se sentir inferiorizado perante o sucesso do próximo. Mas, a inveja, cega. A inveja deixa o sentimento errado de que sempre está faltando algo. A inveja é insaciável, nunca preenche. Está sempre querendo e exigindo mais. Está sempre querendo e exigindo o que pertence ao outro. A inveja é a sanguessuga da alma. Trata-se de"um dos sentimentos que pode causar as maiores dores no ser humano".*  Porém, o amor é a riqueza, a luz, a sabedoria, a música, a poesia, o perfume e o refrigério da vida. Enquanto a inveja nunca se realiza, o amor satisfaz plena, poderosa e graciosamente. Viva o amor. Abaixo a inveja.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 
* MELLO, Márcia Homem de. Inveja: que sentimento será esse?. s.d. Em:  <https://www.homemdemello.com.br/psicologia/inveja.html>. Acessado em: 2 de abril de 2012.
 

Amar Faz Bem

     

Vez ou outra temos tido conhecimento de alguns casos de pessoas que se matam ou dizem matar por amor. São atitudes dramáticas de desespero, dor, decepção e fracasso. Mas o que a palavra de Deus tem a nos ensinar? O apóstolo Paulo afirmou que o amor é benigno (1 Coríntios 13.4). Benignidade é a bondade em ação. Trata-se de um "procedimento benévolo", de um procedimento que efetua o bem. Logo, o amor nunca faz mal. O amor nunca prejudica. O amor não destrói, não deprime nem mata. O amor opera o bem tanto para quem ama, quanto para quem é o alvo do amor. 

 
Na Cruz Jesus foi humilhado e ferido. Mas, como ele agiu? Ele amaldiçoou os seus opositores? Ele praguejou, murmurou ou reclamou? Não! Pelo contrário, Jesus em todo o tempo demonstrou amor. Mesmo com o desprezo dos homens Jesus orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23.34). O amor é benigno. O que prejudica é o ódio, a amargura, o egoísmo e o orgulho. O amor mesmo quando rejeitado, desprezado ou ignorado é gracioso e misericordioso. Esse foi o exemplo de Jesus. E é com Ele que devemos aprender o verdadeiro amor. Com Jesus aprendemos que amar faz bem. 
 
Em um artigo foi afirmado que "o amor é um dos combustíveis para a saúde do cérebro". (1) Em outro afirmou-se que quando "amamos, nosso coração agradece... até o nosso sistema imunológico fica muito mais forte". (2) Em outros termos, quando vivenciamos o amor adentramos em uma atmosfera de refrigério para os pensamentos e promovemos saúde para o nosso ser como um todo. O amor é estimulante, encorajador e produtivo. No Diário Catarinense saiu uma matéria onde se considerou que o "amor pautou grandes sucessos da música em todo o mundo". (3) Todavia, o amor não apenas originou grandes sucessos musicais, mas também poesias, livros, peças teatrais, pinturas em tela e filmes cinematográficos. Amar faz bem.
 
De acordo com o ensinamento da Palavra de Deus o "amor não faz mal ao próximo" (Romanos 13.10). Ensina também que o amor "é o vínculo da perfeição" (Colossenses 3.14). Assegura que no "amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor" (1 João 4.18) e que aquele "que ama a seu irmão está na luz" (1 João 2.10). Com essas passagens podemos perceber de modo claro que o amor não sufoca, não machuca e não mata. O "amor não faz mal", o amor "é o vinculo da perfeição", o amor "lança fora o temor", enfim, o amor nos concede "luz". Assim, o amor é benigno. Não há nada nele de maligno. Não há nada no amor de prejudicial. Amar só faz bem.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 
(1) PAGENOTTO, Maria Lígia. Amor faz bem para a saúde do cérebro. 2009. Em: <https://www.be2.com.br/blog/amor-faz-bem-para-a-saude-do-cerebro/> Acessado em: 22 de março de 2012.
(2) AMAR FAZ BEM À SAÚDE. 2008. < https://www.recantodasletras.com.br/artigos/1256905> Acessado em: 22 de março de 2012.
(3) ALMEIDA, Gabriela de. Músicos aos pés das musas. Diário Catarinense, Santa Catarina, quarta-feira, 13 de março de 2012, Variedades, p. 4-5.
 

O Amor Tudo Sofre

Em minha época de adolescência era comum meninas colecionarem figurinhas "Amar é...". Geralmente essas figurinhas tinham o desenho estampado de um casal sem roupas e apresentavam pensamentos sobre o amor. Pela internet ainda é possível encontrar alguns exemplos. Lembro aqui pelo menos de três com os seguintes pensamentos sobre o amor:
 
Amar é... um sonho que se torna realidade.
 
Amar é... um Paraíso!
 
Amar é... ter a química certa.
 
É muito comum nos dias de hoje, configurarem o amor num formato romanceado, com muitas cores, flores e perfumes. Pensa-se no amor com todo o seu encanto, com toda a sua beleza e magia. Contudo, o amor não pode ser resumido em apenas um sonho ou um Paraíso ou ainda a química certa, pois o amor tudo sofre (1 Coríntios 13.7), o amor também atravessa por águas agitadas ou em túneis escuros. Com isso, está sendo dito que o caminho do amor nem sempre é fácil ou tranquilo, todavia continua sendo amor.
 
No pensamento de Paulo, enquanto ele trocava figurinhas sobre o amor com os cristãos de Corinto, não existia nenhuma ideia masoquista. Em hipótese alguma o amor tem prazer na dor ou no sofrimento. Mas, para o apóstolo, o amor tem a capacidade de "aguentar" a pressão das dificuldades, tem força para "suportar" o peso da crise e poder para "tolerar" até mesmo a dor de uma decepção. Em outros termos, o amor não é frouxo nem covarde diante das adversidades e dilemas da vida.
 
Na obra redentora, vemos Jesus suportando toda humilhação, vergonha e sofrimento do Calvário. Se Ele quisesse se ver livre de toda aquela situação, bastaria que clamasse ao Pai e uma legião de anjos viria socorrê-Lo. Mas, o amor O manteve na Cruz. De outro modo, não haveria esperança para a humanidade. É com o exemplo do amor de Cristo que melhor o ser humano pode compreender o significado do amor que tudo sofre: o amor que não desiste, não abandona nem desampara.
 
Para os dias de hoje, com muitas mensagens de autoajuda, cura, libertação, prosperidade e milagres, faz-se necessário lembrar que na vida nem tudo é fácil ou confortável. Nem sempre as coisas acontecem como queremos, sonhamos ou desejamos. Precisamos estar preparados também para os dias difíceis. O apóstolo Paulo registrou: "Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele" (Filipenses 1.29). O interessante que o próprio Senhor Jesus disse a respeito de Paulo: "E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome" (Atos 9.16).
 
O amor verdadeiro tudo sofre. O amor verdadeiro está disposto a pagar um alto preço. O amor sonha, mas também é realista. O amor é um Paraíso, mas também sabe passar por tempestades. O amor tem a química certa, mas, quando não há essa química, ele não explode. Paulo amou muito a Jesus Cristo e o Seu santo evangelho. Contudo, sua jornada não foi nada fácil. O apóstolo foi perseguido, sofreu açoites, prisões, injúrias e, segundo a tradição cristã, foi até mesmo decapitado. Apesar de tudo, não esfriou, não desvaneceu, não fracassou no amor. Paulo amou até o fim. É esse tipo de amor que precisamos conhecer e viver. Muito mais do que flores, presentes, poesia ou música, o amor autêntico é aquele que consegue atravessar os vendavais da vida com força, determinação e graça.
 
Pr. Adriano Xavier Machado

Deus nos Prepara

Caminhar pode parecer um exercício fácil, mas quando levamos em conta o tempo dispensado para o aprendizado, vemos que não é algo tão simples assim. Se praticamente vários animais na natureza já conseguem se levantar e dar os primeiros passos logo após o nascimento, com o ser humano é necessário alguns meses. Contudo, não basta apenas isso, é preciso estímulo, treinamento, persistência, ou seja, preparação.

 

Ainda que, muitas vezes não percebamos, quase tudo na vida exige preparação. Comer com colher e garfo, sentar junto à mesa na hora do almoço ou do jantar, amarrar o cadarço do sapato ou do tênis, ler e escrever, enfim, muitos dos nossos hábitos e costumes dependem de preparação. E podemos ter certeza que não é diferente quando se trata do Reino de Deus.

O Senhor está constantemente trabalhando nas nossas vidas. Ele usa cada situação para moldar e transformar o nosso caráter. Ele conhece perfeitamente as nossas carências, fragilidades e limitações. Ele sabe que precisamos de tratamento em diversas áreas de nossas vidas. Podemos pensar que estamos prontos para tudo, mas ninguém pode confundir ao Senhor. Assim, como um verdadeiro Mestre Ele permite situações em nossas vidas para nos capacitar, ensinar e nos preparar para o louvor de Sua glória.

 

José, quando ainda um adolescente, teve grandes sonhos da parte do Senhor. Mas, o que ele não imaginava é que teria um longo caminho de preparação para percorrer. Antes de ser o governador do Egito ele teve muito o que aprender. Não é diferente conosco hoje. Antes de vermos todos os planos de Deus concretizados em nossas vidas, precisamos ser devidamente capacitados. De outro modo, diante dos desafios e problemas que se levantam no decorrer do percurso, desistiremos do nosso chamado, fracassaremos em nossa vocação.

Em uma maratona muitos atletas podem estar inscritos, mas apenas os devidamente preparados conseguirão concluir a prova. Na vida cristã, muitos podem estar participando, no entanto, somente aqueles que são capacitados pelo Senhor poderão um dia dizer como o apóstolo Paulo: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé" (2 Timóteo 4.7). Portanto, não desprezemos o treinamento que o Senhor nos concede com as provações e lutas da vida. Em vez de ficarmos reclamando ou lamuriando, humildemente aceitemos o tratamento do Senhor, bendizendo o Seu nome e confiando na Sua graça e no Seu amor. Afinal, como diz um provérbio oriental, "o diamante não pode ser polido sem fricção, nem o homem aperfeiçoado sem as provações". Deus nos ajude. Deus nos capacite. Deus nos prepare. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

A maldição do edredom do BBB

O assunto que está rendendo na mídia e redes sociais é o suposto estupro no BBB, o que a propósito foi negado pela possível vítima. Acredito que não preciso entrar em muitos detalhes, pois o caso está sendo tratado exaustivamente pela imprensa. Mas quero falar do edredom do BBB. Um edredom que já faz muito tempo tem representado imoralidade, promiscuidade, fornicação e mera carnalidade. Lamentavelmente os organizadores do BBB tem incentivado entre os seus participantes, através de festas internas, bebedeiras, comentários, trajes mínimos e banhos expostos, algo que não tem nada a ver com o amor, com o respeito e a valorização da família. É certo que muitos gostam do programa nesse formato, de outro modo não teria tanta audiência. Através de imagens e brincadeiras apelativas muitos sucumbem à proposta do reality show. Assim acontece porque se deixam envolver com algo que não deveria ser normal ou aceitável pela sociedade. A verdade é que o sexo é algo muito lindo e edificante para ser explorado pelo edredom do BBB. Sim, aquele edredom não expressa a amizade, a cumplicidade e a alegria do amor conjugal. Serve muito mais para satisfazer aos caprichos da mídia que deseja a todo custo audiência. O triste em tudo isso é que muitos jovens, rapazes e moças de todos os níveis sociais, acabam acreditando que o amor se resume a um edredom. Mas o que o BBB não ensina é que debaixo de um simples edredom pode abrigar o sentimento de culpa, o vazio e a frustração de um relacionamento sem compromisso e até mesmo a vergonha e a humilhação de uma rejeição social ou familiar.

Ah, se o BBB recomendasse um outro tipo de edredom. Um edredom em que o casal só poderia ficar debaixo dele em consequência de um verdadeiro compromisso, respeito e amor. A nossa sociedade não precisa de edredom com motivos duvidosos e vergonhosos. Ela já tem sofrido muitas desilusões, abandonos, traições, mágoas e decepções. Por todos os lados vemos homens e mulheres machucados, casamentos quebrados, mulheres sendo tratadas como se fossem objetos de uso e descarte, filhos sem a presença da figura paterna, por que então tentar dar brilho a um edredom tão esdrúxulo como o do BBB? Há um edredom melhor, um edredom que não opera maldição, um edredom que não recebe tanta atenção dos meios de comunicação e programas de televisão, mas que continua demonstrando poder, força e superação: o edredom do amor. Sim, ele pode parecer algo careta e ultrapassado, mas somente debaixo dele há o calor aconchegante da verdade e do respeito, do prazer que não gera arrependimento nem sentimento de culpa, da alegria que não traz ofensa nem desamparo. Debaixo do edredom do amor não há egoísmo, mesquinhez, irresponsabilidade nem algo que satisfaz apenas num momento de êxtase. Debaixo do edredom do amor não há sombras nem escuridão, não há tristeza nem solidão. No amor tudo é completo e perfeitamente belo. O amor é vida, paz, luz e alegria. A maldição do edredom do BBB? Estou fora! Prefiro a bênção do edredom do amor! E você?


Pr. Adriano Xavier Machado

 

Ser servo, uma graça pouco desejada

 

De fato o objetivo da época é o sucesso, o poder, o topo e o primeiro lugar. Meninas desejam ser capas de revistas, rapazes desejam o pódio mais alto, mulheres desejam caminhar por tapetes vermelhos da fama e homens desejam negócios, não apenas prósperos, mas que estejam em evidência, que possam aparecer na mídia. Temos presenciado uma geração competitiva, quando todo mundo passa a ser um adversário a ser vencido. Por isso há pouco espaço para cooperação, cumplicidade e amizade. Poucos são os que respeitam e admiram as pessoas que estão em posição de comando ou liderança, porque no íntimo da maioria não existe a alegria do sucesso do outro. Muitas vezes até colegas de trabalho se vêem como oponentes. Ainda me lembro de uma mulher que planejou a morte de uma colega de trabalho pois queria tomar o seu lugar dentro do espaço profissional. É claro que dificilmente em uma igreja se chegará a tanto, mas quantas vezes se mata psicologicamente irmãos com palavras, ofensas e comentários maldosos. Quantos já não deixaram algum cargo, algum trabalho ou mesmo a liderança de um ministério porque não suportaram as críticas desnecessárias, o olhar invejoso ou a expressão de antipatia? Claro, não deveriam ter abandonado os seus postos, sabendo que o reconhecimento e a recompensa vem antes de mais nada do Senhor. Mas o fato é que deixaram as suas posições porque não suportaram tantos ciúmes, invejas e competição. Infelizmente isso tem ocorrido com frequência. Para o espírito deste século não há espaço para a verdadeira colaboração, para a ajuda sem interesses, para o estender a mão apenas para ver o outro indo mais longe nas suas conquistas. É o espírito totalmente contrário ao ensinamento de Jesus: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos" (Marcos 9.35).

Diante das palavras de Jesus fica evidente que precisamos mesmo aprender a nos despir da mentalidade dos dias de hoje: a mentalidade competitiva, egoísta, centralizada nos interesses pessoais e amante do exibicionismo. Para sermos primeiros no Reino precisamos aprender a servir, mas, não resmungando, não com má vontade. O apóstolo Paulo recomendou: "Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas" (Filipenses 2.14). O verdadeiro servo é aquele que tem o coração de servo. Jesus disse: "Se alguém quiser". Não é algo que vem de fora, não é algo imposto, não é algo forçado, antes, uma escolha voluntária na graça do evangelho. "Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro". Derradeiro? Parece contraditório, mas não é. O Reino tem outros valores. O Reino tem outras perspectivas. Jesus estava querendo dizer que o nosso eu nunca deve querer ficar à frente dos demais. A prioridade não deve ser o nosso conforto, a nossa felicidade ou mesmo a nossa própria vida. "Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo" (Filipenses 3.7). Por isso em seguida Jesus fala sobre ser "servo de todos". Em outros termos, Ele está ensinando o significado de uma vida liberta do orgulho e da mesquinhez. Quanto mais o ser humano se volta para si, mais vazio e infeliz é. Em alguns momentos estive acompanhando noticiários sobre a vida dos famosos. Sim, pessoas bonitas, com muito dinheiro, fama e sucesso, mas desgraçadas no amor e na vida pessoal. Muitas delas alcançaram o topo da fama, são conhecidas no mundo inteiro, ganharam prêmios internacionais, mas são totalmente solitárias, deprimidas e vazias. É claro que não é pecado ter riqueza ou fama, mas quando a vida é voltada para isso, mais cedo ou mais tarde, a infelicidade, a escuridão e a tristeza inundarão a alma. Portanto, Jesus estava certo quando disse que se "alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos". Ele sabia perfeitamente o que estava dizendo. Ele conhece o autêntico caminho da felicidade e realização na vida. Por isso, Ele "aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo" (Filipenses 2.7). E você e eu? Que caminho estamos seguindo? A verdade é que ser servo nos dias de hoje, trata-se de uma graça pouco desejada. Mas que Deus por sua infinita graça e misericórdia, venha nos capacitar a seguir o exemplo de Jesus. Amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

Liderança Cristã

 

Mais um ano está terminando. As igrejas certamente já estão na expectativa e se preparando para o que se aproxima. E uma das iniciativas, refere-se a nova diretoria e liderança em geral. Algo que merece muito cuidado, atenção e oração, para que de fato a vontade do Senhor seja efetivada e o trabalho do Senhor não seja prejudicado.  Por isso, apresentamos aqui uma proposta para o exercício da liderança segundo o modelo bíblico.


1 _ O líder cristão precisa ser cheio do Espírito Santo. Não basta ser inteligente, criativo, dinâmico ou carismático, o líder cristão tem que ter a presença e o poder do Espírito inundando, guiando e governando todo o seu ser. É com o Espírito Santo que o cristão é uma autêntica testemunha de Jesus até aos confins da terra (Atos 1.8).

2 _O líder cristão tem que buscar ser um ganhador de almas. O líder cristão tem que ser uma referência nesse quesito, pois "o que ganha almas é sábio" (Provérbios 11.30). Cada membro de igreja pode ter o seu próprio dom ou talento, mas nada deve anular essa capacidade de ganhar almas para Jesus (Marcos 16.15).

3 _ O líder cristão tem que saber valorizar o ser humano. Vivemos em uma época em que os programas, as tradições e as coisas valem mais do que o próprio ser humano. Mas no Reino os valores são outros. O Senhor se importa acima de tudo com vidas. Por isso Ele "veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lucas 19.10).

4 _ O líder cristão se dedica à vontade de Deus. Muitas vezes há muito da carne e do pensamento do homem. Somente o que busca a vontade de Deus pode de fato agradá-lo. E é fazendo a vontade de Deus que se alcança a promessa (Hebreus 10.36).

5 _ O líder cristão precisa saber ouvir. O líder eficaz não é aquele que apenas sabe falar bem, mas o que também tem a capacidade e a disposição de ouvir. "Sabei isto, meus amados irmãos: Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar" (Tiago 1.19).

6 _ O líder cristão é um servidor. Jesus ensinou que aquele que deseja ser o primeiro deverá ser servo de todos (Marcos 9.35). Ele disse também que "o maior dentre vós há de ser vosso servo" (Mateus 23.11). O Senhor mesmo deu o exemplo. Ele "não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10.45).

7 _ O líder cristão tem a marca da humildade. Nada é tão trágico no Reino quanto o orgulho. O líder humilde é o que vai mais longe. "A soberba do homem o abaterá, mas a honra sustentará o humilde de espírito" (Provérbios 29.23).

8 _ O líder cristão tem compromisso com a oração. O empenho e o trabalho são importantíssimos, mas nada substitui a oração. "Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo"(Marcos 13.33). "Orai sem cessar (1 Tessalonicenses 5.17).

9 _ O verdadeiro líder cristão sabe ser submisso. Quem não aprendeu a obedecer nunca terá condições de liderar. "Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil (Hebreus 13:17).

10 _ O líder cristão é um exemplo na fé. "Porque por ela os antigos alcançaram testemunho" (Hebreus 11.2).

11 _ O líder cristão trabalha com excelência. "Maldito o que faz com negligência o trabalho do Senhor!" (Jeremias 48.10 _ NVI).

12 _ O líder cristão está sempre aprendendo. Ele aprende de Jesus (Mateus 11.29), das Escrituras (Salmos 1.1-3), da graça (Efésios 2.8,9) e do amor (1 coríntios 13.13).

Que Deus capacite a liderança cristã a viver o que a Palavra de Deus nos ensina.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Reconhecendo o Amor                                          

 

Desejo pensar, falar e cantar sobre o Amor,
a resposta para todos os medos,
inseguranças e carências do ser humano.
O Amor não é uma opção,
mas uma urgência dos dias de hoje.
O que o mundo está necessitando de fato,
não é de mais tecnologia, conhecimento, riqueza ou ciência,
mas sim do autêntico e supremo Amor.
Quem não conhece o Amor, ainda não aprendeu a viver.
Sem o Amor a vida é vazia e insignificante. 
Sem o Amor não há verdadeira luz nem sabedoria.
Sem o Amor não há paz nem alegria.
É o Amor que cura as feridas do coração.
É o Amor que ilumina a alma de quem se encontra em trevas.
É o Amor que fortalece o cansado e desanimado.
O Amor adoça o tempo e os dias que avançam.
O Amor revigora o ânimo e traz esperança.
O Amor dá sentido e propósito à vida. 
Se existe algo maior do que a fé, a reposta só pode ser o Amor.
É verdade que com a fé podemos mover montanhas.
Com a fé se operam sinais e maravilhas.
Mas somente o Amor é capaz de transformar a vida das pessoas.
Somente o Amor é capaz de libertar os oprimidos.
Somente o Amor pode dar real consolo e refúgio.
Não são os discursos, berros ou palavras de sabedoria que mudarão o mundo.
O verdadeiro poder de revolução está no Amor,
o Amor que se doa, que busca e salva o perdido pecador.
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3.16).
"E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele" (1 João 4.16).


Pr. Adriano Xavier Machado

 

Uma Simples Oração

Hoje ao completar mais um ano de vida faço uma simples oração:

Junto a Ti Senhor,
Desfrutando do Teu amor,
Quero com minha alma adorar
E para sempre me alegrar.
Tu és tudo para mim.                            
Nada sou sem Ti.
Sou totalmente dependente.
Oh, venha me conduzir,
Para que eu possa reluzir.
Em um mundo em trevas
Que eu possa ser a Tua luz,
Proclamando o nome de Jesus.
Ajuda-me a andar em Tua presença,
Sem medo ou qualquer ofensa.
Quero ser santo.
Quero ser inteiramente Teu.
"Tu és o meu Senhor;
"Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti"
Salmos 16:2"Tu és o meu Senhor;
não tenho bem além de Ti".
Por isso humildemente confesso:
tu és a minha porção e o meu cálice; és tu que garantes o meu futuro
Salmos 16:5
Preciso de Ti Senhor.
"Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti"
Salmos 16:2Preciso de Ti Senhor!
Preciso do Teu calor.
Dá-me um coração cheio de fervor,
E viverei para o Teu louvor!
Sim, Senhor, venha agora me conceder
Toda a glória do Teu poder.
Confiando em Ti prossigo,
Tendo um coração agradecido,
Tendo Jesus como o meu Senhor e Salvador,
Mas também como o meu melhor amigo.
Hoje e sempre, amém.
 
Pr. Adriano Xavier Machado

 

Cuidado Com O Orgulho

 

Acredito que em nossa experiência todos nós já tropeçamos em alguma coisa. Penso que todos os que sabem andar e correr sabem também o que é cair no chão. Não me lembro quando estava aprendendo a caminhar, era muito criança. Mas, lembro-me quando comecei a pedalar em uma bicicleta. Foram muitos os tombos. Foram muitas as quedas. Hoje, já adulto, com certa experiência, não sei mais o que é cair de bicicleta. É claro que não estou absolutamente livre disso. Qualquer descuido e posso ver o chão bem de perto. Quem caminha, corre ou pedala, nunca estará totalmente livre de uma queda. Assim, é na nossa vida espiritual. Caminhamos com Deus por meio da fé e reconhecemos que Ele é quem nos sustenta. Mas, às vezes, podemos tropeçar em uma pedrinha nada inocente, nada inofensiva, isto é, o orgulho.
 
Lembro-me de um retiro espiritual em Florianópolis, SC, onde tive a oportunidade de conversar com um pastor já idoso. Na época eu estava dando início ao meu ministério como pastor e missionário. Estava sedento para ouvir os mais experientes. Queria aprender algo que fosse realmente muito importante para a obra de Deus. O pastor com o seu rosto marcado pelo tempo falava sem parar. E eu apenas ouvia. De repente a sua expressão se modificou. Ele havia se lembrado de algo que merecia a minha atenção. Ele olhou bem sério, aproximou-se de mim e disse: "cuidado com o orgulho". Hoje esse pastor já se encontra na glória. Mas, não me esqueço de sua recomendação. As suas palavras ainda permanecem vivas no meu coração: "cuidado com o orgulho".
 
O orgulho é um conceito "muito elevado que alguém faz de si mesmo" (Michaelis). É uma ideia inadequada e exagerada de sua importância, capacidade, força, inteligência, beleza ou destreza. O orgulho nunca se curva, nunca se quebranta e nunca se submete. Está sempre querendo ficar um degrau acima e ser o centro das atenções, o que traz muita insatisfação, decepção e frustração. No entanto, o mundo não é palco para uma pessoa só. Aliás, no mundo Jesus é o ator principal e nós somos Seus coadjuvantes. Tudo é e deve ser para a glória d'Ele. "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Romanos 11.36). Mas, quando alguém perde a visão de Jesus, o orgulho entra em cena, o que é uma tragédia. Portanto, a recomendação é válida: "cuidado com o orgulho". Que Jesus seja de fato o foco, o alvo e a razão de tudo. 
 
O orgulho cega. Faz com que a pessoa tenha um entendimento a respeito de si totalmente fora da realidade. Ela pode se sentir mais forte, mais sábia, mais inteligente, mais bonita, mais capacitada, enfim, sempre mais do que os outros, mas na verdade tal sentimento não passa de uma máscara para esconder todas as suas fragilidades, carências e medos. A pessoa orgulhosa pode até saber falar bem, mas não sabe ouvir. Pode até reconhecer suas virtudes, mas não as dos outros. Pode ter olhos, mas apenas para ver o seu umbigo. A pessoa orgulhosa é fechada no seu próprio mundo, no seu próprio universo. E por isso não sabe ser gentil, atenciosa ou reconhecer os conselhos. Sempre acha que tem as respostas e que está sempre enxergando tudo corretamente. Sim, a pessoa orgulhosa não sabe aprender com a história, com as pessoas mais simples nem respeitar ou considerar os mais experientes. Portanto, "cuidado com o orgulho". Quem deixa de aprender hoje, deixa de ensinar amanhã.
 
O orgulho transforma o coração em pedra. Pode polir certos gestos, palavras e atitudes, dando uma imagem de melhora, mas o coração deixa de ser carne, deixa de ter calor, deixa de ter amor. O orgulho é pura aparência, é pura ilusão. No fundo de cada pessoa que é dominada pelo orgulho há uma tremenda escuridão, um vazio sufocante que amarra e amarga, que impede o crescimento, o avanço e o desenvolvimento psicológico, social e espiritual. Logo, Deus que se importa tanto com a nossa felicidade, deixa-nos em Sua Palavra: "O SENHOR eleva os humildes, e abate os ímpios até à terra" (Salmos 147.6); "porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes" (1 Pedro 5.5). "Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes" (Provérbios 11.2 _ NVI). "Mais uma vez os humildes se alegrarão no Senhor" (Isaías 29.19). Sendo assim, "cuidado com o orgulho".
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

O Discipulado Eficaz

Um importante chamado da Igreja do Senhor Jesus é o ensino. Somos chamados, não apenas para pregar ou evangelizar, mas também para discipular: "ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado", disse Jesus (Mateus 28.20). No entanto, como temos cumprido a nossa missão? Como tem sido o nosso desempenho no discipulado? Augusto Cury diz que as "sociedades modernas se tornaram uma fábrica de estímulos agressivos". Pensando nisso em nossa prática cristã, será que estamos reproduzindo agressividade em vez de amor? Salomão reconheceu que "a doçura dos lábios aumenta o saber" (Provérbios 16.21). A mesma passagem na versão da NVI assim diz: "quem fala com equilíbrio promove a instrução". É interessante a expressão "doçura", porquanto remete a um estilo mais poético. É uma palavra que de certa forma, também apela para o aspecto sensitivo. Todos nós sabemos o que é doce e amargo e sabemos igualmente diferenciar entre o doce e o azedo. O ensino eficaz não é aquele que grita, xinga, ofende ou humilha as pessoas, mas sim o que desperta o sabor agradável do evangelho de Jesus Cristo. Salomão nos ajuda a entender isso: "Palavras suaves são como favos de mel, doçura para a alma e saúde para o corpo" (Provérbios 16.24). Obviamente que não está se pensando aqui em qualquer forma de bajulação. Mas, sim, na postura correta, na motivação sincera e no procedimento amoroso. Com uma herança cultural de força, chefia e imposição, lembremos que algumas décadas atrás se fazia o uso da régua em sala de aula como meio de disciplina, pode parecer estranho pensar em um discipulado tão "suave". Porém, recorremos aqui ao famoso pensamento de Paulo Freire: "Não se pode falar de educação sem amor". Muito menos, falar do evangelho de Jesus sem amor e graça. Afinal, proclamar as verdades da graça de Deus deve ser para o povo de Deus a oportunidade mais cativante, excitante e apaixonante, tudo como resposta ao poderoso e imenso amor de Deus. Portanto, "o que mais importa não é o que aprendemos, e sim, com quem aprendemos". E que tipo de discipulador estamos sendo? Salomão afirma: "A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira" (Provérbios 15.1). Infelizmente há certos pregadores que na verdade não abençoam, não curam nem edificam. Vivem apenas acusando, criticando e julgando. Parecem mais um abacaxi azedo ou um jiló muito, mas muito amargo. Não há em suas palavras a doçura da graça. Não há em seus ensinos a doçura do encorajamento. Não há em suas ações discipuladoras a doçura do amor e misericórdia. Em um mundo tão difícil como o nosso, com tantas crises, lutas, desafios, tristezas, decepções e amarguras, deveríamos recorrer mais a orientação do Senhor: "Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus" (Isaías 40.1). O apóstolo Paulo escrevendo em uma de suas cartas incentivou: "Pelo que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como na verdade o estais fazendo" (1 Tessalonicenses 5.11). Mas, que lástima quando cristãos se reúnem para fofocar e falar mal dos outros, e muitas vezes até mesmo para criticar o pastor e a liderança da igreja local. Quem não sabe viver no seu dia a dia a doçura da graça de Deus, não terá mesmo condições de ser um discipulador com palavras suaves "como favos de mel". Mas, sempre há esperança. Deus sempre nos convida, quando estamos errados, para mudar de direção. Podemos ter um coração novo, limpo e misericordioso pela obra da Cruz. A cura tem que ser efetuada no íntimo de nosso ser, "pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mateus 12.34). Na versão da BLH diz: "Pois a boca fala do que o coração está cheio". Portanto, com a graça de Deus, o nosso coração esteja transbordando da vida do Espírito e do amor de Jesus Cristo. Se assim for, o discipulado que promovermos será impactante e poderoso, um autêntico bálsamo e orvalho de refrigério para o coração cansado e sedento, na mesma unção e graça de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor" (Lucas 4.18,19).

 

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Recordar e Viver

 

Lá estão as imagens. Guardadas em um canto qualquer da memória. São de um tempo e tempos que já não existem mais. Estradas, casas, pessoas, conversas, praças, lojas, carros e tantas outras coisas e situações. Momentos que marcaram a vida. Situações que forjaram o nosso caráter. Lugares e contextos que nos fizeram sorrir, amar e sonhar. Ainda me recordo quando assistia desenhos animados como Speed Racer e o seriado Os Batutinhas. Ah, adorava a Escola Bíblica de Férias. Foi em um trabalho como esse que aprendi a história de uma missionária que quando criança queria tanto ter olhos azuis. Fiquei admirado, fascinado e encantado ao aprender que Deus me fez como sou com um grande propósito. O encantamento foi tanto que ao retornar para minha casa confessei: se um dia tiver de servir a Deus, serei missionário. Chegou a época da adolescência e continuei a viver, continuei a me surpreender com as descobertas e possibilidades da vida.  Hum, falar da minha adolescência não é muito fácil, não por causa das "aborrecências" e peraltices, mas na verdade porque foi muito intensa, rica e colorida. Falar de tudo o que conheci, aprendi e vi, dá "pano pra manga". No entanto, as imagens, as figuras e os sons ainda florescem em minha mente como se fosse ontem... "Não esqueça da minha Caloi", "Roda, roda, roda baleiro, atenção, quando o baleiro parar põe a mão. Pegue a bala mais gostosa do planeta...","Rádio Relógio Federal, ZYJ465, onda média, 586 metros, frequência de 580khz ... Você sabia?" etc.

Recordações. Penso que todos nós precisamos delas. Elas nos ajudam a lembrar que temos uma história, uma referência, um norte, um começo ou recomeço diante dos tropeços, falhas ou desilusões. Sim, há lembranças tristes, coisas que nos fizeram chorar ou que nos roubaram o sono. Contudo, podemos decidir pelo melhor. Podemos reviver os melhores momentos, os melhores lugares, as melhores músicas, os melhores contos e as melhores amizades. Não precisamos ficar revivendo decepções, ressuscitando desavenças ou renovando sentimentos amargos e melancólicos. Não devemos recordar para sofrer, mas sim para viver com esperança e fé. A vida é muito maior do que os momentos de lágrimas, do que as épocas escuras e sombrias. A vida é rica e transbordante da graça divina. "Ele cobre o céu de nuvens, que prepara a chuva para a terra, e que faz produzir erva sobre os montes" (Salmos 147.8). "Lançou os fundamentos da terra, para que não vacile em tempo algum" (Salmos 104.5). "Desde a antiguidade fundaste a terra; e os céus são obras das tuas mãos" (Salmos 102.25). "Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas" (Salmos 104.24). Mas, será que estamos conseguindo ver o que Deus tem feito a nosso favor? Temos conseguido enxergar as maravilhas do Senhor? Ou estamos acorrentados ao passado de injustiças, mentiras, indiferenças, perseguições e pecados? De fato recordar é viver. Mas também pode ser uma experiência espinhosa, sufocante e até mesmo doentia. Tudo depende do que pensamos. Tudo depende do que meditamos. O nosso lema deveria ser como a do profeta Jeremias: "Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança” (Lamentações 3:21_BLH).

Amados, todos nós temos momentos difíceis na vida. Nem tudo é como queremos, pensamos ou sonhamos. Mas, o Senhor é suficiente. Ele sempre tem revelado a Sua graça e misericórdia. Ele tem nos ajudado em momentos de dificuldades. Ele tem nos conduzido em momentos de dúvidas, medos ou receios. Basta pararmos um pouco e recordarmos o que Ele tem feito por nós no decorrer de nossa história. Ele tem sido verdadeiramente fiel. Em nenhum momento Ele tem falhado. Portanto, em momentos de ruínas, destroços, lágrimas, decepções e tristezas, deveríamos lembrar o que Jesus disse ao apóstolo Paulo: "A minha graça te basta" (2 Coríntios 12:9). Sim, em momentos de tribulação, deveríamos pensar e meditar naquilo que pode nos encorajar, animar e acreditar na vitória do Senhor em nossas vidas. Entendo, que há mais razões para pensarmos naquilo que possa nos trazer esperança do que o próprio profeta Jeremias. Afinal, em sua época Jesus ainda não tinha vindo ao mundo. Porém, o Verbo já se fez carne e habitou entre nós, cumprindo o plano divino da redenção pela Cruz. Há algo que tem nos faltado? Podemos não ter tudo o que queremos, pensamos ou sonhamos, mas Jesus é tudo em nossas vidas. Será que conseguimos enxergar isso quando tudo parece desmoronar? Quanto a mim, já aprendi como diz certo cântico: "Tantas lutas, tantas dores/Num deserto pareço estar/Mas te entrego os meus temores/Sei que em Ti, Senhor, posso confiar/Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança". Assim, termino com uma passagem bíblica: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (Salmos 30.5).

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Mudanças

 

Já tivemos a oportunidade de mudar de casa algumas vezes. O que nem sempre é fácil. A correria é grande. Temos que desmontar móveis, conseguir o caminhão de transporte, organizar os objetos pessoais em caixas, enfim, tomar todas as medidas necessárias para o momento, o que produz cansaço e, não raro, contratempos. No entanto, por mais difícil que seja uma mudança, com certeza, há também aspectos positivos. Uma mudança possibilita uma reorganização daquilo que estava sendo acumulado no armário, na estante ou em um quartinho. Uma mudança nos ajuda a identificar aquelas coisas que não precisamos mais e estavam sendo guardadas em um canto qualquer apenas ocupando espaço. Uma mudança nos permite encontrar coisas que nem lembrávamos mais. Uma mudança, em certo sentido, pode ser um recomeço. Uma oportunidade de uma nova vizinhança, novos amigos, novos passos e novos caminhos.

Todavia, há um tipo de mudança que faz a diferença na vida como um todo. É a mudança que quebra a rotina e que nos liberta de murmurações, críticas e conversações repetitivas. Infelizmente há pessoas que estão sempre com os mesmos discursos, as mesmas ladainhas, os mesmos monólogos improdutivos, as mesmas misérias e fracassos. Quase nunca compartilham boas notícias. Quase nunca anunciam coisas novas. Sendo assim, deveríamos ter coragem e iniciativa para fazer certas mudanças na nossa vida. Mudanças simples, mas que poderão fazer uma tremenda diferença. Pensando no nível pessoal talvez fosse interessante:

  1. De vez em quando ler livros ou revistas de outras linhas editoriais, de outros autores e segmentos.

  2. Passear ou visitar lugares diferentes.

  3. Conhecer novas pessoas.

  4. Viajar com o objetivo de conhecer outros povos e culturas.

  5. Praticar alguma atividade física, quer caminhando, pedalando ou nadando.

  6. Fazer um curso.

  7. Parar e olhar a natureza pode ser um excelente momento de reflexão.

Enfim, pequenas mudanças podem promover grandes resultados na nossa jornada. O importante é se libertar de uma rotina viciante. O importante é buscar algo novo. O importante é tentar mudar. Mudar para crescer. Mudar para aprender. Mudar para renovar. Contudo, seja qual for a mudança, nada deve comprometer os nossos valores e princípios. Temos que buscar uma mudança, mas não ignorando nem jogando fora o que de fato é importante e essencial. Porém, é mudando que experimentamos coisas novas. É mudando que vemos novas possibilidades e oportunidades. É mudando que quebramos paradigmas. Que Deus nos ajude a fazer as mudanças necessárias para o louvor de Sua glória.


Pr. Adriano Xavier Machado

 

Vida com Deus "Full Time"

 

Há algumas palavras da língua inglesa que estão se tornando cada vez mais frequentes no nosso dia a dia. Ouvindo de um amigo a expressão full time, logo imaginei que assim tem que ser a nossa vida com Deus. O tempo todo preciso estar sintonizado com Ele. O tempo todo preciso andar em Sua presença. Culturalmente temos aprendido a dividir a nossa vida em várias esferas: vida profissional, sentimental, estudantil, espiritual etc. Decerto, precisamos viver de modo organizado, dando atenção a todos os aspectos de nossa experiência humana. No entanto, quando pensamos em Deus, todo momento devemos ser d'Ele, todo tempo devemos viver para o louvor de Sua glória. A verdadeira vida com Deus é full time.

 

Sabemos que a vida contemporânea é intensa, há muita correria e, consequentemente, muitos atropelos. Às vezes, temos a impressão que o dia de vinte e quatro horas não dá conta. Mas, na verdade, não precisamos de mais horas em nossos dias, e sim, de mais qualidade, de mais excelência na presença de Deus. Quando Deus é de fato Deus em todo tempo, tudo fica harmoniosamente no seu devido lugar. Não foi Jesus quem disse: "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas"? Este é o segredo: Deus o tempo todo. O tempo todo Deus presente. Jesus assegurou: "eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" (João 10:10). Full time with God, isto é, tempo total, completo, integral, pleno e abundante com Deus, pelo poder e graça do nome de Jesus.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Você conhece as "regras do jogo"?

 
Quando pensamos em um jogo de xadrez  sabemos que cada peça tem o seu lugar, o seu valor e o movimento certo. As torres, os cavalos, os bispos, a rainha, o rei e os peões cumprem o seu papel dentro do jogo. Por exemplo, os movimentos das torres são verticais ou horizontais e os dos cavalos em forma de L, assim, cada peça tem o seu dinamismo próprio, a sua característica e a sua função. Quando pensamos na Igreja do Senhor, não é muito diferente. Sim, cada membro do Corpo de Cristo é muito importante, ninguém deve se julgar melhor do que ninguém, mas cada um tem o seu lugar e a sua função. No entanto, será que estamos reconhecendo qual é o nosso lugar no Corpo? Em muitos ministérios eclesiásticos o ambiente não é nada agradável. Há muita confusão, conflitos, mentiras, inimizades, ciúmes, invejas etc. Mas por quê? Se somos a Igreja do Senhor não deveríamos reproduzir o fruto do Espírito em vez da obra da carne? Certamente! Mas por que, então, isso muitas vezes não acontece? Muitas podem ser as razões, mas neste espaço apontamos para o fato de que muitos dos problemas da vida eclesiástica acontecem por falta de entendimento das "regras do jogo".
 
Dizem que "quem fala o que quer ouve o que não quer". Afirmam também que "quem faz o que quer recebe o que não quer". Quem fala ou faz o que quer demonstra ter dificuldade em lidar com as regras instituídas. Mas, aí está, não existe verdadeira liberdade sem responsabilidade, sem compromisso ou respeito para com o próximo. Como dizem: "minha liberdade vai até onde começa a liberdade do outro". Portanto, precisamos sempre nos submeter a algum parâmetro, princípio ou a um pacto social. Na qualidade de filhos de Deus somos livres. Todavia, Paulo nos lembra: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm" (1 Coríntios 6.12). O apóstolo ainda insistiu: "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros" (Gálatas 5.13). E ele ainda regulamentou: "Mas, vede que essa liberdade vossa não venha a ser motivo de tropeço para os fracos" (1 Coríntios 8.9). Logo, precisamos mesmo de algumas regras, de alguns limites e conceitos que possam nortear os nossos passos, as nossas escolhas, as nossas palavras e ações diante da comunidade dos santos. Afinal, ser bênção no mundo e na vida dos irmãos é o nosso propósito.
 
Em todo trabalho de equipe há regras que precisam ser conhecidas e respeitadas. É verdade que as regras limitam o espaço e a ação de cada um, mas é com as regras que se evitam as faltas, as invasões de privacidade e as injustiças. Sabemos que Deus tem operado em nossas vidas como Igreja de Cristo de forma maravilhosa. Somos novas criaturas em Jesus. Contudo, se não soubermos viver e conviver segundo as '"regras do jogo" deixaremos de cumprir  o propósito que o Senhor tem estabelecido para nós. Fique claro que não estamos falando das regras do jogo político nem administrativo, e sim do que cabe a cada membro fazer e viver dentro do contexto da família cristã. Cada membro do Corpo precisa saber e se pôr no seu devido lugar, agindo, assim, dentro de um espaço segundo as "regras" do evangelho. E quais "regras" são essas? Sem dúvida, um texto bíblico que nos ajuda a responder tal questionamento é 1 Coríntios 13.4-8: "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba".
 
O amor é sofredor porque o amor chora com os que choram. O amor não é invejoso porquanto se alegra com os que se alegram. Com o amor não existe essa história de competição ou disputas. No amor todos são importantes. No amor há espaço para todos. O amor não se vangloria nem se ensoberbece pois é sempre simples e humilde. O amor não se esconde em uma caverna, afinal ele tem que dar a sua luz a todos, mas também não busca o palco ou os holofotes, e sim o serviço segundo as pegadas do Mestre. Quem busca ser o primeiro deve ser servo de todos. O amor não se porta inconvenientemente porque é decente, nunca promovendo confusão, desordem ou insubordinação. O amor não busca os seus próprios interesses porque está sempre disposto a doar, a compartilhar e a se entregar para a Glória do Senhor. O "amor" egoísta pode ser tudo, menos amor. O amor não se irrita porque é misericordioso e paciente. Por isso, o amor tudo espera e tudo suporta. Não foi assim o exemplo de Jesus na Cruz? Ele suportou os cravos, o ódio, a maldade e todo o pecado, tão somente porque nos amou. O amor não suspeita mal, porquanto tudo crê. Claro, o amor não é bobo nem infantil, mas está sempre acreditando, está sempre confiando e nunca desistindo. Não se regozija com a injustiça porque é santo, reto e justo. Precisamos mais? Ah, se essas regras fossem valorizadas e praticadas por nós como Igreja do Senhor! Sim, somos salvos, mas precisamos conhecer e colocar em prática as "regras do jogo". Que Deus nos abençoe e nos guarde no Seu amor, para que consigamos cumprir as maravilhosas e doces "regras" do evangelho de Jesus, Senhor e Salvador.
 
Pr. Adriano Xavier Machado
 

O Ato de Crer e o Ato de Pensar

"Crer é também pensar", resumiu John Stott. Contudo, muitos ainda não compreenderam que os dois devem se unir com o mesmo objetivo da glória do Senhor. Muitos procuram viver a fé cristã, negligenciando a orientação bíblica, as doutrinas do evangelho e os fundamentos teológicos. O importante é sentir algo ou ver o sobrenatural. Por conseguinte, temos testemunhado verdadeiras tolices e bizarrices religiosas, resultado das atitudes infantis e imaturas de crentes sem qualquer sabedoria ou discernimento espiritual. Por outro lado, há aqueles que estudam e pesquisam temas bíblicos, dominam a linguagem teológica, filosófica ou sociológica, mas negam o poder, negam a dimensão espiritual. "Crer é também pensar", insistiu o escritor britânico. Não é apenas crer. Não é apenas pensar. Os que creem e não pensam, vivem dando cabeçada, vivem se precipitando, vivem tomando decisões erradas. Mas, os que pensam e não creem, vivem secos, amargurados e vazios. Nada satisfaz. Nada preenche. E por isso ficam desesperadamente inventando programas, métodos e estratégias que não levam a nada, que não fazem diferença alguma em se tratando do Reino de Deus. Nas últimas décadas temos presenciado cada invenção de "moda" eclesiástica que só leva o cristianismo ao ridículo e até mesmo ao descrédito. É claro que a Igreja permanece, mas por pura graça e misericórdia do Senhor. Se dependesse de nós, a Igreja estaria falida há muito tempo com tanto ativismo carnal. Apesar de tudo, Deus tem manifestado continuamente o Seu amor para a salvação de pecadores. Assim, as portas do inferno não prevalecem contra a Igreja do Senhor. Todavia, isso não significa que temos o direito de abusar da graça. "Crer é também pensar", escreveu o pensador anglicano. No entanto, para pensarmos adequada e corretamente, precisamos primeiro crer. A fé é um dom de Deus, não dos livros, dos tratados ou das enciclopédias. Sim, precisamos ouvir a Palavra, porquanto a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a Palavra de Deus, mas a fé não é fruto do nosso raciocínio ou da nossa inteligência, e sim da graça divina. Se invertermos as coisas, acabaremos acreditando naquilo que não se deve. Pois a Palavra de Deus já não será mais suficiente para a nossa prática cristã. Não é por menos que alguns estudiosos "cristãos", que se afastaram da Palavra e não dependem mais do Espírito Santo, negam ou já negaram o nascimento virginal de Cristo, a ressurreição ou a vinda gloriosa de Jesus para arrebatar a Sua Igreja como eventos literais. Parece que para alguns "pensantes" tudo o que é sobrenatural e além das faculdades mentais, trata-se apenas de alegoria. Aí está, pensamento sem fé, pensamento sem humildade para se submeter a Deus, pensamento que nega o poder e a verdade da Palavra de Deus, não passa de aparência intelectual e falsa piedade, pois o "temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução"(Provérbios 1:7). Se queremos de fato viver e praticar o autêntico evangelho de Cristo, precisamos crer. Mas, se queremos uma fé sem desvios, heresias ou hipocrisias, precisamos pensar, avaliar e discernir segundo a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16), precisamos aceitar a renovação do nosso entendimento para que venhamos a experimentar "qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2). Sim, crer é também pensar, mas pensar segundo Cristo, e não segundo a mente carnal do homem natural. Nada deve justificar a preguiça intelectual. Deus nos deu a mente para dela fazermos uso. Por mais bonito que possa parecer, a fé não é um salto no escuro, mas, antes, um mergulho na Luz do Senhor. Que Deus nos ajude a crer e a pensar segundo Jesus Cristo, a Luz do mundo.
 

Mentalidade de Vencedor

 

No último Mundial de Esportes Aquáticos de Xangai (2011), Cesar Cielo faturou duas medalhas de ouro, uma nos 50 m borboleta e outra nos 50 m livre. Para quem passou recentemente pelo desgaste psicológico de um julgamento por doping, foi uma grande superação. Após a segunda vitória, ele desabafou: "A gente tem uma mentalidade no Brasil de aceitar as coisas um pouquinho, de abaixar a cabeça". O que por sinal, não fez o nadador brasileiro. Antes em meio às crises por qual passou, levantou a cabeça com dignidade, empenho e coragem, dando o máximo de si para alcançar o título mundial. Assim, teve o privilégio de subir por duas vezes o lugar mais alto do pódio.

Amados, todos nós temos momentos difíceis na vida. A propósito, a vida em si já é um grande desafio. Temos os estudos, o trabalho, a família, o ministério, os relacionamentos interpessoais etc. Mas não precisamos ter uma mentalidade de aceitação do fracasso nem precisamos nos curvar ou abaixar a cabeça perante os dilemas e dificuldades que se nos apresentam. Eu e você temos o Senhor que é soberano, sábio e gracioso. Portanto, "quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou"(Romanos 8:35-37). Apesar das lutas do dia a dia, tenhamos uma mentalidade de vencedor em Cristo Jesus. O nosso lugar está garantido na glória dos céus. Ainda estamos para receber o nosso galardão, quando estivermos face a face com o nosso Senhor e Salvador.

Pr. Adriano Xavier Machado

 Teologia da Prosperidade ou a Prosperidade do Evangelho?

Escrevo este artigo na graça e no amor de Jesus. Meu objetivo não é atacar igrejas ou pessoas. Mas, apenas trazer um alerta para a Igreja do Senhor, a qual é chamada para ser santa e sem mácula alguma. Assim sendo, fundamentando-me na Palavra de Deus, faço um desafio: tenhamos cuidado com a teologia da prosperidade, "porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui" (Lucas 12:15). Reconheço que este assunto tem recebido atenção de muitos articulistas, contudo, nunca é demais prestar um reforço, tendo em vista que há um forte bombardeio midiático contrário ao simples evangelho de Jesus. Certamente, Deus abençoa o Seu povo, suprindo todas as necessidades. Por isso o salmista testemunhou: "Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão" (Salmos 37:25). No entanto, não podemos pensar que Deus deseja satisfazer os nossos caprichos e interesses mesquinhos. Jesus morreu no Calvário para nos salvar e nos purificar de todo pecado, e, não, para aumentar a nossa conta bancária ou para nos fazer andar de Ferrari. Jesus alerta: "Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?" (Mateus 16:26). Na parábola do rico e Lázaro temos um exemplo perfeito. O rico ganhou o mundo, mas perdeu a alma. Lázaro perdeu os prazeres materiais, mas ganhou as delícias do Céu. O próprio Senhor Jesus nos deixou o exemplo, "que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos" (II Coríntios 8:9). Enriquecidos como? Em que sentido somos ricos em Cristo? "Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?" (Tiago 2:5). A pobreza material de Jesus como homem foi tão real que Ele confessou: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Lucas 9:58). Todavia, a riqueza espiritual de Jesus foi reconhecida pelo Pai: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mateus 3:17). Ele não nasceu em berço de ouro nem morou em palácios, mas o Seu exemplo moral, ético, social e espiritual é uma referência para todos os homens e mulheres de todas as épocas e culturas. Em hipótese alguma pretendo dizer que é pecado ser rico. O problema é o amor ao dinheiro, "raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (I Timóteo 6:10). O problema é a pregação que ensina que todos precisam ser ricos no sentido material. É verdade que com a bênção de Deus, Abraão enriqueceu. Mas, é igualmente verdade que com a bênção de Deus, Moisés empobreceu. "Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que ter por algum tempo o gozo do pecado, tendo por maiores riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa" (Hebreus 11:24-26). Portanto, Deus abençoa a cada um como Ele quer, segundo a sua vontade e graça. Logo, "tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes" (I Timóteo 6:8), vivendo o evangelho da Cruz, o glorioso e poderoso evangelho de Jesus. Teologia da prosperidade? Não! Prefiro a prosperidade do evangelho entre todos os povos e nações, alcançando e transformando a vida de pecadores para a vida eterna com Deus. O evangelho que ensina que Deus "nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo" (Efésios 1:3).
 
Pr. Adriano Xavier Machado

Uma hipérbole que não há Graça

Uma figura de linguagem interessante é a hipérbole. Basicamente consiste no exagero de uma expressão. Acontece, por exemplo, quando uma pessoa diz, ao necessitar de alimento, que está morrendo de fome. Quando a pessoa está cansada de repetir um conselho ou uma explicação, diz que já falou a mesma coisa mil vezes. Seja qual for o caso, quando se faz uso desse recurso, o que está sendo dito não pode ser levado ao "pé da letra", ou seja, de modo literal. O uso dessa figura de linguagem é para dramatizar, e não para expor algo concreto, realista. Por isso, o seu uso requer cuidados. Em alguns contextos o seu uso é inapropriado. Imagine, por exemplo, um adolescente dizendo que está morrendo de fome em uma festa de aniversário. Talvez alguém lhe diga que vá então a um restaurante "matar" a sua fome, porque festa de aniversário não é lugar para isso. Assim é na nossa vida espiritual. Um contexto que não cabe exageros.

A vida cristã consiste de equilíbrio e harmonia. O Espírito Santo ilumina o nosso entendimento para percebermos as coisas e as circunstâncias da vida conforme elas são, sem qualquer excesso. Reconhecemos os problemas e as dificuldades do dia a dia, no entanto sabemos em quem temos crido. Sabemos que Deus nos sustenta e nos ajuda, que nos dá força e sabedoria, que ilumina e nos conduz em graça e em verdade. Já a vida sem a liderança de Cristo é quase toda ela de exageros: uma nuvem se transforma em tempestade e uma brisa em vendaval. A vida sem a mentalidade de Cristo é disforme e quixotesca, tudo parece se transformar em monstros e dragões. Sim, não negamos os desafios ou as crises que se apresentam pelo caminho, mas, sabemos que não adianta reclamar, murmurar nem o agir precipitado, pois tudo está no controle de Deus. Pela fé reconhecemos que não há problema algum que seja maior do que o Deus vivo e eterno. Logo, qualquer atitude de incredulidade ou ansiedade é uma hipérbole que não há graça. Pois "a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Filipenses 4:7).

Pr. Adriano Xavier Machado

A Igreja, os Costumes e os Desafios Culturais

Em geral temos visto muita dificuldade dos cristãos lidarem com os elementos culturais, transformando-os muitas vezes em práticas da doutrina cristã. Decerto, percebendo ou não, toda instituição humana reproduz uma cultura. Não há como imaginarmos um grupo de pessoas sem os seus valores, hábitos, costumes e conceitos, frutos de expressões culturais. Por exemplo, por que nos assentamos em uma cadeira e não em um tapete no chão no estilo oriental? Sabemos que o quadro da última ceia de Leonardo da Vinci não representa a realidade da época de Jesus, tendo em vista que o pintor põe o Mestre assentado, juntamente com os seus discípulos, à mesa segundo o modelo ocidental. Assim, ele fez, porquanto interpretou a cena bíblica segundo as referências culturais de sua vivência e experiência. Da mesma forma como muitos de nós, no início da vida cristã, pensávamos no "fundo de uma agulha", ao qual Jesus fez referência quando falou sobre a dificuldade de algum rico entrar no reino dos céus, como sendo algum instrumento de costura. Apenas conhecendo o contexto histórico e cultural da época é que entenderemos o verdadeiro pensamento do Mestre ao fazer tal consideração. Com isso, queremos dizer que muito de nossa interpretação e visão do mundo dependem das influências culturais que recebemos. Em uma certa região da Índia os pais se reúnem para uma "cerimônia" nada comum entre os povos. De uma torre de 15 metros de altura lançam os seus bebês para serem amparados por uma rede ou cama elástica improvisada. O objetivo não é machucar as crianças. Parece que os pais acreditam que dará vida longa e saúde aos seus filhos. E o que dizer quando os chineses comem carne de cachorro? Não podemos nos esquecer que os hindus é que ficam aterrorizados conosco quando comemos carne de vaca.

Quando nos reportamos às Escrituras, percebemos que a Igreja Primitiva também teve que lidar com os aspectos culturais. Interessante que o apóstolo Paulo escrevendo uma de suas cartas, deixa uma orientação para as mulheres não cortarem o cabelo e fazerem o uso do véu no templo. Acreditamos que tais conselhos são representações dos valores da época e do contexto cultural. Por conseguinte, o que pode ser errado hoje em termos culturais, pode ser certo amanhã ou mesmo o contrário. A doutrina, isto é, a Palavra de Deus não muda, mas os elementos culturais estão sempre sofrendo modificações. O mundo de hoje não é o mesmo de ontem. Assim, como a igreja cristã contemporânea não é a mesma igreja cristã do passado. Temos o mesmo Senhor e Salvador, o mesmo evangelho da Cruz e o mesmo Espírito Santo que nos consola, mas os costumes e os valores eclesiásticos são diferentes. No passado, uma jovem foi excluída de sua igreja local, uma igreja de nossa denominação, por ter sido encontrada pedalando uma bicicleta. Será que alguma igreja batista teria coragem de fazer isso nos dias de hoje? Em uma antiga revista de nossa denominação foi publicado um artigo de um pastor conhecido, no entanto, hoje já na glória, criticando o cinema e dizendo que como crentes em Jesus não deveríamos frequentar tal tipo de ambiente. Será que algum pregador de nossa denominação teria coragem de dizer hoje que cinema é pecado? Bem, com os exemplos já citados, fica claro que os costumes mudam, pois a cultura muda, inclusive, os costumes e a dinâmica eclesiástica. Ou será que alguém ainda imagina que a igreja de hoje é a mesma de todos os tempos no sentido cultural?

 Obviamente que nem toda expressão cultural é legítima. Entre os esquimós era comum receber um visitante compartilhando a esposa. Reconhecemos que isso nunca será agradável a Deus em nenhuma época nem mesmo em qualquer contexto cultural, tendo em vista que o sexo é para a intimidade do casal. Mas, precisamos deixar claro que, nem tudo o que é diferente significa que seja pecado. Será, por exemplo, errado um pastor usar um "laptop" no púlpito? Preferimos a Bíblia impressa. Não somos muito achegados a tanta modernidade, mas dizer que é pecado, aí já seria uma atitude um tanto legalista. Nem Jesus em suas campanhas evangelísticas ou missionárias carregava Bíblia. Ou será que carregava? A Palavra de Deus estava em Seu coração, em Sua vida e prática ministerial, não em Suas mãos ou debaixo de Seus braços. Mas, vem uma pergunta que não quer calar: como podemos nos ajustar à verdade de Cristo, considerando que algumas coisas dependem mais do momento e do contexto social e cultural? A Palavra de Deus nos oferece algumas dicas. Apresentamos aqui algumas delas sem destacar a ordem de importância. Todas são imprescindíveis:

1. É motivo de louvor? A Bíblia diz que "antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão" (Romanos 14:13).  Somos livres em Jesus, mas "vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos" (I Coríntios 8:9). Logo, "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (I Coríntios 10:32).

2. Glorifica o nome do Senhor? "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (I Coríntios 10:31). "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens" (Colossenses 3:23).

3. Traz algum acréscimo para o Reino? "Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos" (I Coríntios 14:33). "E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir" (Marcos 3:24).

4. Revela o amor de Cristo? "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha" (I Coríntios 13:4-8).

5. Valoriza o templo do Espírito? "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" (I Coríntios 6:19).

6. Promove Edificação? "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (I Coríntios 10:23).

7. Fortalece a comunhão? "Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus" (Efésios 5:21). "Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros" (Gálatas 5:26). "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros" (Romanos 12:10).

8. É justo? "E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre" (Isaías 32:17).

9. Está em harmonia com os ensinos das Escrituras? "Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça" (II Timóteo 3:16). "A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices" (Salmos 19:7).

10. Favorece a grande comissão? "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém." (Mateus 28:19,20).


Esperamos com este artigo ter contribuído para o fortalecimento do Reino. E se porventura estiver persistindo ainda alguma dúvida diante de qualquer circunstância social ou cultural, lembremo-nos de que "aquele que tem dúvidas" deve evitar o que for, pois "tudo o que não é de fé é pecado" (Romanos 14:23).


Pr. Adriano Xavier Machado

O Culto à Personalidade

 

Todos gostam, em certo sentido, percebendo isso ou não, de reconhecer algum herói. Isso se repete não apenas com a criança, mas também com o adulto. Obviamente que o tipo de herói da criança é muito diferente quando comparado com o do adulto. O dela tem capa, máscara e poderes sobrenaturais. O dele é de carne, osso e sangue. O dela se encontra nas revistas em quadrinhos, nos desenhos animados e filmes cinematográficos. O dele é bem visível, palpável e demonstra alguma superação, conquista ou habilidade incomum entre os mortais. Sem medo de errar, podemos dizer que isso é um fenômeno sociológico. Em qualquer cultura, povo ou nação há heróis retratados, reconhecidos e admirados. Os heróis da mitologia grega, por exemplo, oferecem-nos uma indicação disso.

Todavia, no cristianismo também encontramos muitos heróis. Quem nunca ouviu falar dos heróis da fé? Em Hebreus 11 encontramos uma lista desses heróis que se tornaram exemplos para nós. Atente, porém, que heróis estão sempre surgindo, estão sempre aparecendo. Temos os famosos heróis missionários tais como Guilherme Carey, David Livingstone e Hudson Taylor. Em resumo, estamos sempre reconhecendo heróis que nos servem de referência, que de algum modo nos motivam e nos inspiram. Sinceramente não vejo problema algum termos como espelho pessoas que se destacam e apresentam algum brilho. Afinal, quem nunca ficou encantado com a história e o exemplo de um homem ou uma mulher que, demonstrou superação, coragem e uma lição de vida?  Paulo mesmo chegou a fazer o seguinte convite: "Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós" (Filipenses 3:17). Todavia, tenho visto um grande problema ainda persistindo nos dias de hoje, o que expressa uma atitude doentia e perversa, isto é, o culto à personalidade.

O culto à personalidade é uma forma de propaganda para a exaltação de um dirigente, líder, autoridade ou celebridade. É efetivado através de uma estratégia de marketing que objetiva a manipulação psicológica de um grupo de pessoas ou mesmo de um povo. Estratégia essa que foi usada por Josef Stalin na antiga União Soviética, Hitler na Alemanha e Mao Tsé-Tung na China. Enquanto o herói é reconhecido por seus atos de bravura, inteligência e serviço, no culto à personalidade o ídolo é produzido com cartazes, filmes, panfletagens, fotografias, discursos e artigos sensacionalistas. O culto à personalidade tem o intuito de "vender" uma imagem. Sua ação é abusiva e exploratória. Enquanto no herói percebemos facilmente a sua humanidade, no ídolo construído pela propaganda temos uma imensa dificuldade, pois parece deus, um mito que nunca pode errar. O ídolo pode falar a maior bobagem, ser um verdadeiro corrupto e até cometer atrocidades, mas ele continua tendo a admiração do povo que está sendo seduzido pelo culto à personalidade. É triste dizer, mas isso não acontece apenas no espaço político, mas também no religioso. Portanto, a Igreja contemporânea deve ficar atenta, não permitindo ser influenciada nem enganada por esse tipo de recurso que não glorifica o nome do Senhor.

Certamente devemos reconhecer os nossos heróis, homens e mulheres que se doam, que se consagram pelo bem do próximo e que acima de tudo procuram viver e demonstrar o amor de Jesus Cristo. Mas devemos também ter cuidado para não sermos presas dos marqueteiros da fé, os que promovem um tipo de culto para benefício próprio. Jesus disse que "pelos seus frutos os conhecereis". Dentre as muitas abordagens possíveis, podemos destacar que os marqueteiros religiosos querem aparecer, mas os verdadeiros heróis do Reino compreendem que é "necessário que ele cresça", que o nosso Senhor esteja em evidência (João 3:30). Os marqueteiros vivem para si mesmos, buscando o enriquecimento, fama e poder, mas os heróis da fé vivem para o Senhor: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gálatas 2:20). Os marqueteiros desejam conforto e facilidade, amam o palco e as luzes dos grandes eventos, mas os homens e mulheres de Deus que merecem o nosso respeito assumem como modelo o exemplo do Mestre: "Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Marcos 10:45). Os marqueteiros apontam para as suas obras e realizações, porém os heróis do evangelho apontam para Jesus: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" (João 14:6).

Pr. Adriano Xavier Machado

Eufemismo Espiritual

Para atenuar uma certa verdade, situação ou circunstância, usa-se uma figura de linguagem conhecida como eufemismo. Por exemplo, em vez de dizer que uma certa pessoa morreu, diz que ela partiu ou que descansou ou que foi recebida na glória. Certamente esse recurso é muito válido para não sermos tão diretos ou ainda grosseiros, insensíveis ou impertinentes. No entanto, há um certo eufemismo que deverá ser rejeitado, isto é, quando se diz respeito aos nossos pecados. Por incrível que pareça o ser humano em geral tende a amenizar suas próprias transgressões. Parece que somente as outras pessoas cometem algo sério e gravíssimo. Quando alguns mentem, foi apenas uma mentirinha. Porém, se outros mentem são mentirosos. Assim, suavizamos os nossos erros e acentuamos os erros dos outros. Por isso vemos tantas pessoas comprando e não pagando, tomando coisas emprestadas e não devolvendo, prometendo e não cumprindo, adquirindo produtos piratas e achando que somente os políticos são corruptos, pois julgam que não fizeram ou não fazem nada de mais. Amados, pecado é pecado, é transgressão contra o Senhor Deus. Portanto, não há como sermos gentis, cavalheiros ou educados com o pecado. Não adianta querermos embrulhar o pecado com palavras suaves e agradáveis. "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13). Logo o pecado tem que ser confrontado e reconhecido. O pecado tem que ser exposto e confessado. O pecado tem que ser rejeitado e abandonado. Estou sendo muito radical? Cuidado com o eufemismo espiritual! De fato não conheço algo que seja mais radical do que o cristianismo. "Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará" (Marcos 8:35). Por conseguinte, se você que está lendo este artigo tem o costume de achar que nunca faz nada de mais e sempre tem um modo de querer explicar os pecados cometidos com palavras suaves, tentando se justificar, deixo o desafio de clamar pela ajuda do Eterno para que o Espírito Santo venha sondar o coração e revelar tudo o que não é do Seu agrado. E ao identificar o pecado, confesse-o, deixando-o aos pés da Cruz, em nome de Jesus, amém.

Pr. Adriano Xavier Machado

 

Materialismo e Espiritualidade

 Um jornalista perguntou a uma certa mulher o que a deixava feliz. Ela respondeu: "Comprar roupa. Comprar muita roupa e sapato". Pode parecer exagero, mas estou cada vez mais convencido de que o materialismo é de fato o deus deste século. O deus que gera disputas, cega o entendimento e acorrenta a alma de muitos. Em geral as pessoas não se contentam mais com o necessário nem se satisfazem com o essencial. Estão sempre querendo mais e mais e não conseguem apreciar a beleza e a simplicidade da vida. Tal como vítimas da areia movediça, assim muitos estão sendo engolidos pelo materialismo, pelo amor ao dinheiro e pelas riquezas deste mundo. Praticamente muitos não apreciam mais a orientação bíblica: "Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes" (I Timóteo 6:8). Nada é tão ignorado nos púlpitos ultimamente quanto o ensino de Jesus: "Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?" (Mateus 6:25). Por isso temos visto uma geração doente por enriquecimento. Uma sociedade que vende a alma pelo brilho da prata e do ouro. Igrejas que repetem sempre o mesmo discurso de prosperidade e não há espaço nem interesse para a Cruz nem para a volta de Jesus. Há pessoas tão materialistas que só falam de casa, roupa, carro, joias, perfumes e comprar e comprar e comprar. Compram e nunca ficam satisfeitas. Compram e nunca têm tempo para as coisas de Deus. Compram e não investem na vida espiritual. Obviamente não sou adepto da "teologia" da mendicância. Não há problema algum ser rico, ter um excelente salário ou uma atraente conta bancária . "O dinheiro é como o camaleão", afirmou Loren Cunningham, "assume a cor do coração de quem o possui". Mas viver uma correria desenfreada para "ter" a custa do "ser" não dá mesmo. Trabalhar para viver é uma coisa, porém viver para trabalhar é algemar a própria existência. Fazer compras é necessário, todavia fazer das compras a principal motivação psicológica é pura loucura. Deixar de atender ao chamado divino por causa do conforto ou segurança material é simplesmente tolice. Não é por menos que o jovem rico retirou-se triste diante do desafio radical de Jesus. Pois como disse Schopenhauer a "riqueza é como água salgada: quanto mais se bebe, mais sede se tem". E a Bíblia diz: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (I Timóteo 6:10). Veja que certas pessoas não saem dos shoppings, mas dificilmente comparecem aos cultos da igreja. Há outras que negam o dízimo, mas adoram gastar dinheiro nas lojas e comércios. Há aquelas que entendem tudo de carros, perfumes e grifes e não entendem nada de Bíblia. Penso que precisamos aprender a nos confrontar com o ensinamento de Jesus: "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Lucas 16:13). Sejamos honestos: a quem estamos servindo? O que tem enchido os nossos olhos? O que ocupa os nossos pensamentos? Onde se encontra o desejo do nosso coração? "Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração" (Lucas 12:34). Portanto, que o Senhor seja tudo em nossas vidas. Que o Senhor seja o nosso verdadeiro tesouro.

 
Pr. Adriano Xavier Machado

 

Lembranças e Esperanças

 

Agora é apenas mais uma estrada. Uma estrada que nos faz reviver tempos, histórias e lembranças. Sim, ainda há o seu encanto. Podemos ouvir o canto dos pássaros e apreciar os extensos campos verdejantes. Mas praticamente todos os homens e mulheres da roça se foram. Pais e filhos agricultores se mudaram para as cidades, buscando novas oportunidades, sonhando com outras possibilidades. A sensação é estranha, diferente e até um tanto perturbadora. Quanto a mim, parece que ainda posso ver as vacas sendo ordenhadas, a terra sendo arada, os galos e galinhas ciscando o chão... hum, cheirinho de comida, de café e bolo do interior, mas tudo passou. Ficaram apenas as recordações de um tempo que se findou. As casas estão abandonadas. Portas e janelas quebradas. Não há sorrisos, cantos nem o chorinho da viola. Quando criança era ali que eu gostava de passar as minhas férias. Titia no final do dia reunia os filhos e sobrinhos e lia a Bíblia e pedia para que cantássemos um hino. Naquele tempo, naquela região e naquela casa não tinha luz elétrica. O companheiro da noite era mesmo o lampião e as sombras nas paredes da casa. E como mágica, tudo aquilo me fascinava, tudo aquilo me encantava. Contudo, não adianta mais querer buscar algo que já passou. Agora a vida é outra. Há novos desafios e perspectivas. Porém, essas coisas me fazem meditar e lembrar: tudo passa, tudo acaba, tudo tem o seu fim, mas o que faz a vontade do Senhor permanece para sempre. Aleluia, pois estou, você está, estamos todos de passagem. Este mundo não é o nosso lugar. A nossa cidade está no Céu, onde "há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito: vou preparar-vos lugar. E se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também" (João 14:2,3). A promessa de Jesus é a nossa esperança.

Pr. Adriano Xavier Machado

Aprendendo com a Família

 
A família é a escola da vida. É a verdadeira escola básica para a formação de um homem e de uma mulher, a despeito da idade ou condição sócio-econômica. Com ela aprendemos muitos valores essenciais para uma vida feliz, honrosa e digna. As melhores virtudes de um povo têm origem no lar. E por isso, a família é reconhecida como a célula mater da sociedade, a base de todas as coisas. O que aprendemos no lar, muito se reflete na igreja ou em qualquer outra instituição social. Vejamos o que aprendemos com a família.

1. Com a família aprendemos a virtude da comunhão. Apesar das diferenças de personalidade e temperamento entre os membros da família é possível a harmonia e paz uns com os outros. E para prevalecer essa comunhão não há necessidade de seus membros serem iguais ou terem os mesmos gostos. Basta a convivência em comum acordo em Jesus Cristo e em Seu evangelho redentor. E Deus deseja que todos aprendam essa lição, pois "se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado." (I João 1:7).

2. Com a família aprendemos o valor da paciência. Uma virtude quase em falta nos dias de hoje. Em qualquer trânsito movimentado dos centros urbanos constatamos facilmente a impaciência predominante: xinga-se por qualquer motivo, ofende-se gratuitamente e fica-se de bico por qualquer coisa. Não é algo parecido com as nossas igrejas? Por que será? Não é pelo fato da ausência de paciência? Há um provérbio chinês que diz: "Um momento de paciência pode evitar um grande desastre; um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida". Então, consideremos mais o desafio da Palavra de Deus: "corroborados com toda a fortaleza, segundo o poder da sua glória, para toda a perseverança e longanimidade com gozo" (Colossenses 1:11).

3. Com a família aprendemos a importância da perseverança. Virtude esta que está muito relacionada com a paciência. No entanto, ela merece enfoque, por passar uma ideia abrangente de "determinação persistente", constância e firmeza nos objetivos. Na nossa língua portuguesa, falar de paciência, e não da perseverança, não dá o sentido completo que merece a nossa consideração. Precisamos aprender a esperar, mas não sentados, de braços cruzados ou passivamente, e sim com trabalho, dedicação, labuta e empenho. Com isso queremos dizer que, precisamos aprender a lutar para preservar o casamento e a unidade familiar. A Bíblia também destaca a graça da perseverança: "Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa" (Hebreus 10:36).

4. Com a família aprendemos o cultivo do amor. Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos já está esfriando. Os abusos não acontecem apenas nas ruas, mas também nos lares. A violência não se encontra apenas nos becos das favelas, encontra-se nas próprias casas de família. O que evidencia que está faltando amor no lar. E podemos ter certeza de que a falência da família é o desmoronamento de qualquer sociedade. Portanto, a família precisa ser resgatada pelo poder do evangelho de Jesus Cristo. Pois é com ela que cada indivíduo aprende amar. Se não há amor no lar, não há amor em qualquer outro lugar. "De modo que o amor é o cumprimento da lei" (Romanos 13:10). Pois "ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria" (I Coríntios 13:2,3).

É na família que aprendemos o que a educação escolar não pode nos oferecer. É na família que nos preparamos para a vida e o convívio em sociedade. Valorizemos a família. Lutemos por ela. E como diz uma personagem de desenho animado, "família quer dizer nunca mais abandonar ou esquecer". Então, estejamos empenhados para fazê-la o melhor lugar do mundo para a glória do Senhor.

Pr. Adriano Xavier Machado
 

A Religião, o Estado e as Polêmicas Atuais

Religião e Estado. Cada um no seu lado e no seu canto tratando de seus próprios interesses e negócios. Assim, temos nos esforçado para tratar do tema. Então, a Religião considera os assuntos espirituais e o Estado focaliza os assuntos terrenos. Historicamente os batistas são conhecidos pela defesa da separação da Igreja do Estado. No entanto, a ênfase atual vem do outro lado. Pelo menos no contexto ocidental o Estado não quer mais a interferência da Religião. Quando se está diante de assuntos polêmicos, tais como o aborto e o homossexualismo, o discurso político é considerar tais questões sem a ótica da religiosidade, considerando o primeiro apenas como um problema de saúde pública e o segundo como uma expressão social legítima. Enquanto alguns países reconhecem uma religião oficial, o que se chama de Estado Confessional, outros são laicos, ou seja, procuram manter uma neutralidade, respeitando todos os segmentos religiosos. O Brasil, nesse quesito é um Estado laico desde o decreto Nº 119-A de 7 de janeiro 1890. Mas, apesar de sua laicidade, podemos perceber que em sua política, administração e legislação ainda há muita influência do cristianismo. Em muitos dos discursos encontramos referências bíblicas, em repartições públicas constatamos símbolos religiosos e na própria Constituição detecta-se o fermento do evangelho levedando a "massa". Veja por exemplo a questão do casamento. Por que o Brasil não reconhece a poligamia? Não será por uma influência, ainda que subjetiva e indireta da fé cristã?

Num dia desses um programa jornalístico esteve apresentando uma matéria sobre o Butão, uma nação que tem o budismo como a religião oficial e cujo pai do atual rei é casado com quatro irmãs. Se o Butão fosse um país cristão, será que isso seria aceitável? Em Estados Confessionais tais como o Vaticano (catolicismo), Dinamarca (protestantismo) e o Reino Unido (anglicanismo) a poligamia é um ultraje. Querendo ou não, o Estado expressa muito dos conceitos religiosos de um povo e de uma cultura. Assim é no Estado de Israel com a influência judaica, no Sudão com o islamismo, nos Estados Unidos da América com o protestantismo e em qualquer outro país com sua herança religiosa. É assim e basicamente não tem como ser diferente, pois, caso contrário, o Estado seria como que um monstro, sem qualquer aproximação ou identificação com o povo. Em muitos dos antigos países socialistas e comunistas vimos um esforço do Estado para tirar Deus de toda ação política. A Albânia chegou a declarar em um artigo de sua Constituição: "O Estado não confessa nenhuma religião, apoia e realiza propaganda ateística a fim de implantar nas pessoas uma visão de mundo cientificamente materialista". Essa declaração resume bem quando um Estado deseja tirar Deus de sua trajetória. Mas, apesar de tudo a História foi testemunha do fracasso dessas ideologias políticas. O desmantelamento e a fragmentação da antiga União Soviética retratam bem isso. Portanto, quero chamar a atenção de que não adianta o Estado, ainda que seja laico, tentar negar ou extinguir muitos dos ideais religiosos de um povo. Uma coisa é elaborar algo no papel e outra é mudar a mentalidade e os costumes do povo.

Considerando mais uma vez o Butão, a política do Estado é a felicidade do povo. Por quê? Porquanto o budismo busca a felicidade do indivíduo e é a expressão máxima da religiosidade daquela nação. Logo, o Butão tem em suas ações políticas muito da religiosidade do povo e assim consegue manter a ordem interna, apesar de ser um reino sem muitos recursos tecnológicos e financeiros dos países desenvolvidos. E podemos ter certeza que, em certa medida, quer seja para mais ou para menos, é assim com todas as nações do mundo. Em qualquer país há algum vestígio da herança cultural-religiosa em sua política. Mas, para delimitarmos a matéria, imaginemos se o Estado que conhecemos no Ocidente, não tivesse recebido qualquer influência religiosa, no nosso caso específico a influência cristã. Como seria a situação da mulher nos dias de hoje? Que tipo de casamento seria aceitável em nossa cultura? Será que teríamos alguma noção de direitos humanos tal como o conhecemos hoje? Será que de fato teríamos o conceito de liberdade e fraternidade entre os povos? Qual seria a posição da criança na sociedade? Enfim, que políticas sociais conheceríamos hoje? Uma menina indiana com apenas 12 anos de idade casou com um cachorro para ser protegida de espíritos maus. Na Arábia Saudita um homem com 50 anos foi autorizado pela justiça a casar com uma menina de apenas nove anos de idade. Se não tivéssemos a nossa herança religiosa, como seria a nossa sociedade? Quais seriam os nossos costumes? Provavelmente nem existiríamos como Nação, pois não existe algum povo sem religiosidade. Os credos, os modelos e as manifestações podem ser diferentes, mas a religiosidade está presente em qualquer cultura.

Decerto, que a Religião em "nome" de Deus cometeu muitas barbáries. No entanto, as aberrações vieram muito mais por causa da prostituição da Religião com o Estado do que quando se manteve separada. Realmente o casamento ilegítimo de Religião e Estado acaba em crise, conflito e muito sangue. Todavia, sem dúvida, uma coisa é certa: assim como a Religião não pode ignorar totalmente o Estado, "dai a César o que é de César", o Estado também não pode ignorar totalmente a Religião, pelo menos em essência, princípios e fundamentos básicos. A distância é permitida apenas até certo ponto, quando a Religião não é omissa nos seus deveres políticos e legais nem o Estado fica sem qualquer moralidade ou ética que expresse os valores e conceitos religiosos de um povo. O discurso pode parecer bonito, científico ou até filosófico, mas não existe essa conversa de Estado totalmente puro, neutro ou imparcial. Um Estado não existe por si só. Um Estado não tem existência própria. O Estado existe por causa do povo, e não o contrário. Então sempre haverá alguma ideologia para regê-lo, seja ela uma expressão estrangeira ou nacional. Contudo, a melhor ideologia é aquela que considera pelo menos a historicidade da formação de um povo, tanto com os seus erros e acertos, desde que haja uma disposição humilde e dedicada em aprender e corrigir as distorções. E de acordo com a nossa história, o Brasil tem alguns princípios básicos de influência religiosa, tais como a defesa da vida e o casamento monogâmico e heterossexual. Desconsiderar esses princípios fundamentais não é somente ficar contra a Religião, mas sim contra a própria base que constitui a formação de nossa Nação. Logo, não existe um discurso tão frágil e barato quanto aquele que procura fazer retaliações de certas políticas nossas, fazendo comparações com as decisões dos países do primeiro mundo. Esse tipo de abordagem é que demonstra uma cosmovisão preconceituosa em relação as nossas origens e valores. Quem disse que temos que nos sujeitar ou imitar as mesmas decisões políticas dos países ricos? Quem disse que esses países estão sempre certos? É por falta de argumento que alguns recorrem a esse tipo de procedimento.

Talvez algum "especialista" diga que a distorção é não legalizar o aborto nem reconhecer a união homossexual. Lewis Henry Morgan acreditava que a "família é o elemento ativo; nunca permanece estacionária, mas, sim, passa de uma forma inferior a uma forma superior à medida que a sociedade evolui de um grau mais baixo para um mais alto". Contudo, o que significa essa evolução? É esse novo quadro que está querendo se configurar nos dias de hoje? Não será isso antes um retrocesso? Câncer também evolui, mas nem por isso podemos considerar um progresso para a saúde. Com o que está sendo proposto hoje para o Estado e a sociedade, na verdade não vejo nada de evolução, mas apenas a tentativa de um "salto" que procura passar por cima de todos os nossos valores históricos e culturais. Se a cultura não pode dar um salto como dizem os antropólogos, por que então o Estado deveria aceitar um pulo tão distante da nossa realidade cultural e histórica? Estamos preparados para isso? Quais as consequências dessas decisões no futuro de nosso País? Hitler em sua época parecia ter um discurso perfeito para o desenvolvimento da Alemanha. Ele ignorou todos os alicerces básicos de sua Nação em termos culturais, históricos e religiosos e deu um "salto" com toda a sua força. É, até que ele foi longe, mas não tão longe para permanecer em pé. Portanto, Brasil, vamos aprender com a História. Vamos reconhecer os nossos verdadeiros alicerces, isto é, a vida, a família e Deus. Podemos ser um Estado laico. Não precisamos ter uma religião oficial nem precisamos ver o Estado subsidiando qualquer movimento religioso. Porém, governar o País sob os princípios de um Estado ateísta e cientificamente materialista, digo isso porque no fundo quando uma ideologia procura tirar Deus de suas ações políticas esse é o caminho mais próximo, é tentar ignorar tudo aquilo que já temos e somos. Podemos até dar um grande "pulo" hoje, mas será que mais adiante conseguiremos permanecer em pé? Por fim, destaco que para um Estado ser laico, não significa ignorar todas as procedências religiosas. Por isso o Cristo Redentor ainda permanece no alto do Corcovado, a frase "DEUS SEJA LOUVADO" ainda está impressa nas cédulas de Real e o Natal continua sendo um feriado nacional. Será que precisamos de mais exemplos? Então, apenas para ilustrar, quero terminar lembrando algo bem conhecido, mas que pode nos ajudar a pensar sobre a nossa historicidade como Nação, ainda que em outro contexto. Certa vez um príncipe africano que visitou a Inglaterra, ficou impressionado com tudo o que viu. Então ele perguntou a Rainha Vitória qual era o segredo da grandeza daquela nação. Ela lhe respondeu, dando-lhe um exemplar das Escrituras Sagradas com a seguinte mensagem: “Este é o segredo da grandeza da Inglaterra!” Se alguém acha que essa história não tem nada a ver conosco, então veja o que a Bíblia diz: "Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR" (Salmos 33:12).

Pr. Adriano Xavier Machado

 

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